Depois de, no domingo, a Austrália ter pedido uma investigação independente à morte de 15 paramédicos e funcionários da defesa civil de Gaza pelas forças israelitas, o Crescente Vermelho da Palestina também o fez, mas com um apelo para o Conselho de Segurança da ONU. Horas depois, as forças israelitas disseram que a investigação preliminar ao ocorrido no dia 23 de março, quando as tropas abriram fogo contra um grupo de veículos a norte de Rafah, incluindo ambulâncias em marcha de emergência, se deveu a uma “ameaça sentida na sequência de um encontro anterior na zona”. Perante o escândalo crescente, o chefe do Estado-Maior israelita ordenou “uma investigação mais aprofundada” sobre os disparos.Em conferência de imprensa, o presidente do Crescente Vermelho da Palestina Younis al-Khatib apelou à criação de uma comissão de investigação internacional independente “para apurar os factos e responsabilizar os culpados” pelas 15 mortes. “Já não basta falar de respeito pelo direito internacional e pela Convenção de Genebra. Agora é necessário que a comunidade internacional e o Conselho de Segurança da ONU apliquem o castigo necessário contra todos os responsáveis”. O Crescente Vermelho mostrou a gravação completa de um vídeo gravado pelo paramédico Rifaat Radwan no seu telemóvel, momentos antes de ter sido morto, e que fora divulgado de forma parcial pelo The New York Times no sábado. .Vídeo contraria versão israelita e mostra veículos de ajuda humanitária atingidos por disparos em Gaza. Segundo o Crescente Vermelho, o vídeo mostra que “este não foi um incidente aleatório nem um erro individual, mas sim uma série de ataques deliberados”: o primeiro, diz, foi o disparo contra uma ambulância que estava a caminho para transportar vítimas depois de uma casa ter sido bombardeada. “Seguiu-se um ataque direto à caravana de ambulâncias”, isto “apesar de a equipa ter seguido todos os protocolos de segurança”, e por fim “o ataque a uma quarta ambulância que se dirigia para apoiar as outras”. O Crescente Vermelho informou ainda que a área não estava classificada pelos militares israelitas como “zona vermelha”, ou seja, não era necessária coordenação para aceder ao local. Por fim, revelou que o relatório forense preliminar indica que os socorristas foram mortos por “múltiplos ferimentos de bala na parte superior dos corpos”, o que é descrito como “mais uma prova de morte deliberada”.Também a Alemanha, através do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Christian Wagner, disse que é “urgentemente necessária uma investigação e a responsabilização dos autores” das mortes.No mesmo dia em que o porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas disse que 400 mil palestinianos foram deslocados desde o momento em que Israel pôs fim unilateral à trégua, sete diretores de agências da ONU chamaram a atenção para a situação humanitária na Faixa de Gaza e apelaram para um regresso ao cessar-fogo.No Cairo, onde participou num encontro com o líder egípcio Abdel Fattah al-Sissi e com o rei Abdullah II da Jordânia, o presidente francês Emmanuel Macron organizou uma conversa a quatro com Donald Trump, onde se falou na situação de Gaza. Os três homens reunidos no Egito concordaram que o futuro da Faixa de Gaza passa por uma governação “unicamente” a cargo da Autoridade Palestiniana, a qual deve ser reforçada.