Trump anuncia "em breve" tarifas sobre chips semicondutores e produtos farmacêuticos
EPA/FRANCIS CHUNG

Trump anuncia "em breve" tarifas sobre chips semicondutores e produtos farmacêuticos

Donald Trump assinou ordem executiva "histórica" com taxas aduaneiras "recíprocas" no "dia da libertação". Em sentido contrário, democratas lamentaram "dia da recessão”.
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Tarifas sobre chips semicondutores e produtos farmacêuticos vão chegar “em breve”, anuncia Trump

A bordo do Air Force One, o presidente dos EUA disse aos jornalistas que as tarifas sobre chips semicondutores e produtos farmacêuticos serão anunciadas “em breve”.

“Cada país está a chamar por nós. Essa é a beleza do que fazemos”, disse. “Se tivéssemos pedido a estes países para nos fazerem um favor, teriam dito que não. Agora farão qualquer coisa por nós”, afirmou Donald Trump, de acordo com o The Guardian.

Trump disse ainda que as tarifas “recíprocas” que anunciou ontem colocaram os EUA “no lugar do condutor”.

Confederação do Comércio e Serviços de Portugal: Tarifas são retrocesso para evolução económica internacional

O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) afirmou hoje que as tarifas anunciadas pelo Presidente dos EUA são "um retrocesso" para a evolução económica internacional.

As tarifas impostas pela administração norte-americana são "um retrocesso em termos da evolução da economia internacional" e que terão impactos negativos a "médio e longo prazo" para a Europa, disse João Vieira Lopes, no final da reunião de Concertação Social de hoje, a última antes das eleições legislativas antecipadas, marcadas para 18 de maio.

Donald Trump anunciou na quarta-feira novas tarifas norte-americanas de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

As tarifas "vão afetar naturalmente alguns setores" em Portugal, dado que "os EUA são o quarto país para onde Portugal exporta mais", sublinhou, indicando ainda que terão impacto noutros países europeus para os quais "Portugal também exporta bastante", como é o caso de Alemanha, França ou Itália.

Questionado pelos jornalistas sobre um eventual risco de recessão mundial, o presidente da CCP admite que "é difícil de prever", mas acredita que "vai haver um crescimento [económico] menor" que afetará não só "a Europa e os países europeus", como "muito provavelmente muitos dos países mais pobres do mundo".

Lusa

"O nosso país vai prosperar", diz Trump, um dia após anunciar novas taxas aduaneiras

O presidente dos EUA foi hoje questionado sobre o impacto das novas tarifas aduaneiras que anunciou na quarta-feira.

"Acho que está a correr muito bem", disse Donald Trump. "Os mercados vão crescer, as ações vão crescer, o país vai crescer e o resto do mundo quer ver se há alguma forma de fecharmos um acordo", afirmou aos jornalistas antes de deixar a Casa Branca a caminho da Florida, segundo a Sky News.

"Eles aproveitaram-se de nós durante muitos, muitos anos. Durante muitos anos estivemos no lado errado e digo-vos uma coisa, acho que vai ser inacreditável", disse Trump, que assegurou: "O nosso país vai prosperar."

Turismo diz que tarifas dos EUA representam política antiglobalização

As tarifas dos Estados Unidos constituem uma política de antiglobalização, afirmou hoje, em Lisboa, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), alertando para os impactos que se vão sentir neste setor.

“Não temos dúvidas de que esta questão das tarifas vai impactar com uma grande inflação e com a consequente subida de preços. [...] Isto é claramente uma política de antiglobalização, que afasta as pessoas. A indústria do turismo é exatamente o contrário – aproxima as pessoas”, defendeu o presidente da CTP, Francisco Calheiros, que falava aos jornalistas no final da reunião de Concertação Social, em Lisboa.

Apesar de ressalvar que a curto prazo o impacto não se deve sentir, Francisco Calheiros teme que o setor do turismo venha a ser impactado a médio prazo, lembrando que o mercado americano, a par do canadiano, é o que mais cresceu.

O presidente da CTP insistiu que o que se está a verificar “não é bom” e apelou, assim, para o “bom senso”.

Lusa

Canadá aplica taxas de 25% sobre carros dos EUA que não estejam em conformidade com acordo de comércio da América do Norte 

"É uma tragédia", disse esta quinta-feira o primeiro-ministro canadiano sobre a decisão dos EUA em aplicar novas taxas aduaneiras a dezenas de países, não tendo acrescentado novas tarifas ao Canadá ou ao México. Mas antes já Donald Trump tinha anunciado a aplicação de taxas de 25% sobre o aço, alumínio e automóveis canadianos.

“As ações do presidente terão repercussões aqui no Canadá e em todo o mundo”, disse o primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, em conferência de imprensa.

Medidas anunciadas por Trump são "injustificadas", disse Carney que anunciou tarifas de 25% "sobre todos os veículos importados dos Estados Unidos que não estejam em conformidade com o CUSMA", referindo-se ao acordo de comércio livre existente na América do Norte.

Trump compara aplicação de tarifas a cirurgia e diz que "doente sobreviveu" e "vai ficar muito mais forte" 

EPA/JIM LO SCALZO / POOL

O presidente dos EUA, Donald Trump, comparou a aplicação de taxas aduaneiras, que anunciou na quarta-feira, a uma cirurgia."A operação acabou. O doente sobreviveu" e está em recuperação, começou por escrever numa mensagem divulgada na sua rede social, a Truth Social.

"O prognóstico é que o doente vai ficar muito mais forte, maior, melhor e mais resiliente do que nunca. Vamos tornar a América grande outra vez!", declarou Donald Trump.

Euro valoriza face ao dólar para valor máximo desde outubro

O euro valorizou-se hoje face ao dólar, ultrapassando o patamar de 1,10 dólares, o valor mais alto desde outubro de 2024, um dia depois de o presidente Donald Trump ter anunciado novas tarifas.

Pelas 18:05 (hora de Lisboa), o euro seguia a 1,1038 dólares, quando na quarta-feira, pela mesma hora, negociava a 1,0851 dólares.

Durante a sessão de hoje, o euro chegou a atingir os 1,1111 dólares.

O euro também subiu relativamente à libra e mas desvalorizou face ao iene.

O Banco Central Europeu (BCE) fixou a taxa de câmbio de referência do euro em 1,1097 dólares.

