Rebeldes sírios continuam a avançar e já estão às portas de Damasco.
Rebeldes sírios continuam a avançar e já estão às portas de Damasco.EPA/MOHAMMED AL RIFAI

Com os rebeldes já em Homs e às portas de Damasco, Irão e Rússia pedem diálogo

Principais aliados de Assad, que o regime diz não ter fugido da capital, parecem estar a mudar posição.
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Os rebeldes entraram este sábado em Homs e já estão nos subúrbios de Damasco, aproximando-se a partir do norte - depois de lançarem há menos de duas semanas uma incursão surpresa a partir de Idlib e rapidamente conquistarem Aleppo e Hama -, mas também vindos do sul. O gabinete do presidente sírio, Bashar al-Assad, garantiu que ele continua na cidade, apesar dos rumores de que teria fugido. E o ministro do Interior, Mohammed al-Rahmoun, alegou que há “um forte cordão militar” em redor da capital que ninguém conseguirá passar.

Da última vez que os rebeldes estiveram às portas de Damasco, a Rússia veio em defesa do regime de Assad, que já contava também com o apoio do Irão e de um Hezbollah libanês em plena força. Agora, os russos estão envolvidos numa guerra própria, na Ucrânia, e o Irão e os grupos regionais que apoiam estão fragilizados pelo conflito contra Israel e não parecem desejosos de ir em auxílio de Assad.

“Houve um consenso entre todos os participantes de que as hostilidades devem terminar imediatamente e a integridade territorial e a soberania nacional da Síria devem ser respeitadas”, disse o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, após uma reunião no Qatar com os homólogos da Rússia e da Turquia (que apoia os rebeldes). “O mais importante é iniciar conversações políticas entre o Governo sírio e os grupos legítimos de oposição”, disse Araghchi, citado pela IRNA.

O mesmo defendeu o russo Sergey Lavrov, segundo a TASS: “Apelamos à cessação imediata das ações militares e ao início do diálogo entre o governo e as forças legítimas da oposição.” O apelo público a negociações, quando os rebeldes já estão às portas de Damasco, vai contra a posição assumida anteriormente pelos dois principais aliados do regime.

Em momento algum, Teerão e Moscovo (que continua a bombardear posições rebeldes) falaram em mais apoio militar para Assad, que está no poder há 24 anos e sucedeu ao pai, Hafez, que controlava o país desde 1970. Este sábado, uma estátua sua foi derrubada nos subúrbios sul de Damasco por um grupo de manifestantes antirregime, havendo a indicação de que o Exército estará a recuar.

À margem de qualquer esforço diplomático, os rebeldes avançavam para a capital, e forçavam as forças de Assad a fugir de Homs - mais a norte. Em Damasco, o Exército sírio dizia estar a fortificar posições face aos “terroristas”. Num comunicado, um comandante rebelde, Hassan Abdul Ghany, prometeu, entretanto, “surpresas no coração da capital” para o “regime criminoso”, sem dar mais explicações. 

susana.f.salvador@dn.pt

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