Para o ex-secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, Donald Trump tem mérito numa mudança positiva que terá ocorrido na Europa após o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia.O republicano foi o convidado internacional de destaque nesta quinta-feira, 3 de julho, no Fórum de Lisboa, evento liderado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil Gilmar Mendes. Durante a sua intervenção, Pompeo concordou com outro painelista, que afirmou ter visto na Europa uma mudança de rumo positiva com o conflito ucraniano."Não só na segurança, economicamente também", disse Pompeo. "Acho que o presidente Trump merece crédito por isso. O restante do crédito ainda vai para Putin, mas os dois colocaram a Europa para pensar", completou.Também ex-diretor da CIA, Mike Pompeo afirmou que não vê "qualquer evidência de que Vladimir Putin tenha intenção de recuar" na invasão do território ucraniano."Francamente, ele tem muito pouco incentivo para recuar neste momento, dado o seu conjunto de valores e a forma como olha para o mundo. O Ocidente terá de continuar, principalmente a Europa, mas os Estados Unidos também, a lhe impor custos, como dissuasão. Os custos têm de ser superiores aos benefícios. E hoje ele pensa que os benefícios são excedentes", analisou o norte-americano, prevendo que "daqui a um ano a situação estará igual"..Falando num painel sobre geopolítica, a China também foi tópico, com Mike Pompeo a colocar nas mãos de Xi Ji-Ping todos os perigos que identifica na conjuntura global atual. Mesmo ao admitir que "falhou" enquanto era secretário de Estado a fazer a Coreia do Norte abrir mão do seu armamento nuclear, disse ter percebido que "o presidente Kim [Jong-Un] não faz nada sem a benção dos chineses".Destacando a notícia de que a Coreia do Norte vai enviar 30 000 soldados para o território russo nos próximos meses, o republicano foi enfático ao dizer que o pais é "uma subsidiária da China em questões económicas e militares" e que "os soldados que vão para a Rússia são na verdade chineses. Não em termos de etnia, mas este é o esforço militar chinês para apoiar Vladimir Putin"..Marques Mendes: a ONU é, neste momento, "irrelevante" no contexto mundial "apesar dos esforços" de Guterres.Nas questões relacionada ao Médio Oriente, Pompeo afirmou que, "ao contrário do conflito na Europa, vejo realmente um conjunto muito positivo de indicadores que sugerem que chegaremos a uma posição melhor do que estávamos antes de 7 de Outubro".A referência é à data do ataque do grupo terrotista Hamas a Israel em 2023, que desencadeou o conflito. O norte-americano pintou um cenário atual de "modernização" das monarquias da zona do Golfo Árabe, "não num modelo democrático, afinal são monarquias, mas de algo que caminha para um modelo ocidental de economia e para um modelo mais ocidental de como tratar o seu povo".O republicano destacou os Acordos de Abraão, considerados uma espécie de acordo de paz entre Israel e os Estados Árabes, que tiveram a mão de Donald Trump, no seu primeiro mandato como presidente, para a assinatura. "Estas nações reconheceram finalmente o direito de Israel a existir", disse Pompeo.Em nenhum momento os milhares de palestinianos que morrem diariamente, de fome, sede, doenças, por ataques israelitas na Faixa de Gaza, intensificados desde o 7 de outubro, foram mencionados no palco do evento..Homem morre em Gaza por desnutrição e total de mortos por fome sobe para 67.Gilmar Mendes: "O Chega deve estar contaminado pela luta política do Brasil"