O encontro entre os líderes das duas maiores potências mundiais estava a ser muito aguardado pelo mundo fora devido às repercussões de uma eventual guerra comercial sem quartel entre ambas que adviesse de um fracasso. Mas a reunião de 100 minutos, que teve lugar na base aérea de Busan, na Coreia do Sul, correu de forma “verdadeiramente excelente”, segundo Donald Trump, tendo chegado a acordo sobre os temas mais prementes, incluindo o fim da limitação das exportações de minerais críticos por parte da China e da qual a indústria norte-americana depende. Mas o acordo é válido apenas por um ano. No final do reencontro - os líderes não estavam juntos desde 2019 -, o presidente dos Estados Unidos embarcou no Air Force One e faltou à cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico, bloco que congrega 21 países da região, reunido em Gyeongju, a cerca de 70 quilómetros de Busan. Foi no avião presidencial que Trump confirmou que irá visitar a China em abril e que mais para o final de 2026 Xi irá visitá-lo em Washington ou na sua residência de Mar-a-Lago, na Florida. E também onde deu a sua versão sobre a reunião bilateral.Fentanilo e taxasTrump havia dito que o primeiro tema a abordar estaria relacionado com o fentanilo, o poderoso opioide que causou uma onda de dependência na América do Norte. A Casa Branca tinha aplicado uma taxa aduaneira de 20% pelo papel chinês no fabrico e disseminação do fentanilo. Com Xi a comprometer-se em combater esse tráfico, Trump anunciou a redução dessa taxa específica para 10%. Desta forma as tarifas médias sobre produtos chineses são de 47%. Além disso, as duas partes prolongaram uma trégua anunciada em maio sobre aumentos anunciados de taxas.Minerais críticosO presidente norte-americano revelou que a China tinha concordado em reverter as restrições às exportações de terras raras e da tecnologia e equipamento utilizados no seu processamento durante o período de um ano. Depois de os EUA terem introduzido restrições à exportação de produtos e avançado com taxas portuárias específicas para navios associados ao comércio chinês, Pequim ripostou no dia 9 com o anúncio de que iria impor controlos apertados à exportação de terras raras. No dia seguinte, Trump denunciou essa medida como “hostil” e ameaçou com a imposição de taxas aduaneiras de 100%. Mas após vários dias de tensões e ameaças, o secretário do Tesouro Scott Bessent e o vice-primeiro-ministro He Lifeng entram em diálogo, preparando terreno para as negociações que se desenrolaram dias depois na Malásia, e que culminaram com o encontro entre Xi e Trump. Pequim confirmou a medida através de um comunicado do Ministério do Comércio, ao dizer ter aceitado suspender durante um ano “a aplicação das medidas de controlo das exportações em causa, anunciadas em 9 de outubro, e irá analisar e aprimorar planos específicos”. SojaA China deixou de comprar soja e outros produtos agroalimentares aos EUA em resposta à política tarifária de Trump, deixando os empresários agrícolas norte-americanos numa situação delicada. Trump disse que Pequim comprometeu-se em adquirir uma “quantidade tremenda” de soja, sorgo e outros produtos agrícolas americanos. “Os agricultores devem imediatamente ir comprar mais terras e tratores maiores”, escreveu o empresário nova-iorquino no Truth Social. “Gostaria de agradecer ao presidente Xi por isso!”. Mas Pequim não deu informações sobre o tema. Segundo a Reuters, a empresa estatal chinesa COFCO encomendou na véspera da reunião três carregamentos de soja aos EUA. Mais tarde, o secretário Bessent disse que o governo chinês se comprometeu em adquirir 12 milhões de toneladas métricas de soja, ainda assim uma redução significativa em relação ao ano passado (22,5 milhões de toneladas). Grande consumidor de soja - importa mais de 60% da produção mundial -, a China recorreu à Argentina e ao Brasil para suprir a soja dos EUA..Trump anuncia negociações para a China comprar energia aos Estados Unidos .Trump reduz tarifas à China para 10% e promete reforço da cooperação após "reunião incrível" com Xi Jinping