Cartazes identificam casas de pessoas com teste positivo na Venezuela

No cartaz, de fundo branco com um círculo vermelho com uma linha diagonal no centro, parecido aos que indicam uma proibição aos motoristas de viaturas, é possível ler a mensagem: "Família em quarentena preventiva. Não se aceitam visitas".

O presidente da Câmara Municipal de Sucre, no Estado de Yaracuy, Venezuela, ordenou a colocação de cartazes a identificar as casas das pessoas que testaram positivo à covid-19, denunciou a oposição venezuelana.

"Hoje vimos o 'alcaide' de Sucre, Adrián Duque, colando papéis na casa das pessoas que podem estar padecendo da covid-19, quando deveria levar vacinas a todo os cidadãos desse município. Vemos como viola o direito à intimidade e a não ser discriminado", denunciou Humberto Prado, representante do líder da oposição, Juan Guaidó, para a área dos direitos humanos.

A denúncia foi feita através de um vídeo divulgado na rede social Twitter onde Humberto Prado sublinhou que o militante do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo) está ainda "ameaçando as pessoas que retirem os cartazes de que lhes eliminará o benefício" de receber as "bolsas de alimentos", a preços subsidiados pelo estado.

"Apelamos aos organismos internacionais, ao escritório da Alta Comissária [da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet] e à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos que documentem este tipo de atitude e conduta dos funcionários que representam o regime nas diferentes entidades do país", escreveu.

Entretanto, através do Twitter, foi divulgado um vídeo, onde aparece um indivíduo com máscara, cobrindo o nariz e a boca, e que poderia ser o político venezuelano, apontando para um cartaz e explicando que será colocado "em todas as casas onde haja um paciente com a covid-19".

No cartaz, de fundo branco com um círculo vermelho com uma linha diagonal no centro, parecido aos que indicam uma proibição aos motoristas de viaturas, é possível ler a mensagem: "Família em quarentena preventiva. Não se aceitam visitas".

"Alerta pois. Cuidemo-nos em saúde. A consciência é a melhor vacina para a covid", diz o indivíduo no vídeo.

O Ministério Público venezuelano já reagiu à denúncia e anunciou que iniciou uma investigação contra o político venezuelano e que ordenou que os cartazes sejam retirados.

"Segregação: O Ministério Público abriu uma investigação penal contra o 'alcaide' Luís Adrián Duque, de Yaracuy, que de maneira unilateral e fora da política do Estado venezuelano para combater a pandemia marcou macabramente as casas dos pacientes que sofrem da covid-19", anunciou o procurador-geral na sua conta do Twitter.

Na mesma rede social, numa outra mensagem, Tarek William Saab explicou que o Ministério Público e a Procuradoria de Justiça "atuaram de maneira conjunta para proceder a remover os insólitos avisos colocados seletivamente nas casas desses doentes".

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 169.074 casos de covid-19. Há ainda 1.693 mortes associadas ao novo coronavírus, desde o início da pandemia.

O país recebeu meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm e 150 mil doses da vacina russa Sputnik V.

De acordo com a Academia de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões das quais para pessoal prioritário.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.874.984 mortos no mundo, resultantes de mais de 132,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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