Donald Trump é um dos 244 indivíduos nomeados para o Prémio Nobel da Paz de 2025. Há muito que o presidente norte-americano não faz segredo de que a distinção por parte do Comité Norueguês do Nobel é um dos seus maiores objetivos e a sua administração tem trabalhado em prol do cessar-fogo em vários cenários de conflito. As casas de apostas colocam-no entre os possíveis premiados. Porém, especialistas e fontes próximas do Comité descartam essa possibilidade - neste ano. Entre os favoritos conta-se uma iniciativa de jovens ativistas sudaneses, a viúva do opositor russo Alexei Navalny, os Médicos Sem Fronteiras e o Tribunal Internacional de Justiça.Trump gaba-se de ter posto fim a sete conflitos desde que tomou posse em janeiro, realça o seu papel nos Acordos de Abraão para a normalização de relações de vários países com Israel e, como tal, diz que seria “um grande insulto” para os Estados Unidos se não fosse o próprio a discursar em Oslo no dia 10 de dezembro. Em fevereiro exprimiu o seu lamento ante o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu: “Nunca me vão dar um Prémio Nobel da Paz. É uma pena. Eu mereço-o, mas nunca mo vão dar.” .5Por cento de hipóteses de que Trump seja o laureado entre os 338 nomeados, segundo o site especializado em mercado de previsões Polymarket.Tal como o momento de viragem política para o empresário de Nova Iorque foi um discurso de Barack Obama, em 2011, no qual o democrata - alvo de teorias da conspiração de Trump - o elegeu como “saco de pancada” e este decidiu concorrer à presidência, o atual presidente também quer o que o seu antecessor recebeu em 2009. “Se eu me chamasse Obama, teria recebido o Prémio Nobel em 10 segundos”, disse há um ano. .4Candidatos mais favoritos, segundo o Polymarket, do que o presidente dos EUA: as Salas de Resposta a Emergências do Sudão, Yulia Navalnaya, Médicos Sem Fronteiras e o Tribunal Internacional de Justiça, este último ao qual Trump impôs sanções.. A entrega do Nobel daquele ano foi alvo de críticas na altura e nos anos seguintes, tendo o secretário do Nobel mais tarde revelado o arrependimento por aquela decisão precipitada. O democrata estava no poder há poucos meses e havia deixado no ar declarações de intenções na luta pelas alterações climáticas, pelo desarmamento ou pela cooperação internacional. “Se Obama o recebeu por não fazer nada, por que razão ele não deveria recebê-lo?”, questionou John Bolton, o antigo conselheiro para a segurança nacional de Trump, em declarações ao The New York Times.Uma possível resposta é exatamente o exemplo de Obama, que o Comité não desejará repetir. Mas há mais. Vários líderes manifestaram ao longo do ano que iriam recomendar o nome do presidente norte-americano ao Comité Norueguês do Nobel. No entanto, a data limite para a entrega de recomendações terminou no dia 31 de janeiro, poucos dias depois de Trump ter iniciado o mandato. As nomeações são o primeiro de vários passos na seleção dos perfis de indivíduos e organizações e o Comité de cinco elementos, que se faz valer de relatórios de conselheiros, faz uma escolha sem ter em conta campanhas externas. “Discutimo-lo no comité. Alguns candidatos insistem nisso com muita intensidade e não apreciamos isso”, disse um dos membros do Comité, Asle Toje, citado pelo The Telegraph. .21Norte-americanos distinguidos com o Nobel da Paz, entre os quais quatro presidentes, dois vice-presidentes e três secretários de Estado.. Por fim, o currículo de Trump é, no mínimo, controverso, e dificilmente se alinha com os ideais de Alfred Nobel. No campo dos esforços para a paz, só muito recentemente reconheceu o papel agressor da Rússia em relação à Ucrânia; forças dos EUA bombardearam alvos no Irão e embarcações da Venezuela, com mortes de civis. Nos outros pilares advogados por Nobel, Trump não tomou qualquer medida para o desarmamento e, quanto à cooperação internacional, as suas políticas isolacionistas (retirada de organizações, imposição de taxas aduaneiras, fim de programas de cooperação) estão em contravenção com o que se espera de um Nobel da Paz. Ou as suas declarações acerca de outros líderes e outros países, como diz ao Telegraph fonte próxima do Comité, “não refletem os ideais do Prémio Nobel da Paz”. E, por fim, como aponta na Time Nina Graeger, do Instituto para a Pesquisa da Paz de Oslo, em termos domésticos, “as políticas de Trump têm enfatizado a ordem e a segurança, por vezes à custa do diálogo e da inclusão dos governos estaduais”.