As autoridades lituanas suspenderam esta sexta-feira, 24 de outubro, temporariamente o tráfego aéreo em dois dos principais aeroportos do país, Vilnius e Kaunas, devido à presença de balões meteorológicos provenientes da Bielorrússia."Os aeroportos lituanos estão a tomar medidas rápidas para controlar a situação: os voos estão a ser desviados para o Aeroporto de Palanga, sempre que possível, e está a ser organizado transporte de autocarros para os passageiros", afirmou em comunicado o Ministério dos Transportes.O tráfego aéreo em ambos os aeroportos foi interrompido ao início da noite e permanecerá suspenso até à madrugada. Um total de quatro voos foram afetados no Aeroporto de Vilnius, enquanto outros três foram cancelados em Kaunas.O incidente tem lugar um dia depois da violação do espaço aéreo lituano por aviões russos, num incidente que levou à ativação de dois caças espanhóis ao serviço da NATO e levou Vilnius a apresentar à Rússia um “protesto veemente”. . "Na noite de 23 de outubro, o encarregado de negócios da Embaixada da Federação Russa na Lituânia foi convocado (...), foi-lhe entregue uma nota de protesto e foi emitido um veemente protesto em relação à violação do espaço aéreo lituano", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia em comunicado na noite de quinta-feira. Vilnius exigiu que a Rússia "explique imediatamente" os motivos da violação do espaço aéreo lituano e tome "todas as medidas necessárias para evitar que incidentes semelhantes se repitam", segundo a mesma fonte. O Ministério da Defesa russo, por sua vez, negou qualquer violação do espaço aéreo lituano. "Os voos foram realizados em estrita conformidade com as regras de utilização do espaço aéreo sobre o território russo. As aeronaves não se desviaram da sua rota e não violaram as fronteiras de outros Estados", afirmou o ministério russo no Telegram. .NATO detetou cinco caças russos perto do espaço aéreo da Lituânia. As Forças Armadas lituanas detalharam, em comunicado, que duas aeronaves russas entraram no espaço aéreo lituano a partir do enclave de Kaliningrado, localizado no oeste do país báltico, cerca das 18:00 (16:00 em Lisboa). As aeronaves identificadas foram um caça SU-30 e um avião de reabastecimento IL-78 que possivelmente realizavam manobras no enclave russo de Kaliningrado, situado a oeste da Lituânia, acrescentaram os militares lituanos. Os dois aparelhos entraram no espaço aéreo lituano cerca de 700 metros durante 18 segundos, referiu o mesmo comunicado. Em resposta ao incidente, dois caças espanhóis Eurofighter, que integram a missão de policiamento aéreo da NATO, levantaram voo e ficaram a patrulhar o local. O Presidente lituano, Gitanas Nauseda, condenou uma "flagrante violação do direito internacional e da integridade territorial da Lituânia", e apelou para uma resposta dos parceiros europeus. "Mais uma vez, [o incidente] confirma a importância de reforçar a preparação da defesa aérea europeia", sustentou Nauseda.Vizinhos da Rússia ou da sua aliada Bielorrússia, os três Estados bálticos membros da NATO e apoiantes acérrimos da Ucrânia (Lituânia, Letónia e Estónia), denunciaram todos violações recentes do seu território por aeronaves ou drones russos. Em setembro, três caças russos MiG-31 entraram no espaço aéreo estónio sobre o Golfo da Finlândia, onde permaneceram durante aproximadamente 12 minutos, segundo Tallinn. Este incidente levou a Estónia a convocar uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU e a ativação do artigo 4.º do Tratado de Fundação da Aliança Atlântica, que prevê consultas entre aliados em caso de ameaça a um dos seus membros. A incursão na Lituânia surgiu no dia em que a UE anunciou a aprovação do 19.º pacote de sanções contra a Rússia, logo depois dos Estados Unidos terem divulgado restrições dirigidas às duas maiores petrolíferas russas. As sanções de Washington contra as petrolíferas Rosneft e Lukoil foram justificadas com "a recusa de [o Presidente russo, Vladimir] Putin em parar a guerra insensata", numa referência à invasão da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022. Também nesta semana, o Presidente norte-americano, Donald Trump, adiou um encontro que estava previsto para decorrer em Budapeste com o homólogo do Kremlin, para discutir o conflito na Ucrânia.