Ao conceder a derrota, Le Pen considerou o seu resultado uma "vitória esmagadora"
"Com mais de 43% dos votos, o resultado desta noite representa uma vitória esmagadora. Milhões de compatriotas escolheram o campo nacional e da mudança", afirmou a candidata de extrema-direita, num claro lançamento às eleições legislativas de junho.
A candidata derrotada às eleições presidenciais francesas Marine Le Pen considerou este domingo que o seu resultado foi uma "vitória esmagadora", respeitando, no entanto, a "escolha das urnas".
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"Um grande vento de liberdade poderia ter-se levantado sobre o país. A escolha das urnas, que respeito, decidiu de outra maneira", declarou Le Pen no discurso de derrota, no Pavilhão d'Armenonville, no nordeste de Paris.
A candidata da União Nacional afirmou que, "apesar de duas semanas de métodos desleais, brutais e violentos, semelhantes àqueles que os franceses aguentam no seu quotidiano", as ideias que o seu partido representa "atingiram um pico nesta noite de eleições presidenciais".
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"Com mais de 43% dos votos, o resultado desta noite representa uma vitória esmagadora. Milhões de compatriotas escolheram o campo nacional e da mudança", afirmou a candidata, que tinha no palco três bandeiras francesas colocadas à sua direita.
Exprimindo "gratidão" para com todos aqueles que votaram nela tanto na primeira volta das eleições presidenciais, como na segunda, Marine Le Pen afirmou que continuará a não esquecer a França "frequentemente esquecida".
"Estamos mais determinados do que nunca, e a nossa vontade de defender os franceses continua reforçada. Hoje, não tenho qualquer ressentimento nem rancor. Já fomos enterrados mil vezes e a história provou, mil vezes, que aqueles que previam ou esperavam pelo nosso desaparecimento estavam errados", indicou a candidata.
Le Pen frisou que, apesar da derrota, sentiu uma "esperança enorme" com o resultado que obteve hoje, que prova, tanto para os "dirigentes franceses como europeus", uma atitude de "desafio do povo francês contra eles, que não poderão ignorar".
"Hoje, os franceses manifestaram o desejo de um contrapoder forte face a Emmanuel Macron, de uma oposição que vai continuar a defendê-los e a protegê-los face à erosão do seu poder de compra, face aos ataques às suas liberdades", sublinhou.
Abordando os próximos cinco anos, Le Pen disse recear que o mandato que agora se inicia não irá "romper com as práticas de desprezo e brutais e que Emmanuel Macron não irá fazer nada para reparar as fraturas" que dividem a França e "fazem sofrer" os franceses.
"Por isso, para evitar a tomada do poder por alguns, agora, mais do que nunca, irei continuar com o meu compromisso para com a França e com os franceses, com a energia, a perseverança e a afeição que me conhecem", afirmou Le Pen, com a sala do pavilhão d'Armenonville a responder com uma grande ovação, aplausos e gritos de "Marine, Marine, Marine".
A candidata considerou que, com o resultado destas eleições presidenciais, assiste-se a uma "grande recomposição política", com o desaparecimento dos partidos tradicionais -- Partido Socialista e Os Republicanos -- e abordou as eleições legislativas, de 12 e 19 de junho, para sublinhar que "o jogo ainda não acabou".
"Lançamos esta noite a grande batalha das legislativas. Irei liderar essa batalha (...) com todos aqueles que tiveram a coragem de se opor a Emmanuel Macron nesta segunda volta, com todos aqueles que têm a nação cravada no corpo", referiu, em referência a restantes partidos de extrema-direita, como a Reconquête, de Eric Zemmour.
"O resultado histórico desta noite coloca o nosso campo numa posição excelente para elegermos vários militantes em junho. (...) Esta noite, volto a dizê-lo: nunca abandonarei os franceses", concluiu Le Pen.
No final, a candidata cantou a Marselhesa -- o hino francês -- em conjunto com os mais de 500 militantes e apoiantes que se encontravam na sala principal do pavilhão d'Armenonville.
O centrista Emmanuel Macron foi hoje reeleito Presidente de França, obtendo entre 57,6% e 58,20% dos votos na segunda volta das eleições, contra 41,80% e 43% de Marine le Pen, a candidata de extrema-direita, segundo as primeiras projeções.
Em 2017, a primeira vez que os dois se enfrentaram nas eleições presidenciais, o centrista Emmanuel Macron venceu com 66,10% dos votos, contra 33,90% de Marine le Pen, ou seja com uma vantagem significativamente mais clara do que nas eleições de hoje.
As últimas sondagens antes da votação de hoje já mostravam que Emmanuel Macron era o favorito com entre 10% e 15% pontos percentuais de vantagem na intenção de voto face a Marine le Pen, a candidata do partido de extrema-direita União Nacional.