Lusa

Organização Mundial do Comércio "profundamente preocupada"

A Organização Mundial do Comércio (OMC) está "profundamente preocupada" com a possibilidade de escalada para uma guerra tarifária, após o presidente dos EUA anunciar novas taxas aduaneiras. Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC, disse que medidas comerciais desta magnitude têm o potencial de criar "efeitos significativos de desvio comercial".

A responsável pela OMC, citada pela Sky News, considera que as tarifas podem levar a uma contração geral de cerca de 1% nos volumes globais de comércio de bens em 2025.

Ngozi Okonjo-Iweala apelou aos membros da OMC para que "permaneçam unidos" enquanto a organização analisa as tarifas anunciadas por Donald Trump.

"A Europa responderá unida, forte e proporcionalmente a esta decisão", reage Olaf Scholz

O chanceler alemão cessante Olaf Scholz considerou esta quinta-feira que as tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA eram "fundamentalmente erradas".

"A Europa responderá unida, forte e proporcionalmente a esta decisão", declarou.

A decisão de Donald Trump em aplicar uma taxa de 20% aos produtos da UE é "um ataque a um sistema comercial que criou prosperidade em todo o mundo, o que é um feito americano", analisou Scholz, abrindo a porta à negociação com Washington. "Queremos cooperação, não confronto, e defenderemos os nossos interesses", disse.

CIP defende que Europa tem de responder com força e a uma voz

Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro
Presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo MonteiroANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Armindo Monteiro, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), defendeu hoje uma resposta forte e conjunta da Europa às tarifas comerciais dos Estados Unidos, considerando que representam uma posição de força para conseguir concessões noutras negociações.

“Nós temos de responder com a força que a Europa tem, em conjunto nós representamos um mercado significativo, em conjunto somos um importante grupo, um importante bloco económico e comercial e, nesse sentido, temos de demonstrar a força que temos”, afirmou Armindo Monteiro, em declarações à chegada à reunião plenária da Comissão Permanente de Concertação Social, em Lisboa.

O presidente da CIP reagia assim às novas tarifas de 20% a produtos importados da União Europeia anunciadas por Donald Trump, que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

“O que se está aqui a discutir é uma posição de força para conseguir concessões numa outra área, a área diplomática, a áreas de várias outras naturezas”, considerou Armindo Monteiro, notando que, se se tratasse apenas de um problema comercial, os países ou blocos “reuniam-se, encontravam uma solução e a partir daí negociavam as tarifas”.

“Aquilo que aqui houve foi uma proclamação unilateral de tarifas” salientou, considerando que a resposta da Europa tem de ser “a uma voz”, mostrando o que representa em termos de mercado de importação e exportação e que, se quiser, também pode “ameaçar com tarifas”.

Para Armindo Monteiro, é importante responder com uma estratégia, algo que, disse, não existe nos Estados Unidos.

“Esta palavra ‘tarifa’ é a palavra preferida do senhor Donald Trump, nós temos que mostrar que não é essa a nossa preferida, as nossas preferidas são ‘ética’, ‘economia’, ‘comércio’, mas tudo com valores e de forma confiável, que é coisa que do outro lado do Atlântico, neste momento, não existe”, vincou.

O presidente da CIP considerou desejável e possível que Trump volte atrás nesta decisão, caso contrário, vai criar uma crise a nível mundial, que prejudica, sobretudo, os norte-americanos.

Lusa

Lula da Silva defende medidas adequadas na resposta às tarifas anunciadas por Donald Trump

O presidente brasileiro, Lula da Silva, defendeu esta quinta-feira que a melhor resposta às tarifas anunciadas pelo sue homólogo norte-americano é a aplicação de medidas adequadas.

“Diante da decisão dos Estados Unidos de impor uma sobretaxa aos produtos brasileiros, tomaremos todas as medidas cabíveis para defender as nossas empresas e nossos trabalhadores brasileiros. Tendo como referência a lei da reciprocidade econômica aprovada ontem pelo Congresso Nacional e as diretrizes da Organização Mundial do Comércio”, defendeu Lula da Silva.

A administração de Trump decidiu aplicar a todos os produtos do Brasil uma taxa aduaneira de 10%.

Macron pede suspensão de investimentos nos EUA e fala na possibilidade de intervir nos serviços digitais

Na reação às tarifas anunciadas por Donald Trump, o presidente francês referiu a possibilidade de uma intervenção nos serviços digitais, “onde os Estados Unidos beneficiam enormemente da Europa”.

Emmanuel Macron pediu ainda a suspensão de investimentos nos EUA até haver uma clarificação.

"Não somos ingénuos, por isso vamos proteger-nos", justificou o chefe de Estado.

É "importante que os investimentos futuros, ou os anunciados nas últimas semanas, sejam suspensos por uns tempos, até que tenhamos esclarecido as coisas com os Estados Unidos", considerou Macron, citado pela imprensa internacional.

"Qual seria a mensagem de ter grandes players europeus a começar a investir milhares de milhões de euros na economia americana numa altura em que nos estão a afetar?", questionou o presidente francês.

Macron anuncia que resposta aos EUA será "massiva"

O presidente francês Emmanuel Macron assumiu hoje que se os europeus trabalharem juntos "conseguirão desmantelar as tarifas dos EUA", que Trump anunciou serem de 20% para a União Europeia.

Macron definiu as tarifas como "brutais e infundadas", acrescentando que os consumidores dos EUA ficarão "mais pobres e fracos", enquanto os países asiáticos "podem aumentar as exportações para a Europa".

Nesse sentido, diz que a UE responderá de forma "organizada" e "unificada", mas avisou que desta vez será "mais massiva" do que antes.

O presidente francês deixou claro que "nada pode ser descartado” nessa resposta, garantindo que “todos os instrumentos estão em cima da mesa”.

“Devemos fazer o que for eficaz e mais proporcional, mas que também mostre claramente que estamos determinados a não deixar que esses os diversos setores sejam vítimas das tarifas”, acrescentou.

Centromarca assume preocupação com tarifas e pede medidas para proteger o mercado único

A Centromarca manifestou, nesta quinta-feira, a sua "profunda preocupação" com o anúncio de uma tarifa generalizada de 20% sobre todos os bens exportados da União Europeia para os Estados Unidos. Uma medida que, defende, "corre o risco de agravar as já frágeis relações comerciais a nível mundial e não trará qualquer benefício para os consumidores de ambos os lados do Atlântico".

