O conselheiro de Segurança Nacional norte-americano foi recebido em Pequim pelo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês.
O conselheiro de Segurança Nacional norte-americano foi recebido em Pequim pelo ministro dos Negócios Estrangeiros chinês.Ng Han Guan / POOL / AFP

Em clima de tensão regional, EUA e China esperam ter conversações produtivas

Um dos objetivos do encontro entre o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano e o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês poderá ser lançar as bases para uma última cimeira entre Joe Biden e Xi Jinping.
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O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, e o líder da diplomacia da China, Wang Yi , garantiram esta terça-feira esperar ter conversações produtivas durante o seu encontro na capital chinesa, o quinto que mantêm no espaço de ano e meio. O presente encontro realiza-se numa altura em que dois aliados de Washington, o Japão e as Filipinas, culpam Pequim pelo aumento das tensões regionais.

Na sua chegada a Pequim, Jake Sullivan afirmou esperar uma ronda de conversações muito produtiva” com Wang. “Iremos aprofundar uma ampla gama de questões, incluindo questões sobre as quais concordamos e aquelas questões onde ainda existem diferenças que precisamos administrar de forma eficaz e substantiva”, acrescentou o conselheiro do presidente norte-americano Joe Biden.

Wang, por seu turno, garantiu a Sullivan estar interessado em conversações “substantivas” e “construtivas” durante a sua visita, a primeira à China de um conselheiro de Segurança Nacional dos EUA desde 2016. O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês referiu ainda desejar que os dois lados “ajudem as relações China-EUA a avançar em direção à visão de São Francisco”, referindo-se a uma estrutura apresentada pelos presidentes Joe Biden e Xi Jinping num encontro que tiveram naquela cidade dos Estados Unidos em novembro.

De acordo com a AP, o objetivo desta visita é limitado, tendo como principal objetivo tentar manter a comunicação numa relação que se deteriorou entre 2022 e 23 e tem vindo a ser recuperada nos últimos meses. Nesse sentido, Jake Sullivan poderá tentar nos encontros que manterá até quinta-feira lançar as bases para uma possível cimeira final entre o presidente chinês Xi Jinping e Joe Biden antes de este abandonar a Casa Branca em janeiro. “Estamos empenhados em fazer os investimentos, fortalecer as nossas alianças e tomar as medidas comuns em matéria de tecnologia e segurança nacional que precisamos de tomar”, disse uma fonte norte-americana à AFP, referindo-se às restrições às transferências de tecnologia dos EUA para a China impostas por Biden. “Estamos empenhados em gerir esta competição de forma responsável e evitar que ela se transforme em conflito”, acrescentou a mesma fonte, acrescentando que os Estados Unidos pressionarão a China pela sua crescente “pressão militar, diplomática e económica” sobre Taiwan.

Este encontro entre Sullivan e Wang ficará também marcado pelas acusações feitas à China pelos dois maiores aliados dos Estados Unidos na Ásia. O Japão, signatário de um tratado de segurança com os EUA, enviou caças na segunda-feira, na sequência da incursão sem precedentes de um avião militar chinês no seu espaço aéreo. Tóquio considerou o incidente como uma “grave violação” da sua soberania. Esta terça-feira, a diplomacia chinesa disse estar a verificar o incidente, garantindo que a China “não tem intenção de invadir o espaço aéreo territorial de qualquer país”.

Por outro lado, as Filipinas, que estão ligadas aos EUA por um tratado de defesa mútua, acusaram Pequim de ser o “maior perturbador” da paz na região, na sequência de uma série de confrontos com navios chineses no Mar do Sul da China. A diplomacia chinesa rejeitou estas acusações, sublinhando que os países da região sabem que a China não é culpada pela instabilidade e pedindo a Manila para “evitar provocações e não continuar com falsas acusações”.

ana.meireles@dn.pt

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