Bashar al-Assad, o homem que reprimiu com mão de ferro a "primavera árabe", arrastou a Síria a uma guerra civil e foi salvo por Vladimir Putin, terá sobrevivido a uma tentativa de envenenamento. Assim o garante o Observatório Sírio para o Direitos Humanos, uma organização que ao longo dos anos se revelou uma fonte fiável sobre os acontecimentos naquele país.Segundo Rami Abdulrahman, diretor do referido observatório, Bashar al-Assad foi hospitalizado no dia 20, num hospital perto de Moscovo, reservado a altas figuras do regime de Vladimir Putin. De acordo com a "fonte privada" que passou a informação a Abdulrahman, Assad encontrava-se em estado crítico. Mas não só sobreviveu como terá recuperado ao ponto de na segunda-feira, nove dias depois, ter recebido alta hospitalar e regressado à casa onde se encontra exilado e sob fortes medidas de segurança. Quando o regime sírio caiu nas mãos das guerrilhas islamistas, em dezembro passado, Putin concedeu exílio a Assad e à sua família. Segundo a mesma fonte, o envenenamento, uma imagem de marca dos serviços secretos russos, não terá sido obra de Moscovo, nem do novo poder em Damasco, nem ainda dos Estados Unidos. A intenção teria sido implicar o regime russo, e aplicar nova humilhação a Putin depois de este ter investido recursos na guerra e Assad cair, e agora nem sequer garantir a sua segurança em território russo.Em Moscovo não há notícia do envenenamento de Assad. Mas poucos dias depois deste ter chegado à capital russa, uma popular conta russa no Telegram espalhou o rumor de que Assad teria sido envenenado, ao que os tabloides britânicos corresponderam com a publicação do que viria a confirmar-se como uma falsidade. O novo regime sírio, liderado por Ahmed al-Sharaa, tem pedido a Moscovo a extradição de Assad. Apesar dos ressentimentos causados pelos bombardeamentos indiscriminados e pelo uso de armas químicas junto da população civil em cidades como Idlib e Aleppo, a Rússia manteve até agora a presença militar na base naval de Tartus, na base aérea de Hmeimim (em Latáquia, no oeste) e no aeroporto de Qamishli (nordeste). A Rússia é acusada de ter contribuído para a desestabilização que desaguou nos confrontos sectários de março, e nos quais alauitas (a minoria xiita que governava o país) e tropas governamentais se enfrentaram, causando centenas de mortos.