Em comunicado, a Associação Portuguesa de Empresas de Produtos de Marca, lembra que o setor dos bens de consumo "é um dos pilares económicos da Europa", com 39% da sua produção - avaliada em 175 mil milhões de euros - destinada à exportação para além das fronteiras da UE.

Razão porque, acredita, estas novas tarifas anunciadas por Donald Trump, representam uma "séria ameaça para a saúde e a competitividade da indústria europeia". Diz ainda a Centromarca que as empresas, que já operam num clima de "volatilidade persistente" da cadeia de abastecimento, enfrentam agora "mais incerteza e perturbações".

Reclama, por isso, medidas para proteger o mercado único. "Neste contexto, a força e a integridade do mercado único da UE nunca foram tão essenciais. Com 276 mil milhões de euros de mercadorias a circular anualmente na UE, é imperativo que os esforços para melhorar o bom funcionamento do mercado único continuem a ser uma prioridade", pode ler-se no comunicado.

Para a Centromarca, e em linha com o já assumido pela Associação Europeia de Marcas, há que "eliminar os obstáculos existentes e assegurar um ambiente comercial justo" para todos os produtores das cadeias de abastecimento vitais da Europa. "As prioridades legislativas devem ser vistas através de uma lente de gestão de crises. A concentração estratégica e a agilidade serão cruciais para garantir que os recursos públicos e privados sejam utilizados de forma eficaz para proteger o tecido económico da Europa", frisa.

Ilídia Pinto

Governo português e patrões preparam resposta a Trump

As novas tarifas anunciadas, esta quarta-feira à noite, pelo presidente dos Estados Unidos, que diz que irá aplicar uma taxa mínima de 20% sobre todas as importações procedentes da União Europeia (UE), a que acresce a taxa de 25% já em vigor sobre os automóveis (e que este mês se estenderá aos acessórios e componentes auto), mais a taxa de 25% sobre o aço e alumínio, levam, com urgência, o governo português e 16 associações empresariais nacionais a estudar formas de "resposta" e "proteção" face à escalada brutal da guerra comercial idealizada por Donald Trump.

De acordo com um comunicado do Ministério da Economia, o ainda ministro da tutela, Pedro Reis, mais o seu secretário de Estado, João Rui Ferreira, "iniciam na próxima semana uma ronda de reuniões com 16 associações empresariais para avaliar o impacto e as medidas de mitigação das tarifas anunciadas pela administração dos Estados Unidos nas empresas portuguesas e na economia nacional".

Estes encontros com os patrões portugueses "visam abrir um canal de diálogo com os setores que serão mais afetados pelo modelo das tarifas recíprocas", diz a mesma fonte oficial da Economia.

"Pretende-se auscultar as associações representativas das empresas destas atividades económicas sobre a avaliação que fazem do impacto da imposição das novas taxas aduaneiras sobre produtos europeus e também as propostas que têm para o mitigar e minimizar esse impacto nas exportações nacionais".

Depois destes encontros bilaterais com as associações empresariais, haverá "outras reuniões mais alargadas", mas antes o Ministério da Economia "dará nota do que está a ser articulado com a União Europeia para responder às novas tarifas e as medidas de proteção que estão a ser desenhadas para os diferentes setores de atividade".

Além dos governantes, os encontros com as associações nacionais "contarão com a presença de representantes da AICEP, IAPMEI, Compete, Direção-Geral das Atividades Económicas (DGAE) e Banco Português de Fomento (BPF) e vão decorrer de quarta a sexta-feira, em Lisboa e no Porto".

Segundo o Ministério da Economia, nesta primeira fase, foram convocadas as seguintes associações empresariais, num total de 16:

AFIA - Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel

EPCOL - Empresas Portuguesas de Combustíveis

APIB - Associação Portuguesa dos Industriais da Borracha

ANIMEE - Associação Portuguesa de Empresas do Setor Eléctrico e Electrónico

AIP - Associação Industrial Portuguesa

CIP - Confederação Industrial de Portugal

AIMMAP - Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e afins de Portugal

AIMMP - Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal

APCOR - Associação Portuguesa da Cortiça

APPICAPS - Associação Portuguesa dos Indústriais do Calçado, Componentes, Artigos de pele e

seus Sucedâneos

APIC - Associação Portuguesa da Indústria de Curtumes

ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal

ANIVEC - Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confeção

ANITLAR - Associação Nacional das Indústrias de Têxtil Lar

ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Laníficios

AEP - Associação empresarial de Portugal

Luís Reis Ribeiro

Ministro da Economia garante que UE vai responder como um todo às novas tarifas dos EUA

O ministro da Economia, Pedro Reis, defende que as tarifas anunciadas pelo presidente dos EUA “não são uma boa notícia para o mundo” e terão um impacto “contrário ao desejado”, destacando que a União Europeia vai “responder como um todo”.

“A União Europeia vai certamente responder como um todo e reagir com cautela, firmeza e inteligência. Nomeadamente avaliando também a aplicação de taxas excessivas aos produtos dos Estados Unidos da América, que escalem as medidas protecionistas, que podem ter um efeito contraproducente nos preços dos nossos consumos intermédios”, refere Pedro Reis numa resposta escrita enviada à agência Lusa.

Para o titular da pasta da Economia, as novas tarifas anunciadas por Donald Trump “não são uma boa notícia para o mundo”, porque “as guerras tarifárias criam inflação, travam o crescimento e obrigam a redesenhar a cadeia internacional de produção”.

“O seu impacto é precisamente o contrário do desejado: em vez de acelerarem a competitividade, a inovação e a produtividade, travam estes movimentos porque prejudicam o crescimento económico”, sustenta o governante.

Lusa

Banco Central Europeu acredita que tarifas dos EUA aumentarão a inflação a curto prazo

O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) acredita que as tarifas anunciadas pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentarão a inflação a curto prazo, porque as empresas aumentarão os preços.

Segundo a ata da reunião de política monetária realizada no início de março, “a combinação de tarifas americanas e medidas de retaliação pode gerar riscos de alta para a inflação, especialmente no curto prazo”.

“Além disso, as empresas também aprenderam a aumentar os preços mais rapidamente em resposta a novos choques inflacionistas”, acrescenta o documento da reunião de março.

