O Governo israelita deu esta quarta-feira (20 de agosto) a aprovação final para a construção de um polémico novo colonato na Cisjordânia, no terreno conhecido como E1, a leste de Jerusalém Oriental. O plano para a construção de 3400 novas habitações foi apresentado na semana passada pelo ministro das Finanças israelita, Bezalel Smotrich, como algo que vai “enterrar a ideia de um Estado palestiniano”.Membro de um partido nacionalista de extrema-direita e ele próprio um colono na Cisjordânia ocupada, Smotrich disse que esta aprovação final é “histórica”. E que representa “um passo significativo que praticamente apaga a ilusão dos dois Estados e consolida o domínio do povo judeu no coração da Terra de Israel”. A proteção da solução de dois Estados, vista pela comunidade internacional como a única que pode pôr fim ao conflito israelo-palestiniano, é uma das razões apontadas por vários países ocidentais (incluindo França, Reino Unido e Portugal) para avançar, na Assembleia Geral da ONU, em setembro, para o reconhecimento do Estado palestiniano. Os colonatos são considerados ilegais à luz da legislação internacional.“O Estado palestiniano está a ser apagado da mesa não com slogans, mas com ações”, congratulou-se esta quarta-feira (20 de agosto) Smotrich. “Cada povoação, cada bairro, cada unidade habitacional é mais um prego no caixão desta ideia perigosa”, acrescentou. Na semana passada, o ministro tinha anunciado os planos para avançar com o projeto congelado há cerca de 20 anos devido à oposição dos EUA (que agora não põe entraves, segundo o embaixador Mike Huckabee). As obras podem começar no espaço de poucos meses.Mas porque é que o E1 é mais perigoso para a solução de dois Estados do que outro colonato? A construção de habitações israelitas neste terreno palestiniano vai, na prática, dividir a Cisjordânia em dois e cortar a última ligação entre as cidades de Belém e Ramallah. Isola além disso a Cisjordânia de Jerusalém Oriental. Pelo contrário, para os israelitas, permitirá unir a cidade que ambos os lados veem como capital do seu Estado (atual ou futuro) ao colonato de Maale Adumim.“O plano E1 faz parte das dezenas de milhares de unidades [de habitação] propostas pelo governo este ano, com o objetivo de impedir uma solução de dois Estados. O plano E1 é um dos mais perigosos para o futuro de ambos os povos e da região como um todo”, reagiu a Peace Now, uma organização israelita que defende a solução de dois Estados e faz a monitorização dos colonatos.“Ao impulsionar implacavelmente este projeto, o Governo israelita está a sabotar qualquer possibilidade de uma solução política e a arrastar israelitas e palestinianos para um ciclo interminável de conflito. O perigoso projeto E1 deve ser imediatamente interrompido para preservar a esperança de um futuro pacífico para ambas as nações”, acrescentou.Desde o início do ano, segundo a Peace Now, quase 25 mil novas habitações tiveram luz verde para avançar. Em maio, o Governo tinha anunciado a autorização de 22 colonatos, na maior expansão em décadas - em causa estava a legalização de colonatos até agora considerados ilegais até pela lei israelita, mas também a construção de novos empreendimentos. Desde que ocupou a Cisjordânia e Jerusalém Oriental na guerra de 1967, Israel já construiu cerca de 160 colonatos onde vivem 700 mil judeus.Também existiam colonatos na Faixa de Gaza, mas há 20 anos o Governo do então primeiro-ministro Ariel Sharon ordenou a retirada total do enclave palestiniano. A evacuação dos 21 colonatos ficou concluída a 22 de agosto, tendo depois sido demolidas 2800 casas e outros edifícios, além de 26 sinagogas. O processo ficou concluído a 12 de setembro. .Por que é que a cidade de Gaza é importante para o Hamas e Israel não a conquistou antes?