Demorou duas horas e dois minutos a videoconferência entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, disse a TASS. Os norte-americanos foram mais lestos a confirmar o teor da mensagem de Joe Biden a Vladimir Putin. Já o Kremlin demorou mais para admitir que tinha pedido garantias de que a NATO não irá expandir-se para leste..Segundo a agência noticiosa russa, durante as saudações entre Joe Biden e Vladimir Putin, o primeiro exprimiu o desejo de que haja lugar a um encontro presencial no futuro. A agência limitou-se a expor os temas que estavam na agenda - Ucrânia, expansão a leste da NATO, "temas bilaterais e de estabilidade estratégica" - e que a ligação entre Washington e a residência presidencial em Sochi foi a primeira realizada através de uma linha segura para uso entre líderes mundiais. Apesar de ter transpirado muito mais do que os encontros entre Putin e Donald Trump em Helsínquia e Osaca - desconhecem-se os temas abordados -, a TASS não transmitiu a advertência de Biden que era esperada, e que se terá consumado, sobre as consequências de uma invasão russa à Ucrânia..DestaquedestaqueÀs garantias pedidas por Putin para que a NATO não se expanda, Biden "não fez promessas, nem concessões", garantiu um assessor..Já a RT - órgão financiado pelo Kremlin - mencionou a questão e destacou declarações do vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Riabkov, segundo o qual reconheceu que os contactos ao mais alto nível eram "extremamente necessários" e que ambos os países têm "multiplicado problemas" sem atingir qualquer evolução positiva..Horas depois, o Kremlin reagiu em comunicado ao encontro: "A Rússia está seriamente interessada em obter garantias legais fiáveis que excluam a expansão da NATO para leste e a instalação de armas de ataque ofensivas em países adjacentes à Rússia". Logo após as conversações, a Casa Branca emitiu um comunicado, segundo o qual Biden "expressou as profundas preocupações dos Estados Unidos e dos aliados europeus sobre a escalada das forças russas em torno da Ucrânia", e "deixou claro" que o Ocidente reagiria "com fortes medidas económicas e outras no caso de uma escalada militar"..Ucrânia domina agenda entre Biden e Putin.Biden salientou ainda "o apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia e apelou à desescalada e ao regresso à diplomacia", disse a declaração, mais tarde reforçada por outra assinada também pelos líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Itália. "Os líderes sublinharam seu apoio à soberania da Ucrânia e sua integridade territorial, assim como a necessidade de que a Rússia reduza as tensões e se envolva na diplomacia"..Durante as conversações com Biden, Putin respondeu que o aumento das tensões não deveria ser "colocado sobre os ombros da Rússia". Sobre a pressão russa para que a Ucrânia e a Geórgia não possam ser admitidas na Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), o presidente norte-americano "não fez promessas, nem concessões" às exigências russas, assegurou o assessor de Segurança Nacional Jake Sullivan. Biden acredita que qualquer país deve poder "escolher livremente" com quem se associar, disse Sullivan..Putin empurra responsabilidade da tensão na Ucrânia para o Ocidente ."É a NATO que está a fazer tentativas perigosas de utilizar o território ucraniano e a aumentar o seu potencial militar nas nossas fronteiras", disse Putin a Biden, segundo o Kremlin. Segundo o conselheiro de relações internacionais do Kremlin Yuri Ushakov, Putin assegurou Biden de que as tropas russas "não estão a ameaçar ninguém". "O presidente afirmou-o", disse Ushakov, que reiterou o desmentido de que a Rússia estaria a preparar uma invasão no início de 2022..Durante as conversações, Putin sugeriu a Biden que Moscovo e Washington levantassem todas as restrições ao pessoal das embaixadas em ambos os países, segundo o Kremlin. "O lado russo propôs a anulação de todas as restrições acumuladas ao funcionamento das missões diplomáticas, o que também poderia servir para normalizar outros aspectos das relações bilaterais"..Os serviços consulares da embaixada dos EUA em Moscovo foram severamente restringidos após a Rússia ter proibido a missão de empregar pessoal local como parte da respostas às sanções. A embaixada advertiu, em outubro, que poderia mesmo deixar de desempenhar a maioria das suas funções no próximo ano, a menos que houvesse progressos com a Rússia no aumento do número de vistos para os diplomatas..A China reagiu ao boicote diplomático anunciado na segunda-feira pelos Estados Unidos aos Jogos Olímpicos de inverno, que decorrem na capital chinesa entre 4 e 20 de fevereiro próximo, com uma ameaça vaga. "Os Estados Unidos pagarão o preço das ações equivocadas. Fiquem atentos", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian. "A tentativa dos Estados Unidos de interferir nos Jogos Olímpicos de inverno de Pequim devido ao preconceito ideológico, com base em mentiras e rumores, expõe apenas as suas intenções sinistras", declarou Zhao. Washington alegou que não enviará qualquer representante diplomático - embora os atletas compitam - devido às violações de direitos humanos do regime comunista, em especial na região de Xinjiang. Organizações de direitos humanos afirmam que pelo menos um milhão de muçulmanos estão em "campos de reeducação"..cesar.avo@dn.pt