O Conselho do BCE, que em março baixou as taxas de juro diretoras em um quarto de ponto, para 2,5%, reúne-se em 16 e 17 de abril, mas não é claro que decisão tomará desta vez, se voltará a baixar as taxas de juro ou se preferirá fazer uma pausa e mantê-las.

Nessa altura, o BCE considerou que um aumento significativo dos gastos com a defesa e outras despesas aumentaria os preços, o que poderia “fazer descarrilar o processo de desinflação e manter a inflação mais elevada durante mais tempo”, de acordo com as atas.

Alguns membros consideraram em março que “ser cauteloso face à incerteza não é equivalente a ser gradual no ajustamento das taxas de juro”. Outros apoiaram a descida das taxas de juro em março, mas apenas se evitassem comunicar que iriam baixar ainda mais as taxas ou dar referências sobre o que fariam no futuro, acrescentam as atas.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse após a reunião que um membro do conselho do BCE se absteve, o Governador do Banco Nacional da Áustria, Robert Holzmann.

As atas mostram que o conselho do BCE já tinha considerado em março que ambas as opções deveriam estar em cima da mesa na reunião de abril: uma nova descida das taxas de juro ou uma pausa.

Entretanto, Donald Trump anunciou na quarta-feira novas tarifas de 20% a produtos importados da União Europeia e que acrescem às de 25% sobre os setores automóvel, aço e alumínio.

As novas tarifas de Trump são uma tentativa de fazer crescer a indústria dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que pune os países por aquilo que disse serem anos de práticas comerciais desleais, e foram impostas pelos Estados Unidos sobre todas as importações, com sobretaxas para os países considerados particularmente hostis ao comércio.

Lusa

Novas tarifas podem ser oportunidade para o calçado português face aos concorrentes asiáticos

A indústria portuguesa do calçado rejeita medidas protecionistas, mas garante não desistir do mercado americano. Em comunicado, o porta-voz da associação do setor, a APICCAPS, Pualo Gonçalves, assume que "somos sempre favoráveis ao comércio livre, justo e equilibrado", mas que, apesar disso, "estávamos preparados para este momento, uma vez que estamos a finalizar um fortíssimo investimento - 120 milhões de euros  - em domínios como automação, robótica ou sustentabilidade”. 

Mas, para a Universidade Católica do Porto, que tem elaborado os últimos planos estratégicos do Setor, as novas tarifas anunciadas por Donald Trump podem ser uma oportunidade para a indústria portuguesa face aos seus concorrentes asiáticos.

O responsável do Gabinete de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Católica do Porto admite que, no imediato, as tarifas vão "desincentivar o consumo”, na medida em que vão tornar o calçado importado mais caro, mas, dado que os produtos europeus vão ser taxados em 20%, os chineses em 34% e os vietnamitas em 46%, “esta decisão constitui uma oportunidade para reforçar a quota de mercado do calçado português nos EUA”.

O problema será o ataque que estes fabricantes farão ao mercado europeu. “Com dificuldades acrescidas de acesso ao mercado americano, os produtores chineses e vietnamitas vão certamente reforçar os esforços de penetração no mercado europeu e noutras geografias. Os produtores portugueses têm de se preparar para um acréscimo da concorrência nos seus mercados tradicionais”, defende Vasco Rodrigues.

Os Estados Unidos são o maior mercado mundial de calçado, importando, anualmente, mais de 1986 milhões de pares de calçado, por valores próximos dos 26 mil milhões de dólares.

A China é tradicionalmente o maior fornecedor do mercado, com uma quota próxima dos 60% (o equivalente a 1200 milhões de pares), seguida de Vietname (quota de 23% referente a 461 milhões de pares) e Indonésia (quota de 6% alusivos a 129 milhões de pares em 2023).

Para Portugal, os EUA são um "mercado estratégico", ocupando, atualmente, a sexta posição no top dos principais destinos das exportações nacionais. Na última década, as exportações portuguesas para os Estados Unidos duplicaram, atingindo valores próximos dos 100 milhões de euros no final de 2024. “Ainda que já exportemos mais de 90% da produção para 170 países, consideramos o mercado norte-americano estratégico e a grande aposta da indústria portuguesa de calçado para a próxima década”, considera Paulo Gonçalves.

Ilídia Pinto

Secretário de Comércio diz que parceiros podem ter reduções nas tarifas se importarem mais produtos dos EUA

Howard Lutnick, secretário de Comércio, disse hoje em entrevista à estação de televisão CNBC que os Estados Unidos estão em negociações com os seus parceiros comerciais há mais de um mês e alertou que eles terão de mudar as suas regras para permitir mais importações de produtos norte-americanos e, com isso, obter uma redução das tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump.

Keir Starmer: "Este é o início de uma nova era"

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer disse à Sky News que as tarifas aplicadas pelos EUA são "o início de uma nova era" e alertou que as pessoas tem de "entender as mudanças no mundo no que diz respeito ao comércio e à economia".

"Temos que nos adaptar de uma forma que vai além da mera questão de tarifas", sublinhou o governante, lembrando que este "não é apenas um exercício tático de curto prazo".

"Uma guerra comercial é péssima para os trabalhadores e para as empresas", acrescentou,

Comissão Europeia inicia na sexta-feira conversações com EUA sobre tarifas

A Comissão Europeia inicia na sexta-feira negociações com Washington sobre as tarifas alfandegárias que os Estados Unidos vão aplicar sobre importações de produtos da União Europeia (UE).

“Amanhã [sexta-feira] falarei com os meus homólogos americanos”, anunciou o comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic, numa mensagem divulgada nas redes sociais.

“Atuaremos de uma forma calma, cuidadosamente faseada e unificada, enquanto calibramos a nossa resposta, dando tempo suficiente para as conversações. Mas não ficaremos de braços cruzados, caso não consigamos chegar a um acordo justo”, referiu ainda.

BCE defende prudência nas decisões sobre taxas de juro face às tarifas de Trump

O Banco Central Europeu (BCE) defende prudência nas decisões sobre as taxas de juro perante o perigo iminente para a estabilidade económica mundial devido à política tarifária do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Num discurso proferido hoje, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, sublinhou “o nível extraordinariamente elevado de incerteza em torno da política económica e comercial” e que a instituição deve, por isso, ser “extremamente prudente na determinação da orientação da política monetária”.

