“Criminoso. O teu lugar é em Haia”. Jornalista acusa Blinken em conferência de imprensa sobre Gaza

“Criminoso. O teu lugar é em Haia”. Jornalista acusa Blinken em conferência de imprensa sobre Gaza

Jornalista independente Sam Husseini foi retirado à força da sala por vários seguranças.
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Não terminou bem a última conferência de imprensa de Antony Blinken como secretário de Estado dos Estados Unidos.

O chefe da diplomacia norte-americana falava esta quinta-feira sobre o acordo de cessar-fogo em Gaza quando foi interrompido por um jornalista. “Criminoso. O teu lugar é em Haia [onde se situa o Tribunal Penal Internacional]”, gritou o jornalista independente Sam Husseini.

Blinken pediu ao repórter para respeitar o processo, mas foi novamente interpelado. “Respeitar o processo quando toda a gente, desde a Amnistia Internacional ao Tribunal Penal Internacional, diz que Israel está a cometer genocídio e extermínio. E quer que respeite o processo?”, questionou Husseini, enquanto já estava a ser retirado à força da sala por vários seguranças.

De acordo com a Reuters, Blinken voltou a ser interrompido pelo menos duas vezes por pessoas que denunciavam a abordagem dos Estados Unidos ao conflito na Faixa de Gaza.

O secretário de Estado norte-americano manifestou-se durante a conferência de imprensa confiante de que o cessar-fogo na Faixa de Gaza será implementado no domingo, após Israel ter adiado a sua votação e acusado o Hamas de recuar sobre o acordo.

"Estou confiante e espero que a implementação comece, como dissemos, no domingo", afirmou Antony Blinken.

Blinken disse ainda que tem estado a tentar solucionar os problemas que têm surgido em relação ao acordo de cessar-fogo anunciado na quarta-feira pelo Qatar, em colaboração com outros responsáveis da administração do Presidente cessante, Joe Biden.

"Não é surpreendente que num processo, numa negociação, que tem sido tão difícil, haja problemas. Estamos a tentar resolver este problema neste preciso momento", afirmou Blinken, sem mencionar mais detalhes.

A primeira fase do cessar-fogo de seis semanas prevê a libertação de 33 reféns detidos em território palestiniano, em troca de mil prisioneiros palestinianos detidos por Israel.

O gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, acusa o movimento islamita palestiniano Hamas de recuar "em certos pontos" para "exigir concessões de última hora".

O gabinete de segurança israelita, que deve aprovar o acordo antes de ser votado no conselho de ministros, avançou hoje que não se reunirá até ter obtido garantias dos países mediadores de que o Hamas "aceitou todos os elementos do acordo".

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, no qual mais de 1.200 pessoas foram mortas e cerca de 250 foram levadas como reféns para o enclave.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 46.788 mortos e cerca de 110.453 feridos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.

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