Uma criança mexicana de quatro anos corre risco de morte caso seja deportada dos Estados Unidos, segundo reportagem da BBC News. De acordo com a notícia, Sofia (nome fictício), que vive com os pais na Califórnia desde 2023, sofre de uma síndrome rara e grave do intestino que impede o corpo de absorver nutrientes. O tratamento que a mantém viva depende de equipamentos e cuidados médicos disponíveis apenas nos EUA.A menina nasceu prematura em Playa del Carmen, no México, e foi submetida a seis cirurgias quando ainda era bebé. Aos dois anos, após longos internamentos em hospitais da Cidade do México, sem melhoras, a família decidiu procurar ajuda fora do país. Descobriram então um programa do governo norte-americano que permitia solicitar entrada por razões humanitárias. Nos últimos anos, cerca de 532 mil pessoas - incluindo a família de Sofia - beneficiaram do visto humanitário oferecido pelo ex-presidente norte-americano Joe Biden. Em julho de 2023, cruzaram a fronteira da Califórnia com autorização temporária. Sofia foi hospitalizada e passou a receber nutrição intravenosa durante 14 horas por dia, além de suplementos administrados pela mãe através de uma sonda. O tratamento permitiu-lhe sair do ambiente hospitalar, frequentar a pré-escola e viver com relativa normalidade.Tudo mudou em abril deste ano, quando a família recebeu notificação das autoridades americanas informando a revogação do visto humanitário e das autorizações de trabalho. A medida insere-se numa série de revisões feitas pela administração Trump a programas implementados durante o mandato de Joe Biden.Com apoio de uma organização jurídica, os pais de Sofia apresentaram novo pedido de visto. A advogada Gina Amato alerta que, sem a continuidade do tratamento, a menina poderá morrer em poucos dias. Um médico que acompanha o caso afirmou, numa carta, que o tipo de assistência que ela recebe não está disponível fora dos Estados Unidos.O caso gerou reações políticas e diplomáticas. Trinta e oito congressistas democratas pediram formalmente ao governo que reconsidere a decisão. O consulado mexicano em Los Angeles acompanha a situação e está em contato com legisladores.Em resposta à BBC, o Departamento de Segurança Nacional garantiu que a família não está sob deportação ativa e que o novo pedido de visto está a ser avaliado. Ainda assim, a expressão da mãe de Sofia é de preocupação: “Se nos deportarem, ela morre.”nuno.tibirica@dn.pt.Receio de deportação leva residentes legais a apagar críticas a Trump e abandonar protestos.Administração Trump vai pagar mil dólares a cada imigrante que deixar os EUA por iniciativa própria