Crónica de Israel: Halina, sobrevivente de Auschwitz

Crónica de Israel: Halina, sobrevivente de Auschwitz

Uma judia polaca de 95 anos, hoje cidadã de Israel, relembra alegria de ser resgatada das mãos dos nazis.
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Halina Birenbaum pode não ser tão famosa como o italiano Primo Levi ou o húngaro Imre Kertész, mas também ela sobreviveu aos campos de concentração e ousou contar em livro o que sofreu como judia polaca. Não a conhecia, mas ouvi-a agora em Jerusalém relembrar, com 95 anos, o dia de felicidade em que viu os guardas alemães desaparecer e surgir no horizonte um tanque russo.

Aconteceu já em maio de 1945 essa libertação, pois Halina tinha sido obrigada, com milhares de outros presos, a caminhar de campo em campo pelos soldados nazis até à Alemanha. Tentavam ocultar através da marcha forçada o mal que tinham feito em Auschwitz, na Polónia ocupada, e para trás deixaram só os mais doentes. Aquele que ficou como símbolo máximo do terror nazi (morreram lá 1,1 milhões de pessoas) acabou por ser libertado pelo Exército Vermelho a 27 de janeiro de 1945, e por isso essa data tornou-se o Dia Internacional da Memória do Holocausto.

Em Israel, apesar do atual drama da libertação dos reféns nas mãos do Hamas e da precariedade dos cessar-fogos em Gaza e no Líbano, a celebração do que se passou há 80 anos foi vivida com uma intensidade muito especial, tantos são os que perderam familiares no Holocausto. Halina, que chegou a Israel como refugiada em vésperas da independência em 1948, foi a convidada de honra do Ministério dos Negócios Estrangeiros para uma cerimónia em que estiveram presentes muitos embaixadores. O representante alemão fez questão de se levantar não só para saudar a judia que foi a prisioneira 48693, como para garantir que o seu país continuará a assumir os erros do passado, a contar os factos e a ensinar nas escolas o que se passou. Halina não mostrou um discurso revanchista, apenas a enorme tristeza pelo sofrimento e por uma juventude destruída, pois tinha dez anos quando a Segunda Guerra Mundial começou. Os pais e um irmão morreram nos campos.

Halina deu como título ao seu livro A esperança é a última que morre. Uma lição de sobrevivência e coragem.

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