Ataque israelita ao centro de Beirute faz pelo menos 11 mortos. Alvo terá sido "alto responsável" do Hezbollah
Pelo menos onze pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas num ataque, atribuído a Israel, que destruiu um edifício no bairro de Basta, no centro de Beirute, de acordo com informações do Ministério da Saúde do Líbano.
De acordo com o canal de televisão local Al-Manar, o ataque das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) destruiu por completo um edifício de oito andares e deixou uma enorme cratera.
Um outro canal de televisão libanês, o Al-Mayadeen, alertou que o número de mortos e feridos provavelmente aumentará porque vários residentes poderão ter ficado enterrados sob os escombros.
A agência de notícias estatal libanês Ani disse que o edifício foi atingido por cinco mísseis e que as equipas de resgate estão a trabalhar para remover os escombros.
De acordo com uma fonte de segurança libanesa citda pela agência de notícias AFP, estes ataques contra o bairro de Basta tinham como alvo um "alto responsável" do grupo xiita Hezbollah, mas "ainda não foi possível saber se foi morto", de acordo com a mesma fonte.
O ataque no centro de Beirute ocorreu horas depois de aviões das IDF terem realizado uma ofensiva, a quarta no espaço de 24 horas, contra os subúrbios do sul da capital, um bastião do movimento xiita libanês Hezbollah, após um novo apelo à retirada da população local.
No sul do Líbano, onde Israel realiza incursões terrestres desde 30 de setembro, em guerra aberta contra o Hezbollah, cinco socorristas ligados ao movimento pró-iraniano foram mortos, disse o Ministério da Saúde local.
No leste do Líbano, onde o Hezbollah também está presente, um ataque israelita matou Ali Rakan Allam, diretor do hospital Dar al-Amal, perto de Baalbeck, e seis membros do pessoal de enfermagem, na sua residência situada junto ao estabelecimento de saúde, segundo o ministério.
Estes ataques surgem numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que cerca de 230 profissionais de saúde tinham sido mortos no Líbano desde 07 de outubro de 2023, lamentando "um número extremamente preocupante".
O exército israelita admitiu ter "efetuado uma série de ataques contra os centros de comando terroristas do Hezbollah" nos subúrbios do sul de Beirut, na sexta-feira.
O ritmo dos ataques israelitas acelerou após a partida do enviado dos Estados Unidos, Amos Hochstein, que se deslocou a Beirute na terça e quarta-feira para tentar alcançar um cessar-fogo.
Israel entrou em guerra aberta com o Hezbollah a 23 de setembro, lançando uma intensa campanha de bombardeamentos no Líbano, na qual morreram pelo menos 3.645 pessoas, segundo o Ministério da Saúde libanês.
"As últimas semanas foram as mais mortíferas e devastadoras para o Líbano e a sua população em décadas", afirmou na sexta-feira o representante do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados no Líbano.
Ivo Freijsen acrescentou que a incerteza levou à deslocação de cerca de um milhão de civis - um em cada cinco libaneses -, dos quais quase 600 mil pessoas atravessaram a fronteira para a Síria, país que atravessa uma situação económica "desastrosa".
Outros ataques na Faixa de Gaza faz pelo menos 25 mortos, incluindo seis crianças
Outros ataques israelitas deste sábado mataram pelo menos 25 palestinianos, incluindo seis crianças, na Faixa de Gaza, segundo o novo balanço das autoridades de saúde do enclave palestiniano.
Sete pessoas da família Shaldan, incluindo três crianças, morreram num bombardeamento israelita que devastou a sua casa no bairro de Zaytun, na Cidade de Gaza, na parte norte do enclave.
Na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa, seis membros da família Abu Sabla, incluindo três crianças, foram mortos num ataque à sua casa de três andares. Outro palestiniano morreu num bombardeamento israelita contra uma casa na mesma cidade.
Fontes médicas relataram ainda ataques a um apartamento da família Abu Taqiya no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa, provocando quatro mortos, além de um incêndio que fez vários feridos.
Na sexta-feira, pelo menos 38 palestinianos morreram em toda a Faixa de Gaza devido aos ataques israelitas.
As forças israelitas que continuam a atingir, nomeadamente, a parte norte do enclave palestiniano, onde Israel lançou uma nova ofensiva há mais de 40 dias, especialmente nas cidades de Jabalia e Beit Lahia, provocando mais de 2.300 mortos e mais de 6.000 feridos.
O hospital Kamal Adwan foi novamente atacado depois de um 'drone' israelita ter destruído ontem o gerador elétrico, o depósito de água e os depósitos de oxigénio do centro hospitalar, onde permanecem 80 doentes.
"Parece não haver limites para a crueldade infligida aos palestinianos em Gaza. Durante mais de 40 dias, a população do norte está cercada, bombardeada, privada de meios básicos de sobrevivência e forçada a fugir sob ameaças", afirmou o chefe do Escritório para os Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) para a Palestina, Jonathan Whittal.
Whittal disse que as suas equipas têm tentado aceder a Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanun, as cidades mais afetadas, há mais de um mês, mas que as autoridades israelitas rejeitaram todos os seus pedidos.
"O resultado? As pessoas estão debaixo dos escombros sem serem resgatadas. Os doentes e os feridos não conseguem chegar aos hospitais. A água potável e a comida acabaram. Perderam-se vidas", disse o funcionário da ONU.