O líder centrista neerlandês Rob Jetten declarou esta quinta-feira, 30 de outubro, estar “muito confiante” de que conseguirá formar governo, depois do D66 ter surpreendido todos e estar a lutar pelo lugar de formação mais votada nas legislativas antecipadas de quarta-feira, nas quais o Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, liderado por Geert Wilders, perdeu terreno. Esta quinta-feira à tarde, com a maioria dos votos contados, o D66 estava cerca de 15.000 votos à frente do PVV, colocando-o na dianteira para liderar as negociações para a formação do próximo governo dos Países Baixos - com 99,7% dos votos contados previa-se que cada um destes dois partidos deverá conquistar 26 lugares entre os 150 deputados do Parlamento. De acordo com a imprensa neerlandesa, face à indefinição de um resultado final, a reunião prevista para esta sexta-feira para nomear um “olheiro” encarregado de explorar uma possível nova coligação foi adiada para terça-feira. De notar que as negociações poderão levar semanas ou meses, como referiu ontem Joost Eerdmans, do partido de direita JA21, um potencial parceiro de coligação num futuro governo: “Prefiro ter um executivo estável daqui a uns meses do que um governo caótico antes do natal.” O próprio primeiro-ministro cessante, Dick Schoof, brincou com o assunto, dizendo que formar um novo governo antes do natal não estaria de acordo com as tradições do país e seria “anti-neerlandês”.Estas projeções ficam bastante aquém do resultado conseguido em 2023 pela extrema-direita, que elegeu então 37 deputados, mas, mesmo que Wilders veja o seu PVV sair novamente vencedor, é muito improvável que volte a liderar ou sequer fazer parte de umas negociações com vista à formação de uma coligação governamental, já que os outros partidos mostraram a sua indisponibilidade para o fazer. O que leva a que o D66 seja o partido mais bem posicionado para avançar, colocando assim Rob Jetten, de 38 anos, no bom caminho para se tornar no próximo primeiro-ministro dos Países Baixos, o que a acontecer tornará Jetten no mais jovem e no primeiro chefe de governo assumidamente homossexual do país. Jetten, um antigo atleta júnior, foi fotografado no mês passado numa revista desportiva a correr em frente ao gabinete do primeiro-ministro holandês em Haia, num prenúncio do que viria a acontecer nas eleições. Antigo vice-primeiro-ministro e ministro para o Clima e Energia no último governo de Mark Rutte, conseguiu levar o D66, cuja liderança assumiu em agosto de 2023, ao seu melhor resultado eleitoral de sempre - há dois anos tinham elegido apenas nove deputados. Falando na quarta-feira à noite aos seus apoiantes, Jetten afirmou que o apoio ao seu partido pró-europeu marcou o fim do domínio da extrema-direita na política neerlandesa. “Virámos a página sobre Wilders”, declarou debaixo de aplausos. “Mostrámos não só aos Países Baixos, mas também ao mundo, que é possível derrotar os movimentos populistas e de extrema-direita.”Sem razões para celebrar ficou a esquerda, com a coligação GL&PvdA, que liderava até agora a oposição e que nas sondagens surgia em segundo lugar atrás do PVV, a não ir além do quarto posto, com uma previsão de 20 deputados, menos cinco do que os atuais. Cenário que levou o seu líder e antigo vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, a demitir-se da liderança. .Wilders é o favorito, mas os Países Baixos devem acabar com um governo centrista .Eleições nos Países Baixos. Projeções colocam progressistas à frente da extrema-direita