A aventura espacial da China, iniciada há mais de 60 anos pelo presidente Mao Tsé-Tung, alcançou um novo feito este sábado, com a chegada de três taikonautas - os astronautas chineses - à sua estação espacial para iniciar a missão mais longa de Pequim até agora..A China já investiu vários milhões de dólares no seu programa espacial e tenta chegar ao mesmo nível de Europa, Estados Unidos e Rússia. E a investida chinesa tem sido marcada por várias etapas..Quando, em 1957, a então União Soviética colocou em órbita o primeiro satélite fabricado pelo homem, o Sputnik, a curiosidade do fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, foi despertada. Na altura, Mao fez um voto aos seus cidadão: "Nós também vamos fabricar satélites!".A primeira etapa foi concretizada em 1970, com a China a lançar o seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 ("O Leste é Vermelho-1"), o nome de uma canção em homenagem a Mao, cuja melodia acabou por ser difundida por vários dias no espaço. O foguete responsável por colocar em órbita o satélite chamava-se Longa Marcha, nome também evocativo da caminhada do Exército Vermelho que permitiu que Mao se afirmasse com líder do Partido Comunista chinês..Em 2003, a potência asiática envia o primeiro cidadão chinês ao espaço, o taikonauta Yang Liwei, que deu 14 voltas à Terra num período de 21 horas..Com esse voo, a China passou a ser o terceiro paíse - depois da União Soviética e Estados Unidos - a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios..A China foi excluída deliberadamente do programa da Estação Espacial Internacional (ISS, da singla em inglês), depois da cooperação envolver americanos, russos, europeus, japoneses e canadianos. Com isso, decide construir a sua própria estação espacial..Para isso, o país asiático lança, primeiro, um pequeno módulo espacial, Tiangong-1 ("Pálacio Celestial-1"), que foi colocado em órbita em setembro de 2011 para realizar o treino dos taikonautas e, ao mesmo tempo, experiências médicas..O Tiangong-1 deixou de funcionar em março de 2016. O laboratório era considerado uma etapa preliminar para a construção de uma estação espacial. No mesmo ano, a China lançou o seu segundo módulo espacial, Tiangong-2, onde os taikonautas realizaram acoplamentos técnicos..O programa espacial chinês sofre um revés em 2017 com o fracasso do lançamento do Longa Marcha 5, um equipamento crucial que permite propulsar as pesadas cargas necessárias para algumas missões. Este contratempo leva a um atraso de três anos para a missão Chang'e 5. Executada apenas em 2020, a missão permite que os chineses enviem para a Terra amostras da superfície lunar, algo que não acontecia há 40 anos..Em janeiro de 2019, a China obtém outro sucesso com um feito inédito à escala mundial: a alunagem de um robô, o "Coelho de Jade 2", na face oculta da Lua..Já em junho de 2020, o país asiático lança o último satélite para concluir o seu sistema de navegação Beidou, que compete com o GPS norte-americano..Em julho de 2020, a China envia a Marte a sonda Tianwen-1, transportando um robô com rodas e comandado remotamente chamado Zhurong, que pousa na superfície de Marte em maio de 2021. Os cientistas também mencionam o sonho de enviar pessoas para Marte num horizonte não muito distante. Além disso, o responsável pela agência espacial, Xu Honglian, menciona a possibilidade de realizar uma missão para Júpiter até 2030..Neste sábado, três taikonautas chegaram à primeira Estação Espacial da China, cuja montagem começou em abril, com a colocação em órbita do seu módulo central..A missão deve durar seis meses, a mais longa prevista para uma tripulação chinesa, como o dobro do tempo da missão anterior, lançada em abril, que durou 90 dias..Para terminar a montagem da estação, batizada de Tiangong (Palácio Celestial, em chinês), serão necessárias onze missões. Uma vez concluída, a estação deverá orbitar a entre 400 e 450 quilómetros de distância da superfície terrestre por um período de dez anos, com a ambição de manter a presença humana no espaço por um longo período..Em princípio, a China não planeia usar sua estação espacial para a cooperação internacional, mas as autoridades já disseram que estão abertas a colaborar com outros países.