Albanese, junto ao filho Nathan, celebra a sua vitória nas eleições.
Albanese, junto ao filho Nathan, celebra a sua vitória nas eleições.EPA / LUKAS COCH

Efeito Trump deu a Albanese uma vitória histórica na Austrália

Anthony Albanese é o primeiro chefe de governo a ser reeleito para um segundo mandato consecutivo em 21 anos, enquanto que Peter Dutton, o líder da oposição, perdeu o seu lugar de deputado.
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O primeiro-ministro da Austrália, o trabalhista Anthony Albanese, proclamou a vitória do seu partido nas eleições gerais de sábado, tendo conseguido aumentar a sua maioria parlamentar depois de beneficiar da reação dos eleitores contra as políticas do presidente dos EUA, Donald Trump, como já tinha acontecido na semana passada na reeleição dos liberais no Canadá. Este domingo, com 98,2% dos votos contados, os trabalhistas já tinham conquistado 85 dos 150 lugares no parlamento, mais oito do que tinham atualmente.

“Os australianos escolheram enfrentar os desafios globais à maneira australiana, cuidando uns dos outros e construindo o futuro. Os australianos escolheram um governo maioritariamente trabalhista”, disse Albanese, que se tornou no primeiro líder de governo no país a conseguir um segundo mandato consecutivo em 21 anos.

De acordo com antigos estrategas do derrotado Partido Liberal (de centro-direita), a reeleição do primeiro-ministro deve-se ao facto de este se ter apresentado durante a campanha como alguém em que confiar no meio da turbulência que se vive a nível global, em contraste com o líder da oposição Peter Dutton, que foi comparado a Trump.

Uma comparação que passa pelo facto de a coligação liderada por Dutton - que perdeu o seu lugar no parlamento - ter anunciado políticas semelhantes às da Administração Trump, como uma aposta na “eficiência governamental” e cortes nos serviços públicos, ou quando a ministra sombra Jacinta Nampijinpa defendeu que os liberais queriam “tornar a Austrália grande outra vez”. “Não nos saímos bem o suficiente nesta campanha, isso é óbvio esta noite, e assumo toda a responsabilidade por isso”, afirmou Dutton, líder do Partido Liberal da Austrália, citado pela AFP.

“As pessoas reconheceram que, se se quer estabilidade enquanto a economia global está enlouquecida, um governo trabalhista de maioria é a melhor forma de o conseguir”, afirmou, por seu turno, o secretário do Tesouro, numa entrevista à Australian Broadcasting Corporation. Jim Chalmers acrescentou ainda que um dos principais focos no futuro governo será a incerteza económica global, particularmente o impacto das tensões tarifárias entre os EUA, o principal aliado de segurança da Austrália, e a China, o seu maior parceiro comercial.

Já analistas ouvidos pela Reuters notam que Albanese, depois desta vitória que reforçou a sua posição nas negociações com a Casa Branca, deverá trabalhar mais de perto com os governos de centro-esquerda de Reino Unido e Canadá, bem como com outros aliados democráticos.

Aliás, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer foi dos primeiros líderes a saudar a vitória de Albanese, elogiando os laços entre o Reino Unido e a Austrália, referindo que estes estão “mais estreitos do que nunca”. “Continuaremos a trabalhar em conjunto nas nossas ambições comuns (...) para melhorar a vida dos trabalhadores dos dois países”, escreveu o líder britânico na rede social X.

Também a presidente da Comissão Europeia felicitou Albanese, pedindo um aprofundamento nas relações entre Bruxelas e Camberra. “Parabéns a [Anthony Albanese] e ao seu partido pela vitória nas eleições australianas. Europeus e australianos não são apenas amigos: somos colegas”, disse Ursula von der Leyen.

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