O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, classificou a Declaração dos Líderes do G20 em Joanesburgo deste fim de semana como uma importante confirmação do valor do multilateralismo e da necessidade de diálogo, tendo conseguido ultrapassar na reunião deste fim de semana o boicote e as objeções dos Estados Unidos, mas também da Argentina.Desta cimeira, a primeira realizada em África, saiu assim uma declaração - adotada por “unanimidade por todos os países presentes”, segundo o porta-voz da presidência sul-africana - que compromete as principais economias a combater a desigualdade global, a reformar os sistemas financeiros internacionais para aliviar a pressão da dívida sobre os países em desenvolvimento e a impulsionar o crescimento inclusivo, com um forte enfoque em África e no Sul Global.O documento deu ainda destaque à ação climática, à transição para as energias renováveis e ao reforço da cooperação multilateral para promover a paz, a sustentabilidade e o desenvolvimento em todo o mundo.Um resultado que foi criticado pelos Estados Unidos, país que ocupará a próxima presidência do G20 e que levou a Casa Branca a afirmar que Cyril Ramaphosa estava “a recusar-se a facilitar uma transição tranquila da presidência do G20”, depois de inicialmente ter dito que iria passá-la a “uma cadeira vazia”, devido à ausência de Donald Trump do encontro de Joanesburgo. O presidente sul-africano acabou por recusar uma oferta dos EUA para entregar a presidência a um diplomata de escalão inferior, sendo que a cerimónia de transição deverá ocorrer esta semana entre diplomatas de do mesmo nível.“Isto, juntamente com a pressão da África do Sul para emitir uma Declaração dos Líderes do G20, apesar das objeções consistentes e robustas dos Estados Unidos, sublinha o facto de terem instrumentalizado a sua presidência do G20 para minar os princípios fundadores do G20”, disse a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, sublinhando ainda que Donald Trump espera “repor a legitimidade” do grupo das 20 maiores economias do mundo no próximo ano, quando os EUA assumirem a presidência rotativa..Ausência dos EUA no primeiro G20 em África “pode trazer novos caminhos de cooperação económica internacional”