Alemanha compra os fármacos usados para tratar Trump
"O governo comprou 200.000 doses por 400 milhões de euros", disse Spahn ao jornal Bild am Sonntag, calculando o preço de cada dose em 2.000 euros. Os doentes vão receber o tratamento gratuitamente, disse uma porta-voz do Ministério da Saúde à AFP.
Dois tipos diferentes de terapias com anticorpos monoclonais vão ser disponibilizados para hospitais universitários na próxima semana, com Spahn a afirmar que a Alemanha foi "o primeiro país da UE" a implementá-los na luta contra a pandemia.
Ambos os tratamentos foram aprovados para uso emergencial nos Estados Unidos, mas ainda não receberam luz verde dos reguladores europeus.
A porta-voz do ministério disse que o regulador nacional da Alemanha, o Instituto Paul Ehrlich (PIE), determinou que o uso dos medicamentos era "em princípio" permitido caso a caso, decidido pelos médicos, para prevenir "doenças graves ou hospitalizações entre certos grupos de risco ".
A Alemanha comprou doses da mistura de anticorpos Casirivimab / Imdevimab, da empresa norte-americana Regeneron, bem como o medicamento Bamlanivimab, da empresa americana Eli Lilly, acrescentou a mesma fonte.
Trump, que foi brevemente hospitalizado com covid-19 em outubro passado, enquanto era presidente dos EUA, foi tratado com a terapia Regeneron ainda antes de esta obter autorização formal. Mais tarde, quando recebeu alta, o ex-presidente norte-americano disse que o medicamento fez "um trabalho fantástico".
A versão do Regeneron é uma combinação ou "cocktail" de dois anticorpos feitos em laboratório: trata-se de proteínas de combate a infeções que foram desenvolvidas para se ligarem à proteína de superfície (spike) do coronavírus para impedi-lo de invadir células humanas.
A terapia da Eli Lilly funciona de maneira semelhante, mas usa um único anticorpo sintético.
"Eles funcionam como uma vacinação passiva. A administração desses anticorpos nos estágios iniciais pode ajudar os pacientes de alto risco a evitar uma progressão mais grave", disse Jens Spahn ao Bild.
A decisão da Alemanha de usar os medicamentos antes de a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) os autorizar ocorre num momento de crescente frustração com a distribuição mais lenta do que o esperado de vacinas na UE.
Os fabricantes de vacinas Pfizer / BioNTech e AstraZeneca disseram que entregariam menos doses do que o previsto na Europa, a curto prazo, devido a problemas de produção.
O governo alemão disse que, no entanto, espera ser capaz de oferecer a todos os alemães a vacinação até final de agosto.
Embora a Alemanha, a nação mais populosa da UE e sua maior economia, tenha lidado relativamente bem com a primeira onda de coronavírus na primavera passada, foi duramente atingida por um ressurgimento de casos nos últimos meses.
O surgimento de novas variantes mais contagiosas aumentou as preocupações, levando a Alemanha a restringir as viagens e aumentar os controlos de fronteira.
Este domingo, a polícia federal estava a realizar controlos nos aeroportos de Frankfurt e Munique para garantir que os passageiros que chegam de cerca de 25 países de "alto risco" apresentavam (ou realizavam na hora) um teste PCR negativo com menos de 48 horas.
A Alemanha registou já mais de dois milhões de casos desde o início da pandemia e mais de 50.000 mortes.