Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.EPA/ALEXANDER DRAGO

Dia da libertação? “A incerteza é pior para a economia do que as próprias tarifas”

Trump avança esta quarta-feira com detalhes sobre “tarifas recíprocas”, que devem rondar os 20% sobre a maioria das importações dos EUA, havendo exceções, para pior. É o caso dos automóveis europeus.
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Esta quarta-feira, 2 de abril, é o “dia da libertação” para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

É o dia em que anunciará o modelo das chamadas “tarifas recíprocas” (em princípio devem rondar os 20%) que o governo norte-americano quer impor à esmagadora maioria das importações que procedem de quase todas as regiões do globo com destino aos EUA, mas cujo especial foco é “magoar” mais os vizinhos Canadá e México, China, o aliado de longa data União Europeia (UE), e retaliar com brutalidade em produtos específicos, como as tarifas sobre todos os países vendedores de aço e alumínio, medida já em vigor, aliás.

Como referido, novos impostos alfandegários estarão na calha e o seu figurino será anunciado, esta quarta-feira, por Trump, numa conferência de imprensa no Jardim das Rosas, na Casa Branca, em Washington.

Seja como for, o mal está feito, dizem vários economistas. A partir do momento em que os Estados Unidos, a maior e mais globalizada economia do mundo, enveredaram pela via do protecionismo e da escalada nas tarifas, os investidores começaram a ficar com medo e retrair-se.

Os primeiros impactos negativos já são visíveis, de um e do outro lado do Atlântico.

“Acreditamos que a incerteza causará mais danos ao Produto Interno Bruto (PIB) da Zona Euro do que a imposição de tarifas em si”, afirma Sylvain Broyer, economista-chefe para a região Europa, Médio Oriente e África na agência de rating Standard & Poor’s (S&P).

Assim, “revimos em baixa a nossa previsão de crescimento do PIB da Zona Euro em 2025 para 0,9%, face aos 1,2% anteriores”, diz o analista.

No entanto, “também esperamos uma recuperação substancial a partir de 2026, graças às medidas de estímulo orçamental na Alemanha e na União Europeia (UE)”, designadamente na área da defesa.

“A incerteza persistente, nomeadamente em torno das estratégias da administração americana em matéria de comércio, política externa e mercados financeiros, é um risco económico maior para a confiança do que as próprias tarifas”, insistem Paul Watters e Frank Gill, dois altos responsáveis na S&P pela atribuição dos ratings das dívidas soberanas.

“A administração dos EUA está a enveredar por uma guerra comercial global que a Europa dificilmente conseguirá evitar”, dizem os mesmos analistas. Aqui nasce uma “preocupação sobre os objetivos e a duração desta política comercial dos EUA, que permanecem incertos”.

“Para além dos direitos aduaneiros recíprocos sobre determinados setores de exportação, categorias específicas - como aço e alumínio, setor automóvel, produtos farmacêuticos e produtos químicos - já são ou poderão vir a ser  alvo de direitos aduaneiros ainda mais elevados”.

Para os peritos, neste ambiente de “incerteza política crescente aumentam os riscos de redução/deslocação do investimento, de disrupção das cadeias de abastecimento, tudo isto em detrimento dos lucros das empresas e da qualidade do crédito”, avisam.

O que já fez e prometeu Trump

Esta quarta-feira, é o dia em que o presidente dos EUA deve anunciar o seu plano para as tarifas recíprocas contra todos os parceiros comerciais da economia norte-americana.

De acordo com várias informações que estavam a circular esta terça-feira nas principais agências noticiosas internacionais e em jornais de referência dos EUA, “a proposta vai no sentido de impor uma taxa de 20% sobre a maioria das importações”, havendo algumas exceções para o pior.

É o caso dos automóveis importados para os Estados Unidos, sobre os quais Trump tem o desejo de aplicar uma tarifa de 25%. Os canadianos, os mexicanos, os europeus e os japoneses são especialmente visados.

Desde 12 de março passado, os produtos de aço e alumínio que entram nos EUA, seja qual for o país de origem, começaram a pagar uma tarifa de 25%.

A UE já respondeu a este agravamento sobre os metais com contra-tarifas sobre 28 mil milhões de dólares em produtos americanos.

Umas entram em vigor agora no início de abril, outras até meados deste mês, como o imposto de 50% sobre o bourbon americano, o que levou Trump a ameaçar com uma tarifa de 200% sobre os vinhos europeus e outras bebidas alcoólicas.

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