Após telefonema entre Trump e Putin, Rússia lança mais de 500 drones. Zelensky fala em ataque "cínico"
A Rússia lançou na madrugada desta sexta-feira, 4 de julho, 11 mísseis e 539 drones, incluindo dispositivos de ataque não tripulados Shahed e réplicas, contra a Ucrânia, num ataque que começou logo após uma conversa telefónica entre Donald Trump e Vladimir Putin.
Um ataque que a força aérea ucraniana considerou como sendo o maior desde o início da guerra, em curso há mais de três anos.
“O inimigo atacou com um grande número de ‘drones’ (...). Este é o maior número que o inimigo já usou num único ataque", disse o porta-voz da Força Aérea da Ucrânia, Yuri Ignat, à televisão ucraniana.
Para Kiev, estes ataques mostram o “desprezo” de Putin pelos EUA e pela paz
O presidente dos Estados Unidos ligou ao seu homólogo russo e depois do telefonema disse que estava “infeliz” com conversa, que não resultou em “nenhum progresso” na direção de uma solução negociada para acabar com a guerra.
As defesas aéreas ucranianas conseguiram neutralizar 478 dos drones e mísseis no ataque, que visou principalmente Kiev.
Entre os mísseis utilizados encontram-se um hipersónico Kinzhal e seis balísticos Iskander-M ou a sua variante norte-coreana, KN-23.
Nove dos mísseis e 63 drones atingiram os alvos, de acordo com a força aérea ucraniana, um número de acertos superior ao habitualmente registado.
Zelensky condena ataque "deliberadamente massivo e cínico"
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky já veio entretanto condenar o ataque russo que considerou "deliberadamente massivo e cínico".
“Este foi um dos ataques aéreos de maior escala, deliberadamente massivo e cínico. Foi uma noite brutal e sem sono”, escreveu Zelensky no Twitter.
Zelensky especificou que as forças russas lançaram 550 alvos, incluindo pelo menos 330 aeronaves de ataque não tripuladas Shahed, bem como mísseis balísticos.
"Mais uma vez, a Rússia demonstra que não tem intenção de pôr fim à guerra e ao terror. O alerta de ataque aéreo em Kiev só foi suspenso por volta das 9h00 de hoje (7h00 em Lisboa)", escreveu o líder ucraniano, acrescentando que os esforços de combate a incêndios e remoção de destroços continuam após este último ataque russo.
Segundo Zelensky, os primeiros alertas de ataque aéreo começaram a soar na quinta-feira quase simultaneamente às notícias sobre um telefonema entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder do Kremlin, Vladimir Putin.
“Isso é uma prova clara de que, sem uma pressão verdadeiramente em larga escala, a Rússia não mudará o seu comportamento estúpido e destrutivo. Para cada ataque desse tipo contra a população e vidas humanas, eles devem sofrer sanções apropriadas e outros golpes na economia, rendimentos e infraestrutura. Esta é a única coisa que pode ser alcançada rapidamente para mudar a situação para melhor. E isso depende de nossos parceiros, principalmente dos Estados Unidos", afirmou.
As forças de defesa ucranianas conseguiram abater 270 alvos aéreos, enquanto outros 208 ‘drones’ foram neutralizados com bloqueio eletrónico, disse.
Zelensky acrescentou que dezenas de aeronaves não tripuladas foram abatidas com ‘drones’ intercetadores e insistiu que os parceiros têm de continuar a apoiar a Ucrânia na defesa contra mísseis balísticos, algo de "importância vital", enfatizando: “[os sistemas] Patriot e seus mísseis são verdadeiros protetores de vidas".
O ataque ocorre pouco depois de os Estados Unidos terem suspendido a entrega de mísseis de defesa aérea Patriot à Ucrânia, justificando a decisão com a necessidade de terem de avaliar os níveis dos seus próprios ‘stocks’ de armas.
O som das explosões dos mísseis e drones russos e das defesas aéreas ucranianas foi ouvido durante grande parte da madrugada na capital ucraniana, testemunhou a agência EFE.
Mais de 20 pessoas ficaram feridas em Kiev durante o ataque, de acordo com o presidente da câmara, Vitali Klichko, que também anunciou o registo de danos em vários bairros da capital.