Coreia do Sul dispara tiros após soldados norte-coreanos atravessarem a fronteira
Jung Yeon-je / AFP

Coreia do Sul dispara tiros após soldados norte-coreanos atravessarem a fronteira

Incidentes semelhantes ocorreram a 9 e a 18 de junho, com os militares de Seul a dizer que ambas as incursões pareciam ter sido acidentais.
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A Coreia do Sul disparou na quinta-feira tiros de advertência depois de soldados norte-coreanos terem cruzados por breves instantes a fronteira, naquela que é a terceira incursão desse tipo este mês.

Na manhã de quinta-feira, “vários soldados norte-coreanos que trabalhavam dentro da DMZ, na linha de frente central, cruzaram a Linha de Demarcação Militar”, disse esta sexta-feira o Estado-Maior Conjunto de Seul. “Após as transmissões de alerta e os tiros de alerta dos nossos militares, os soldados norte-coreanos recuaram para o norte”, acrescentou.

Incidentes semelhantes ocorreram a 9 e a 18 de junho, com os militares de Seul a dizer que ambas as incursões pareciam ter sido acidentais.

As relações entre as duas Coreias estão num dos pontos mais baixos dos últimos anos, com Kim Jong Un a receber o líder russo Vladimir Putin esta semana e a assinar um acordo de defesa mútua que gerou polémica em Seul.

Em resposta, o Sul – um grande exportador de armas – disse que irá “reconsiderar” uma política de longa data que o impediu de fornecer armas directamente à Ucrânia.

O Norte, que possui armas nucleares, tem reforçado a fronteira nos últimos meses, acrescentando estradas tácticas e colocando mais minas terrestres, o que levou a "vítimas" entre as suas tropas devido a explosões acidentais, disse a Coreia do Sul.

“Embora a atenção esteja focada nas parcerias párias de Putin, o regime de Kim está a pôr imprudentemente os soldados em perigo com trabalhos de construção apressados ​​na fronteira inter-coreana”, disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.

O trabalho provavelmente visa "tanto manter os seus compatriotas dentro como manter os sul-coreanos fora", disse, alertando que "a falta de canais de comunicação inter-coreanos e de mecanismos de construção de confiança aumenta o perigo de escalada na áreas fronteiriças."

- Guerra de balões -

As duas Coreias também travam uma “guerra de balões”, com um ativista no Sul a confirmar esta sexa-feira ter feito o lançamento de mais balões com propaganda para o norte.

A medida deverá desencadear uma resposta de Pyongyang, que já enviou mais de mil dos seus próprios balões com lixo para o sul.

A poderosa irmã de Kim, Kim Yo Jong, porta-voz do regime, disse esta sexta-feira que "lenços e itens sujos" foram detetados perto da fronteira após os lançamentos e alertou que o Norte provavelmente responderia.

“É óbvio que algo vai acontecer agora que eles fizeram algo que lhes dissemos claramente para não fazerem”, disse num comunicado divulgado pela Agência Central de Notícias oficial da Coreia.

Legalmente, Seul não pode impedir que ativistas enviem balões através da fronteira devido a uma decisão judicial de 2023 de que as proibições representam uma violação injustificável da liberdade de expressão.

O ativista Park Sang-hak, que desertou da Coreia do Norte e envia panfletos anti-regime para o norte há anos, disse que fez flutuar 20 balões carregados de propaganda, bem como pen drives com K-pop e dramas de televisão através da fronteira na quinta-feira.

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