Crónica de Israel: Casa dos meninos ruivos continua vazia

Crónica de Israel: Casa dos meninos ruivos continua vazia

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Regresso, sete meses depois, a Nir Oz, um kibbutz de onde se avista Gaza, que fica a menos de dois quilómetros. Desta vez não se veem colunas de fumo em Khan Yunis, a cidade palestiniana mais próxima, pois continua em vigor o cessar-fogo entre Israel e o Hamas. Mas apesar da pausa nos combates, as casas, aqui, permanecem vazias, quase todas destruídas, e não faltam as que foram queimadas. Passo junto à casa da família Bibas, cheia de fotografias das duas crianças raptadas, Ariel e Kfir, da mãe, Shiri, e do pai, Yarden. Junto à entrada, está uma bola de futebol com a palavra Portugal.

Fundado em 1955 e famoso pelo jardim botânico, Nir Oz tinha cerca de 400 habitantes quando foi atacado a 7 de outubro de 2023. Um quarto deles foi morto ou sequestrado. Na minha primeira visita, estive na casa carbonizada da família Siman Tov. Volto a visitá-la. Continuam, na parede, as fotografias do casal Yonatan e Tamar, das gémeas de 5 anos Shahar e Arbel e do menino de 2 anos Omer, todos mortos naquela manhã de shabat, em que 1200 israelitas foram mortos, e mais de 200 feitos reféns.

A guerra que se seguiu, agora interrompida por uma frágil trégua, terá feito cerca de 47 mil mortos em Gaza, território controlado pelo Hamas, movimento que quer destruir o Estado Judaico.

Passado ano e meio, vivos ou mortos, 87 reféns continuam em Gaza. Desses, 29 foram levados do Nir Oz. Arbel Yehoud, que foi capturada pela Jihad Islâmica, deverá ser libertada amanhã, depois de um atraso que pôs em risco o cessar-fogo.

Dos Bibas, pouco se sabe. O Hamas afirma que Shiri e os meninos (Ariel tinha 4 anos no momento do rapto e Kfir 9 meses) morreram durante um bombardeamento israelita.

Pergunto ao capitão Roni Kaplan, que me acompanha na visita ao kibbutz, se pensa que os Bibas estão vivos. “Tenho esperança, mas não sei”, diz.

Há agora um apelo lançado nas redes sociais aos israelitas para vestirem laranja em apoio da família dos meninos ruivos.

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