O Conselho da Europa afirmou esta terça-feira, 14 de outubro, estar alarmado com o “grande número” de pessoas detidas no Reino Unido pelo seu apoio à organização Palestine Action, classificada em julho pelo governo britânico como um “grupo terrorista”. De recordar que os membros este organismo, do qual Londres faz parte, assinaram a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que é aplicada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.Numa carta dirigida à secretária do Interior britânica, o comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa, Michael O’Flaherty, afirma que Londres tem de fazer uma “revisão abrangente” do seu policiamento de tais protestos, sublinhando que “as alterações após a adoção da Lei de Crimes Policiais, Sentenças e Tribunais de 2022 e da Lei de Ordem Pública de 2023 continuam a permitir que as autoridades imponham limites excessivos à liberdade de reunião e de expressão, e correm o risco de excesso de policiamento”.“Um grande número de detenções terá sido feito por exibir cartazes ou faixas expressando solidariedade para com a organização ou discordância com a decisão do governo de a proibir”, refere O’Flaherty na missiva, noticiada pela AFP. “Recomendaria que fosse realizada uma revisão abrangente da conformidade da legislação actual sobre o policiamento de protestos com as obrigações de direitos humanos do Reino Unido”.A Amnistia Internacional também já se insurgiu contra esta situação, dizendo que não deveria ser tarefa da polícia prender pessoas “pacificamente sentadas”, e que as detenções equivaliam a uma violação das obrigações do Reino Unido em matéria de direitos humanos.De acordo com o Guardian, centenas de pessoas já foram detidas desde que a proibição da Palestine Action entrou em vigor a 5 de julho, sobretudo por transportarem cartazes com a mensagem: “Oponho-me ao genocídio, apoio a Palestine Action”.Na manifestação de dia 4, por exemplo, a Polícia Metropolitana informou que 492 pessoas, entre os 18 e os 89 anos, foram detidas por apoio a este grupo proibido. A maioria das detenções ocorreu na Praça de Trafalgar, onde cerca de mil manifestantes permaneceram sentados e em silêncio, alguns empunhando cartazes de apoio à Palestine Action. Muitos dos detidos tiveram de ser carregados depois de se recusarem a andar, com cada pessoa a precisar de até cinco polícias para se afastar em segurança.Paula Dodds, presidente da Federação da Polícia Metropolitana, disse ao Independent que os polícias estão “fisicamente exaustos”, mas continuam a ser chamados “para estes protestos incessantes”. “O nosso foco deve ser manter as pessoas seguras numa altura em que o país está em alerta máximo devido a um ataque terrorista. Estamos emocional e fisicamente exaustos. O que farão os políticos e os polícias de alto nível a esse respeito?”, prosseguiu a dirigente associativa, referindo-se à ataque à sinagoga de Manchester no início do mês..Mais de 200 detidos em Londres num novo protesto de apoio à Palestine Action