Guindos afirmou em Amesterdão (Países Baixos) que “as tensões geopolíticas podem conduzir a uma inflação mais elevada devido a choques comerciais, ao aumento dos preços das matérias-primas e dos custos da energia”.

A incerteza da política económica na zona euro é agora mais de três vezes superior à média histórica, enquanto a incerteza da política comercial é mais de oito vezes superior à média histórica, segundo Guindos.

Estes níveis são mais elevados do que os da pandemia, acrescentou o vice-presidente do BCE num Fórum de Chefes de Executivo em Amesterdão.

O presidente do Bundesbank, o banco central alemão, Joachim Nagel, afirmou que “a estabilidade económica mundial está em risco” e que o BCE terá de reexaminar a situação.

Nagel, que é membro do Conselho de Administração do BCE, afirmou que o resultado das tarifas será menos bem-estar, uma queda no crescimento global e um aumento dos preços.

Espanha vai mobilizar 14,1 mil milhões de euros para lidar com tarifas de Trump

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que Espanha vai mobilizar 14,1 mil milhões de euros para fazer face aos efeitos das tarifas impostas pelo presidente norte-americano.

O líder do Governo de Espanha criticou o pacote tarifário anunciado esta quarta-feira por Donald Trump, considerando-o "contrário à verdade".

"É apenas uma desculpa para punir os países, implementar um protecionismo estéril e tentar arrecadar receitas para mitigar o défice gerado por uma política orçamental que é, na minha opinião, mais do que questionável", afirmou Sánchez.

"Não é verdade que a relação económica entre a União Europeia e os Estados Unidos seja desequilibrada", vincou.

Países da UE votam medidas contra as tarifas dos EUA a 9 de abril

Os Estados-membros da União Europeia vão votar na próxima quarta-feira, 9 de abril, as medidas contra as tarifas dos Estados Unidos sobre o aço e o alumínio, anunciou um um alto responsável da UE, citado pela Reuters.

A proposta da Comissão será aprovada desde que não se oponha uma maioria qualificada de 15 Estados-Membros que representem 65% da população da UE.

Meloni considera "erradas" tarifas de Trump e cancela compromissos para preparar resposta

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou esta quinta-feira que as tarifas de Donald Trump estão "erradas", mas pediu à Europa para evitar entrar numa guerra comercial.

O governo italiano cancelou os compromissos que tinha previsto para esta quinta-feira para se concentrar em ações em resposta às tarifas.

Meloni, que até é simpatizante de Trump, descreveu a tarifa de 20% à União Europeia como "não sendo do interesse de nenhuma das partes".

"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para trabalhar no sentido de um acordo com os Estados Unidos, com o objetivo de evitar uma guerra comercial que inevitavelmente enfraqueceria o Ocidente em favor de outros atores globais", vincou.

Primeiro-ministro francês alerta sobre efeitos das tarifas norte-americanas

O primeiro-ministro francês, François Bayrou, disse hoje que o aumento dos direitos aduaneiros anunciado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, representam uma dificuldade para a Europa e uma catástrofe para os Estados Unidos.

"Esta decisão é uma catástrofe para o mundo económico. É uma dificuldade imensa para a Europa. Penso que é também uma catástrofe para os Estados Unidos e para os cidadãos norte-americanos", declarou o chefe do governo de França à margem de uma conferência no Senado, em Paris.

O presidente francês, Emmanuel Macron, vai reunir-se hoje à tarde com representantes das indústrias afetadas pelas medidas tarifárias anunciadas pelos Estados Unidos.

Paralelamente, a Federação dos Exportadores Franceses de Vinho e Bebidas Espirituosas disse hoje que as exportações europeias de vinho para os Estados Unidos podem sofrer uma quebra de 1,6 mil milhões de euros por ano, com um enorme impacto no emprego e na economia do setor.

A França, em particular, vai sofrer metade desse impacto, com as vendas para os Estados Unidos a caírem 800 milhões de euros por ano, disse a Federação dos Exportadores Franceses de Vinho e Bebidas Espirituosas (FEVS) através de um comunicado.

As tarifas anunciadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, também vão ter um impacto extremamente negativo sobre os importadores, distribuidores e comerciantes dos Estados Unidos, acrescentou a FEVS.

"Este confronto tarifário só cria perdedores, tanto na Europa como nos Estados Unidos", insistiu.

Os Estados Unidos são o principal mercado de exportação dos vinhos e bebidas espirituosas francesas, com um valor total de 3,8 mil milhões de euros no ano passado, representando 25% de todos os embarques estrangeiros no setor.

Lusa

Países da União Europeia demonstram preocupação face a tarifas dos EUA

Países da União Europeia demonstraram hoje preocupação face às tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre todas as importações e sobretaxas para os países considerados particularmente hostis ao comércio.

Berlim declarou hoje apoio à União Europeia (UE) na procura de uma solução negociada com Washington sobre as novas tarifas anunciadas por Donald Trump, reiterando que a Europa está pronta para retaliar.

O vice-chanceler alemão, Robert Habeck, alertou que os novos impostos norte-americanos podem arrastar países para a recessão e causar danos consideráveis em todo o mundo.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, vai reunir-se hoje à tarde com representantes das indústrias afetadas pelas medidas tarifárias anunciadas pelos Estados Unidos.

Na Polónia, o primeiro-ministro, Donald Tusk, afirmou hoje que são necessárias decisões adequadas.

Numa mensagem difundida através das redes sociais, Tusk não especificou o tipo de medidas.

A Dinamarca criticou também as novas tarifas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Lars Lokke Rasmussen, disse que a Europa deve permanecer unida e preparar respostas "sólidas" e proporcionais.

Na Irlanda, o primeiro-ministro, Michael Martin, afirmou hoje que lamenta profundamente as tarifas impostas à União Europeia e apelou a uma reposta "proporcionada" dos 27 Estados membros.

Na mesma linha, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, disse que a introdução pelos Estados Unidos de direitos aduaneiros contra a União Europeia é uma medida errada.

Mesmo assim, Meloni declarou que pretende chegar a um acordo com os Estados Unidos, a fim de se evitar uma guerra comercial que enfraqueceria o que chamou "Ocidente" em benefício de outros atores mundiais.

