São oito homens e duas mulheres, com idades entre os 41 e os 60 anos e profissões que vão desde publicitário a galerista, professor, informático e até uma médium. Em comum têm o facto de se sentarem no banco dos réus num tribunal de Paris, acusados de assédio online à primeira-dama francesa, Brigitte Macron, que nas redes sociais alegaram ser transgénero. Arriscam até dois anos de prisão.“Existem diferentes teorias e versões que mudam regularmente, mas a essência é que sou um homem”, lamentou a mulher do presidente Emmanuel Macron durante a investigação. Uma dessas versões é que Brigitte é na realidade o nome que Jean-Michel Trogneux (o irmão da primeira-dama) adotou após a transição. Alguns dos acusados chegaram a equiparar a diferença de idades entre os dois membros do casal - ela tem 72 anos e ele tem 47 - a “pedofilia”. O processo em França surge depois de o casal ter interposto, em julho, uma ação por difamação nos EUA contra a influencer e podcaster conservadora Candace Owens, por causa das notícias falsas sobre a alegada identidade transgénero de Brigitte. .Macron e a mulher processam influencer norte-americana que disse que Brigitte é um homem.Em França, o caso foi desencadeado com a queixa apresentada pela primeira-dama em agosto de 2024. A investigação, nas mãos da Brigada para a Repressão de Crimes Contra as Pessoas, levou a várias detenções em dezembro desse mesmo ano e já em fevereiro.No banco dos réus senta-se, nomeadamente, o publicitário Aurélien Poirson-Atlan, que nas redes sociais assumia a identidade de “Zoé Sagan”, e a “médium” e “jornalista” Delphine J. (conhecida online como “Amandine Roy”). Esta última foi condenada , em setembro, a pagar vários milhares de euros a Brigitte e ao irmão por difamação (era uma das que espalhava a ideia que eram a mesma pessoa), mas acabou ilibada no recurso em julho. A primeira-dama recorreu dessa decisão. Um dos advogados de defesa, Carlo Brusa, fala em “mensagens que podem ser consideradas assédio” à mulher de Macron, alegando contudo que o seu cliente estava “calmo”. Até porque “faz parte de centenas de milhares, possivelmente milhões de pessoas que partilharam esta história considerada extraordinária, uma história mundialmente conhecida”, indicou, citado pela Reuters.