O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulgheit, afirmou esta sexta-feira, 26 de dezembro, que o reconhecimento da Somalilândia por parte do Governo de Israel é uma medida "provocadora e inaceitável" que pode "minar a estabilidade regional".Abulgheit disse tratar-se de "uma clara violação das normas do Direito Internacional" e "uma violação flagrante do princípio da unidade e soberania dos Estados, que constitui um pilar fundamental da Carta das Nações Unidas e das relações internacionais"."Esta medida, adotada por uma potência ocupante que comete diariamente graves violações contra o povo palestiniano e os vizinhos dos territórios palestinos, ignorando as resoluções que têm legitimidade internacional, equivale a um ataque israelita à soberania de um Estado árabe e africano", afirmou, num comunicado publicado nas redes sociais.Nesse sentido, o secretário-geral da Liga Árabe advertiu que a decisão representa "uma tentativa de cooperar com terceiros para minar a estabilidade regional" em "total desrespeito" pelas normas que regem o Direito Internacional.Por outro lado, Gamal Roshdy, porta-voz de Abulgheit, lembrou que a região da Somalilândia é "parte integrante da República Federal da Somália", um país soberano e reconhecido internacionalmente, pelo que "qualquer tentativa de impor um reconhecimento unilateral constitui uma ingerência inaceitável nos assuntos internos" dessa nação.A Somália já tinha reagido ao reconhecimento de Israel, num comunicado conjunto com o Egito, a Turquia e o Djibuti, no qual os ministros dos Negócios Estrangeiros dos quatro países expressaram o receio de que este acordo com a Somalilândia esteja diretamente ligado à guerra de Gaza e que o estado separatista somali possa tornar-se o destino de uma deslocação forçada e ilegal do povo palestiniano."As partes enfatizam a rejeição categórica de qualquer plano para deslocar o povo palestiniano para fora do seu território, que a grande maioria dos países do mundo rejeita de forma categórica", acrescentaram.Também em comunicado, o gabinete do primeiro-ministro da Somália, Hamza Abdi Barre, condenou o "ataque deliberado à sua soberania" por parte de Israel, considerando que o reconhecimento da Somalilândia exacerba "as tensões políticas e de segurança no Corno de África, no Mar Vermelho e no Golfo de Áden, no Médio Oriente e na região em geral".O Governo somali reafirmou ainda o seu apoio "inabalável" aos direitos legítimos do povo palestiniano, "nomeadamente ao seu direito à autodeterminação, e a sua rejeição categórica da ocupação e das deslocações forçadas"."A Somália nunca aceitará tornar o povo palestiniano apátrida", acrescentou. Em agosto, vários meios de comunicação internacionais noticiaram discussões entre as autoridades israelitas e da Somalilândia para acolher palestinianos expulsos de Gaza.O Governo israelita já tinha reconhecido pela primeira vez a independência da Somalilândia, em 1960, durante os cinco dias de existência do chamado Estado da Somalilândia. O atual Estado separatista declarou a sua independência em 1991 e, embora mantenha certos contactos diplomáticos com vários países do mundo, nenhum país membro da ONU reconhecia a sua existência como Estado, até agora.