Em Espanha, o Executivo anunciou o recurso aos instrumentos comerciais e financeiros de que o Estado dispõe para implementar uma rede de proteção imediata e uma estratégia de relançamento dos setores afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, deve especificar hoje o plano de contingência de Madrid.

Fontes do Executivo espanhol disseram à agência de notícias EFE que o bloco europeu dispõe das ferramentas necessárias para proteger os interesses dos cidadãos e empresas, caso não haja espaço para negociação com Washington.

As mesmas fontes lamentaram "profundamente" a decisão da Administração de Donald Trump.

Em Londres, o secretário do Comércio britânico, Jonathan Reynolds, reconheceu em declarações à cadeia de televisão Sky News que os anúncios do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, colocam o Reino Unido numa posição relativamente melhor do que, por exemplo, os países da União Europeia.

O Reino Unido foi relativamente poupado por Donald Trump, com tarifas de 10%, o nível mais baixo anunciado, especialmente em comparação com a União Europeia (20%) e a China (34%).

Bolsas europeias abrem em queda após Trump anunciar tarifas

As bolsas europeias abriram hoje em queda, um dia após o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado tarifas alfandegárias.

Na abertura, a bolsa de Paris perdia 1,78%, a de Frankfurt 2,08%, a de Milão caía 1,58% e a de Amesterdão 1,44%.

A bolsa de Londres abriu a perder 1,07% e a de Lisboa 1,08%.

Chefe da diplomacia da UE não vê vencedores em guerra comercial com EUA

A Alta Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, sublinhou hoje que não há vencedores nas guerras comerciais, após a imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos.

"Não há vencedores nas guerras comerciais, e é evidente que todas estas tarifas vão aumentar os preços para os consumidores e, no final, pagaremos tudo", declarou a política estónio, hoje, à chegada à reunião informal dos ministros da defesa da UE, em Varsóvia.

Kaja Kallas reconheceu que a cooperação em matéria de defesa com Washington "é também muito importante" e sublinhou que a UE compra atualmente muito equipamento de defesa aos Estados Unidos.

"Mas precisamos de diversificar o nosso portefólio para termos a capacidade de produzir a munição e as coisas que precisamos aqui, e também poder comprar a outros aliados", comentou.

Kallas recordou que a Comissão Europeia apresentou em março o Livro Branco sobre o Futuro da Defesa Europeia, um roteiro para desenvolver capacidades militares que permitirão à UE dissuadir diferentes tipos de ameaças.

China pede aos Estados Unidos que “cancelem imediatamente” taxas alfandegárias

A China instou hoje os EUA a “cancelarem imediatamente” as novas taxas alfandegárias anunciadas pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, apelando ao diálogo, face a barreiras comerciais que “põem em causa o desenvolvimento económico global”.

“A China insta os Estados Unidos a cancelarem imediatamente as taxas unilaterais e a resolverem adequadamente as disputas com os seus parceiros comerciais através de um diálogo justo”, afirmou o Ministério do Comércio chinês, em comunicado.

Segundo o ministério, esta ofensiva protecionista da Casa Branca, sem precedentes desde os anos 1930, “põe em risco o desenvolvimento económico global” e ameaça as cadeias de abastecimento internacionais, afetando também os interesses norte-americanos.

O ministério disse que se opõe “de forma firme” às novas taxas alfandegárias, que são particularmente pesadas para os seus produtos, e prometeu lutar para defender os “direitos e interesses” da China.

“Não há vencedores numa guerra comercial e não há saída para o protecionismo”, declarou o ministério.

As taxas impostas pelos Estados Unidos “não respeitam as regras do comércio internacional e prejudicam gravemente os direitos e interesses das partes envolvidas”, declarou na mesma nota.

Brent cai mais de 2% para 73,13 dólares após anuncio de tarifas de Trump

O preço do barril de petróleo Brent para entrega em junho caiu hoje 2,43%, para 73,13 dólares, depois de o presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado uma série de tarifas a dezenas de países em todo o mundo.

O petróleo Brent reagiu negativamente após este anúncio, uma vez que os investidores e o mercado temem que uma guerra tarifária global prejudique o crescimento económico, o que poderá afetar a procura de petróleo bruto.

Entretanto, o preço do crude West Texas Intermediate (WTI), de referência nos Estados Unidos, também está hoje a cair 2,55% antes da abertura oficial do mercado, para 69,87 dólares.

Tanto o Brent como o WTI fecharam ligeiramente em alta na quarta-feira antes da decisão de Donald Trump.

França diz que UE vai tributar serviços digitais dos EUA em resposta a tarifas

A União Europeia (UE), "pronta para uma guerra comercial" com os Estados Unidos, planeia "atacar os serviços digitais" em resposta à imposição de tarifas por parte de Washington, disse hoje a porta-voz do Governo francês.

"Estamos quase certos de que teremos de facto efeitos recessivos na produção", acrescentou Sophie Primas à emissora RTL, manifestando especial preocupação com um impacto acentuado no sector dos vinhos e bebidas espirituosas.

Após a decisão dos EUA, a UE está a preparar "uma primeira resposta que entrará em vigor em meados de abril, que corresponderá ao seu primeiro ataque ao alumínio e ao aço", explicou Primas.

"E depois há uma segunda ronda de resposta que provavelmente estará pronta até ao final de abril para todos os produtos e serviços", acrescentou.

Neste momento, esta segunda resposta está "a ser negociada entre os países membros da União Europeia", disse a porta-voz.

"Mas também vamos atacar os serviços. Por exemplo, os serviços digitais, que atualmente não são taxados e poderiam ser", insistiu.

A resposta poderia também dizer respeito ao "acesso aos nossos mercados públicos", indicou Primas.

"Temos agora uma gama completa de ferramentas e estamos prontos para esta guerra comercial", garantiu.

O Presidente francês Emmanuel Macron vai reunir-se no Palácio do Eliseu, hoje, com representantes dos setores afetados pelas medidas tarifárias.

"A primeira coisa é fazermos um balanço e prever quais serão os ataques e os seus efeitos em todos os setores. Depois, veremos como podemos apoiar as nossas indústrias de produção", disse Primas.

"Podemos ver claramente que todos os mercados de exportação, particularmente para vinhos e bebidas espirituosas, estão a fechar. Teremos, portanto, de apoiar a nossa produção europeia", disse.

