Os Estados Unidos e o Irão concluíram este domingo, em Mascate, a quarta ronda de negociações sobre o programa nuclear iraniano sem anunciar um avanço concreto, mas manifestando um otimismo cauteloso.No meio da crescente oposição dos EUA ao enriquecimento de urânio do Irão, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, e o enviado para o Médio Oriente, Steve Witkoff, realizaram uma nova ronda de negociações tendo Omã como mediador.A reunião aconteceu pouco antes de uma viagem do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Médio Oriente, que o levará à Arábia Saudita, ao Qatar e aos Emirados Árabes Unidos entre 13 e 16 de maio.“A quarta ronda de negociações indiretas entre o Irão e os Estados Unidos foi concluída. As discussões foram difíceis, mas úteis para compreender melhor as posições de cada um e encontrar formas razoáveis e realistas de ultrapassar as diferenças”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmail Baqhai, em declarações publicadas nas redes sociais.“Sentimo-nos encorajados pelos resultados das discussões de hoje e ansiosos pela nossa próxima reunião num futuro próximo”, adiantou um responsável norte-americano, citado pela agência de notícias francesa AFP sob anonimato.Segundo esta fonte, as discussões, “que foram novamente diretas e indiretas, duraram mais de três horas”.Pouco antes das negociações, Abbas Araghchi reafirmou que o direito do seu país ao enriquecimento de urânio é “inegociável”.Steve Witkoff tinha alertado na sexta-feira que a administração Trump se oporia a qualquer enriquecimento de urânio.“Isto significa desmantelar, proibir o armamento, e que Natanz, Fordo e Isfahan (as três instalações onde decorre o enriquecimento) devem ser desmanteladas”, afirmou.Além disso, acrescentou, se negociações de domingo “não forem produtivas, não vão continuar e teremos de tomar outro caminho”.As negociações visam concluir um novo acordo para impedir o Irão de adquirir armas nucleares, uma ambição que Teerão sempre negou, em troca do levantamento das sanções que estão a prejudicar a economia iraniana.Atualmente, o Irão enriquece urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo de 2015.O nível necessário de enriquecimento de urânio para fins militares é de 90%.Trump tem ameaçado repetidamente lançar ataques aéreos contra o Irão se não for alcançado um acordo.As autoridades iranianas, por seu lado, já alertaram para a possibilidade de poderem desenvolver uma arma nuclear com o urânio enriquecido a níveis próximos dos usados para armas.Entretanto, Israel ameaçou atacar as instalações nucleares do Irão se se sentir ameaçado, aumentando ainda mais a tensão no Médio Oriente, cuja situação já é grave devido à guerra entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas, na Faixa de Gaza.O acordo sobre o programa nuclear do Irão, assinado em 2015 entre Teerão e o chamado grupo P5 + 1 – cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido) mais a Alemanha, limitou o enriquecimento de urânio a 3,67% e reduziu a quantidade que podia ficar armazenada para 300 quilogramas.Este nível é suficiente para as centrais nucleares, mas está muito abaixo dos níveis necessários para criar armas nucleares.No entanto, em 2018, os Estados Unidos, já sob liderança de Donald Trump, retirara-se unilateralmente do acordo e, depois de várias tentativas sem êxito para reativar a parceria, o Irão foi abandonando todos os limites que tinha relativamente ao programa.