Buscas na casa do ex-presidente do Brasil. Bolsonaro obrigado a entregar o passaporte
DOUGLAS MAGNO / AFP

Buscas na casa do ex-presidente do Brasil. Bolsonaro obrigado a entregar o passaporte

Ex-presidente, presidente do seu partido, ex-ministros e militares foram alvo de uma operação policial que apura tentativa de golpe de estado após eleição de Lula.
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Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal do Brasil deflagrada nesta quinta-feira, dia 8, que apura a tentativa de golpe de estado em 2022, após a eleição de Lula da Silva. Os agentes foram a uma das casas do ex-presidente, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e determinaram que ele entregasse o passaporte. Como Bolsonaro alegou não o ter em casa, a polícia deu 24 horas para a entrega.

Em rápida entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro disse-se “alvo de uma perseguição implacável”.

A Operação Tempus Veritatis, “tempo da verdade” em latim, apura o estabelecimento de uma organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para a manutenção do então presidente no poder, após a eleição de Lula da Silva, em outubro de 2022.

O que baseia a operação é a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Além de Bolsonaro, a polícia cumpre 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva contra Augusto Heleno e Braga Netto, ambos generais, e Anderson Torres, todos ex-ministros muito próximos do anterior presidente.

O ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha também foram alvo, assim como Valdemar Costa Neto, presidente do partido de Bolsonaro.

Polícia Federal fala em ajuste de minuta de plano golpista

A Polícia Federal brasileira ja veio revelar que Jair Bolsonaro recebeu e ajustou a minuta de um decreto para se executar um golpe de Estado que previa deter juízes, líder do Senado e novas eleições.

"Conforme descrito, os elementos informativos colhidos revelaram que Jair Bolsonaro recebeu uma minuta de decreto apresentado por Filipe Martins e Amauri Feres Saad [assessores do ex-Presidente] para executar um Golpe de Estado, detalhando supostas interferências do Poder Judiciário no Poder Executivo e ao final decretava a prisão de diversas autoridades", diz a Polícia Federal na decisão divulgada pelo juiz do STF Alexandre de Moraes, que autorizou a operação Tempus Veritatis.

"Entre as quais [autoridades], os juízes do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e por fim determinava a realização de novas eleições", acrescentou.

Segundo a investigação, Bolsonaro terá pedido alterações nessa minuta de decreto, retirando da minuta do alegado decreto os nomes de Pacheco e Mendes como alvos de detenção, permanecendo essa decisão apenas para o juiz Alexandre de Moraes, bem como a realização de novas eleições.

"Nesse sentido, era relevante para os investigados monitorizarem o juiz Alexandre de Moraes para executarem a pretendida ordem de prisão, em caso de consumação do golpe de Estado", afirmou a Polícia Federal.

Moraes é juiz do STF muito criticado por Bolsonaro e pelos seus aliados, devido ás investigações sobre notícias falsas, tentativa de golpe de Estado e outros inquéritos que envolvem o ex-Presidente.

A equipa de investigação da Polícia Federal informou que comparou os voos realizados por Moraes com os dados de acompanhamento realizados pelos investigados e descobriu que o juiz foi monitorizado.

"A análise dos dados confirmou que juiz Alexandre de Moraes foi monitorizado pelos investigados, demonstrando que os atos relacionados à tentativa de Golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito estavam em execução", destacou a PF.

*com Lusa

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