Costa manifesta apoio total à Comissão Europeia nas negociações com EUA

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, manifestou hoje apoio total à Comissão Europeia na tentativa de negociações comerciais com os Estados Unidos, após o anúncio de novas tarifas norte-americanas de 20% à União Europeia (UE).

“Apoio total à Comissão Europeia nas negociações comerciais com os Estados Unidos. O comércio é um poderoso motor da prosperidade mundial e a UE continuará a ser uma firme defensora do comércio livre e equitativo”, reagiu António Costa, numa publicação na rede social X, após o anúncio de novas tarifas norte-americanas.

Na mensagem publicada a partir de Samarcanda, no Uzbequistão, onde representa hoje a UE na primeira cimeira com a Ásia Central, o líder da instituição que junta os chefes de Governo e de Estado europeus defendeu que “chegou o momento de avançar com os acordos com o Mercosul [Mercado Comum do Sul] e o México e de avançar decisivamente nas negociações com a Índia e outros parceiros importantes”.

“Colaboraremos com todos os nossos parceiros e continuaremos a reforçar e a alargar a nossa rede comercial”, concluiu António Costa.

Von der Leyen garante UE "pronta para responder" a tarifas dos Estados Unidos

A presidente da Comissão Europeia garantiu esta quinta-feira que o bloco comunitário está "pronto para responder" à imposição de tarifas por parte dos Estados Unidos e está a trabalhar em novas medidas de retaliação.

"Já estamos a finalizar o primeiro pacote de contramedidas em resposta às tarifas do aço e estamos agora a preparar outras medidas para proteger os nossos interesses e negócios, se as negociações falharem", disse Ursula von der Leyen numa declaração emitida a partir de Samarcanda, no Uzbequistão, onde se encontra de visita.

"Como europeus, promoveremos e defenderemos sempre os nossos interesses e valores, e defenderemos sempre a Europa", acrescentou.

A presidente da Comissão Europeia reconheceu que o sistema de comércio mundial tem “graves deficiências”, mas realçou que "existe um caminho alternativo" e que "não é tarde para resolver os problemas através de negociações", sublinhando que o comissário do Comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, está "em contacto constante" com o Governo dos Estados Unidos. "Vamos esforçar-nos para reduzir as barreiras, não aumentá-las", vincou.

Canadá vai agir "com determinação e força" contra as taxas aduaneiras de Trump

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou que “é fundamental agir com determinação e com força". "E é isso que vamos fazer”, afirmou, citado pela CNN Internacional.

"O meu governo lutará contra as tarifas dos EUA, protegerá os trabalhadores e as indústrias canadianas e construirá a economia mais forte do G7", assegurou o primeiro-ministro canadiano numa mensagem divulgada no Facebook.

Tarifas anunciadas pelos EUA são "erradas", diz a primeira-ministra italiana. Espera "evitar guerra comercial"

Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, considerou que as tarifas que os EUA pretendem aplicar à UE são “erradas”, mas espera trabalhar com os Estados Unidos com vista a um acordo "com o objetivo de evitar uma guerra comercial que inevitavelmente enfraqueceria o Ocidente a favor de outros atores globais".

"Em todo o caso, como sempre, atuaremos no interesse da Itália e da sua economia, incluindo através do diálogo com os nossos outros parceiros europeus", declarou Meloni nas redes sociais.

"Isto é grave para a economia mundial e é crítico para a Noruega", diz ministra

A ministra norueguesa do Comércio e da Indústria, Cecilie Myrseth, afirmou que o governo está a analisar os efeitos das taxas aduaneiras, anunciadas pelo presidente dos EUA. "Mas é óbvio que isto é grave para a economia mundial e é crítico para a Noruega", começou por referir à emissora estatal norueguesa NRK:

"Podemos prever tarifas de 20% contra a União Europeia e de 10 a 15% contra a Noruega. Isto é muito importante, porque também enviamos muitas exportações para a UE. Por isso, também nos vai afetar. Este é um dia sério e, agora, precisamos de ter uma visão geral do que isto realmente significa para a Noruega”, afirmou a ministra, citada pela CNN Internacional.

Suíça "vai determinar rapidamente os próximos passos"

A presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, afirmou que o país tomou nota das anunciadas tarifas aduaneiras dos EUAS e "vai determinar rapidamente os próximos passos".

"Os interesses económicos a longo prazo do país são a prioridade. O respeito pelo direito internacional e o comércio livre são fundamentais”, considerou Karin Keller-Sutter numa mensagem partilhada na rede social X.

A Suécia diz que "continuará a defender o comércio livre e a cooperação internacional”

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, lamentou a decisão do presidente dos EUA em aplicar tarifas de 20% aos produtos da União Europeia.

"A Suécia continuará a defender o comércio livre e a cooperação internacional”, declarou na rede social X, onde publicou um vídeo a reagir às medidas anunciadas esta quarta-feira por Donald Trump. "Nós não queremos uma guerra comercial", acrescentou.

Disse, no entanto, que a Suécia "está bem preparada" para enfrentar as taxas aduaneiras impostas pelos EUA.

Von der Leyen vai reagir "amanhã muito cedo" à decisão de Trump em aplicar tarifas de 20% à UE

A presidente da Comissão Europeia vai reagir "amanhã muito cedo" à decisão do presidente dos EUA em aplicar uma taxa aduaneira de 20% sobre os produtos da União Europeia, segundo o The Guardian.

Espera-se que Ursula von der Leyen faça uma declaração, após o anúncio de Donald Trump sobre taxas "recíprocas".

Tarifas de 20% aplicadas à UE e de 34% à China 

Donald Trump anunciou que Washington vai aplicar “tarifas recíprocas” a todos os países de “aproximadamente metade” do que os países cobram aos EUA.

“Como é que alguém pode ficar chateado?”, questionou. As taxas aduaneiras "não serão totalmente recíprocas. Poderia ter feito isso, sim, mas teria sido difícil para muitos países”, justificou Trump.

Com recurso a um gráfico, Trump mostrou que a China aplica aos Estados Unidos uma tarifa de 67%, pelo que irão aplicar a Pequim uma tarifa de 34%.

O gráfico indicou ainda que Washington vai aplicar à União Europeia (UE) uma tarifa de 20%, a Taiwan 32%, ao Japão 24%, à Índia 26%, à Coreia do Sul 25%, à Tailândia 36%, entre outros.

