A chefe da missão de observadores da OSCE nas legislativas na Moldova disse este domingo, dia 28 de setembro, que a votação está a decorrer calmamente e com muita afluência, apesar de a campanha de desinformação feita pela Rússia ter sido “muito robusta”.“Estou aqui na entrada de uma escola, num local que tem quatro ou cinco mesas de voto e as coisas estão calmas. Não se veem distúrbios, não se veem exaltações”, afirmou Paula Cardoso em declarações à Lusa. .As eleições-chave que vão decidir se o futuro da Moldova é a UE ou Moscovo. A deputada social-democrata, que é líder da missão de observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) nas eleições da Moldova, adiantou ainda que a afluência às urnas “é muito grande”, sendo visíveis, quatro horas depois da abertura “filas de pessoas para votar”.A Moldova está hoje a votar para eleger um novo parlamento, o que pode fazer com que o país vizinho da Ucrânia se afaste da atual trajetória pró-europeia para se aproximar de Moscovo.As urnas abriram às 07:00 locais (05:00 em Lisboa) e fecharão às 21:00 locais (19:00 em Lisboa) e a votação perspetiva-se tensa, depois de muitas denúncias de interferências russas.“Nós [observadores] notámos, de facto, a questão da desinformação, dos ciberataques, da compra de votos. Foi um ataque bastante robusto, mas que os esforços aqui das autoridades moldavas também têm que ser enaltecidos”, afirmou Paula Cardoso, adiantando que “houve muitos ciberataques a todo o lado, [nomeadamente] aos ministérios, à Comissão Nacional de Eleições (CEC), com utilização dos símbolos da CEC para desinformação”.De acordo com a mesma fonte, a campanha de desinformação registada na preparação para as legislativas foi “maior e de várias ordens” relativamente às presidenciais realizadas no ano passado.Embora garanta que os ciberataques e outras formas de interferência também contaram com maior resiliência das autoridades moldavas – “porque já estavam mais preparadas” -, a chefe da missão da OSCE lembra que ainda será preciso esperar para saber o resultado da campanha de desinformação.“Não sabemos o que é que essa compra de votos de informação, ciberataques, a linguagem nas redes sociais, perfis falsos e uma série de coisas, vai dar”, disse, acrescentando que entre as questões que mais preocuparam a OSCE se contou também o financiamento dos partidos e a compra e a compra de votos.“Foi feita de uma forma sofisticadíssima, não com dinheiro vivo, mas com outras formas”, explicou, adiantando que só será possível tirar conclusões sobre a eficácia dessas iniciativas na segunda-feira.As eleições deste domingo, dia 28 de setembro, foram consideradas pela Presidente como a votação mais importante da História do país, já que vai determinar se o destino do Estado é a União Europeia ou a Rússia.Com 2,4 milhões de habitantes, a Moldova tem enfrentado várias crises desde a invasão russa à vizinha Ucrânia, em 2022, pondo em risco o Governo pró-europeu de Chisinau, que considera a adesão ao bloco europeu como crucial para se libertar da esfera de influência de Moscovo.Sondagens recentes mostraram que o Partido Ação e Solidariedade (PAS), pró-europeu e atualmente no poder, poderá ter dificuldades em manter a maioria e necessitar de uma coligação.Qualquer que seja a coligação, o resultado parece ser sempre o mesmo: complica a possibilidade de a Moldova entrar na União Europeia até 2030, objetivo definido pela Presidente, Maia Sandu, apesar de um referendo realizado em 2024 ter dado vitória a esse caminho.Forças da oposição, como o Bloco Patriótico pró-Rússia e a aliança pró-Europa Alternativa têm tentado conquistar os eleitores, muitos dos quais não escondem a insatisfação com os aumentos dos preços, a lentidão das reformas e a corrupção.“Com a maior seriedade, vos digo: a nossa soberania, independência, integridade territorial e futuro europeu estão em perigo”, avisou a Presidente, Maia Sandu, na semana passada.Segundo a chefe de Estado moldava, a Rússia está a gastar centenas de milhões de euros para influenciar as eleições legislativas, tal como tentou fazer com as presidenciais do ano passado, e uma grande parte desse dinheiro é para recrutar pessoas que causem distúrbios e desestabilizem o dia-a-dia moldavo.Moscovo tem negado quaisquer interferências nos assuntos da Moldova e afirma que Chisinau está a alimentar o sentimento antirrusso para fins políticos.