À saída da reunião “construtiva” com Macron, o primeiro-ministro disse que o anúncio do executivo é feito até domingo.
À saída da reunião “construtiva” com Macron, o primeiro-ministro disse que o anúncio do executivo é feito até domingo.SARAH MEYSSONNIER / POOL / AFP

Barnier apresenta a Macron Governo de “derrotados”

Oposição à esquerda critica a composição do executivo negociado durante duas semanas pelo ex-comissário europeu. O ex-primeiro-ministro Gabriel Attal exigiu ao sucessor que os impostos não subam para a classe média.
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Quinze dias depois de ter sido indigitado primeiro-ministro de França, Michel Barnier conseguiu, por fim, apresentar ao presidente uma lista com os nomes de quem vai acompanhá-lo nas funções executivas. Uma reunião na tarde de quinta-feira com dirigentes dos partidos do centro e da direita para limar as arestas precedeu o encontro de Barnier com Emmanuel Macron, no palácio do Eliseu. A lista, que não foi divulgada oficialmente, representa uma viragem à direita, apesar de os partidos em torno de Macron manterem a maioria das 16 pastas ministeriais, num governo paritário e que totaliza 38 pessoas com os secretários de Estado. O anúncio oficial será feito antes de domingo.

O ex-primeiro-ministro Gabriel Attal, líder do Renascimento, estendeu o braço-de-ferro com o seu sucessor ao máximo. A França encontra-se numa situação financeira preocupante - o presidente do Tribunal de Contas, Pierre Moscovici, disse que o país “perdeu o controlo das finanças”, com a dívida pública e o défice em espiral crescente. No entanto, Attal fez saber a Barnier que só haveria governo se este se comprometesse a não subir os impostos “para os franceses que trabalham”.

Em paralelo, o primeiro-ministro enviou às comissões de finanças da Assembleia Nacional e do Senado os documentos elaborados pelo governo demissionário para o Orçamento do Estado de 2025. O presidente da comissão das Finanças do Parlamento, Éric Coquerel (França Insubmissa), lamentou que “o governo de Michel Barnier está em plena sintonia com a política de austeridade concebida por Bruno Le Maire [o anterior ministro das Finanças]”.

Além da questão fiscal, Attal exigiu também que o dossiê da imigração venha a ser tratado com “rigor e humanidade”. 

Segundo os nomes postos a circular pelos próprios partidos e pela imprensa, do anterior executivo sobra Sébastien Lecornu (que se mantém na Defesa), Catherine Vautrin (atualmente ministra do Trabalho e da Saúde e que irá ficar com o Território), Jean-Noël Barrot (atual secretário de Estado para a Europa e que será promovido a ministro dos Negócios Estrangeiros) e Rachida Dati (Cultura). Os Republicanos, o partido de direita de Barnier, apesar ter recebido 5,4% dos votos, terá três ministros (Interior, Agricultura e Ultramar) e cinco secretários de Estado. 

“Com Macron, quem vai fazer parte do governo são todos os derrotados das eleições”, criticou o coordenador da França Insubmissa, Manuel Bompard. Este apelou para a mobilização popular na manifestação marcada para sábado contra “a maior fraude da V República”.

Se, como é de esperar, o presidente aprovar a composição do governo, o primeiro-ministro irá apresentará a sua mensagem política no dia 1 de outubro, um discurso pronunciado na Assembleia Nacional e que marca o início de funções do executivo.

cesar.avo@dn.pt

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