Já o Reino Unido pode esperar tarifas de 10%, segundo o gráfico. Os EUA querem ainda aplicar uma tarifa de 46% ao Vietname e de 49% ao Camboja.

Anunciada tarifa de 25% sobre todos os automóveis fabricados no estrangeiro. Entra em vigor a partir da meia-noite

Donald Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis fabricados no estrangeiro, que irá entrar em vigor a partir das 00h00.

Durante a apresentação das taxas aduaneiras, um trabalhador da indústria automóvel de Detroit foi chamado a intervir, tendo afirmado que apoia política do presidente dos EUA que propõe uma tarifa de 25% sobre todos os automóveis fabricados no estrangeiro.

“Apoiamos a 100% a política de tarifas de Donald Trump”, afirmou o trabalhador norte-americano.

Os Estados Unidos "não podem continuar com uma política unilateral de rendição económica”, afirmou Donald Trump. “Temos de cuidar do nosso povo em primeiro lugar", vincou.

Trump vai assinar ordem executiva "histórica", que estabelece "tarifas recíprocas para países de todo o mundo”

O presidente dos EUA revelou que vai assinar em breve uma “ordem executiva histórica que determina tarifas recíprocas para países de todo o mundo”.

“Recíprocas. Significa que eles fazem-nos a nós e nós fazemos-lhes a eles. Muito simples. Não há nada mais simples do que isso”, justificou Donald Trump.

“Os nossos contribuintes foram enganados durante mais de 50 anos, mas isso não vai voltar a acontecer”, disse Trump, anunciando uma nova “idade de ouro da América”, com a promessa de mais empregos.

Trump afirmou que as medidas anunciadas hoje vão, “finalmente, tornar a América grande de novo”.

De acordo com o presidente norte-americano, as tarifas representam a "declaração de independência económica” dos EUA.

O "dia em que começamos a tornar a América novamente rica”, diz Trump

“Este é o Dia da Libertação", começou por dizer o presidente dos EUA ao anunciar taxas aduaneiras no jardim Rose Garden, da Casa Branca.

Para Trump "o dia 2 de abril de 2025 será para sempre recordado como o dia em que a indústria americana renasceu".

O "dia em que o destino da América foi recuperado e o dia em que começamos a tornar a América novamente rica”, declarou.

“Durante décadas, o nosso país foi saqueado, pilhado por nações próximas e distantes”, tanto por aliados como por inimigos, acrescentou.

"Dia da Libertação". Siga aqui o anúncio de Donald Trump sobre taxas aduaneiras

Tarifas sobre importações a anunciar por Trump farão de hoje o “dia da recessão”, defendem democratas

O líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes norte-americana defendeu esta quarta-feira que as tarifas sobre importações a anunciar por Donald Trump farão de hoje “o dia da recessão”, e não “da libertação” como referido pelo Presidente.

“Trump e os republicanos da Câmara dos Representantes não estão a fazer nada em relação à crise dos preços nos Estados Unidos”, disse o congressista Hakeem Jeffries numa conferência de imprensa no Congresso.

“As tarifas vão levar a preços mais altos” no país, adiantou o líder da minoria democrata na câmara baixa do Congresso.

O líder da minoria no Senado, o democrata Chuck Schumer, acusou o presidente de estar a tirar dinheiro às famílias norte-americanas com medidas como o aumento de tarifas.

“Em que tipo de bolha vive este homem que não compreende que, quando uma família média é informada de que vai ter de pagar mais 5.000 dólares pelas coisas que compra, não pode comprar um carro novo, ou ir de férias como planeou durante todo o ano”, disse Schumer à comunicação social.

O senador referiu-se especialmente às taxas que o Presidente poderia aplicar ao Canadá, país com o qual o Presidente tem travado uma batalha comercial desde o seu regresso à Casa Branca.

Trump anuncia "em breve" tarifas sobre chips semicondutores e produtos farmacêuticos
Dia da libertação? “A incerteza é pior para a economia do que as próprias tarifas”

O "Dia da Libertação" de Trump

Depois de Donald Trump ter anunciado nos últimos meses aumentos de 25% dos direitos aduaneiros sobre as importações de aço, alumínio, automóveis e peças de automóveis, deverá esta noite anunciar novas taxas que podem ascender a 20%, sobre a maioria das importações, no que chamou de “Dia da Libertação”.

Trump quer agora implementar taxas idênticas às que são aplicadas aos produtos norte-americanos exportados.

A Casa Branca (presidência norte-americana) referiu na terça-feira que as novas tarifas devem entrar em vigor no imediato.

Trump anuncia "em breve" tarifas sobre chips semicondutores e produtos farmacêuticos
Trump anuncia tarifas de 25% a importações de alumínio e aço

A 4 de março, Trump impôs tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e do México, mas estabeleceu uma moratória de um mês sobre os produtos provenientes destes dois países abrangidos pelo acordo de comércio livre entre estes países.

Ainda hoje deverá ser votada no Congresso uma resolução apresentada pelo senador democrata Tim Kaine contra os direitos aduaneiros sobre as importações canadianas, que, segundo Schumer, deverá ter o voto favorável de alguns republicanos.

Para ser aprovada, a medida terá de ultrapassar a barreira dos 51 votos.

Atualmente, há 53 republicanos e 47 democratas no hemiciclo.

Embora não se conheçam os detalhes de como serão aplicadas as “tarifas recíprocas”, dirigidas aos países que impõem barreiras aos produtos e serviços norte-americanos, poucas horas depois de serem anunciadas, espera-se que a União Europeia possa ser um dos afetados por estas novas imposições.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que as tarifas a anunciar hoje pelo Presidente dos Estados Unidos vão “desestabilizar o mundo do comércio, tal como o conhecemos”.

Numa entrevista ao programa de rádio irlandês “The Pat Kenny Show”, Lagarde disse que o impacto do anúncio das tarifas “não será bom para aqueles que impõem as tarifas nem para aqueles que retaliam”.

“A partir de hoje, altura em que deverão ser anunciadas, não sabemos realmente qual será o acordo para o resto do mundo, o que sabemos é que não será bom para a economia global”, afirmou.

De acordo com a presidente do BCE, “a densidade e a durabilidade do impacto [das tarifas] variam consoante o seu âmbito, os produtos a que se destinam, a sua duração e a existência ou não de negociações”.

Lusa

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