O social-democrata Olaf Scholz, que provavelmente substituirá a chanceler Angela Merkel no Governo alemão, anunciou esta quinta-feira uma série de medidas de combate ao novo coronavírus elaboradas pelos três partidos que negoceiam a nova coligação governamental.."O vírus ainda está entre nós, por isso, é importante tomar medidas para proteger a saúde dos cidadãos", disse Scholz, numa intervenção durante o debate no Bundestag (câmara baixa do parlamento) sobre as medidas incluídas no projeto de lei elaborado pelos social-democratas, Verdes e Partido Liberal (FDP), formações que possuem votos suficientes para que a legislação seja aprovada.."Devemos tomar muitas medidas necessárias para superar este inverno. Devemos proteger o nosso país do inverno", declarou o atual vice-chanceler e ministro das Finanças..O anúncio das medidas surge após o Instituto Robert Koch (RKI) ter divulgado um novo recorde de casos na Alemanha, que registou nas últimas 24 horas um total de 50 196 contágios e tem uma incidência semanal de 249,1 casos por cem mil habitantes..Nas últimas 24 horas, o país contabilizou ainda 235 mortes provocadas pela covid-19, segundo o RKI..Os dados confirmam a tendência de alta das últimas semanas no país, que tem a sua taxa de vacinação praticamente estagnada. Até terça-feira, 69,8% da população alemã havia sido vacinada com pelo menos uma dose, 67,3% tem o esquema vacinal completo..Scholz - que está a negociar uma coligação com os Verdes e o Partido Liberal (FDP) - disse que muitas pessoas não querem ser vacinadas, por isso é importante não abandonar os esforços para acelerar a campanha de vacinação.."O mais importante é não parar os esforços (...). Muitas pessoas não estão convencidas e temos que lançar uma grande campanha para que mais pessoas sejam vacinadas", disse..Alemanha ultrapassa pela primeira vez os 50 mil casos diários. Situação "dramática".Scholz apelou ao cumprimento das regras já existentes, como o uso de máscaras ou a apresentação de certificados de vacinação em determinados locais, e defendeu a necessidade de retorno aos testes gratuitos para viabilizar outras medidas.."Muitos querem prescindir de algumas regras, continuamos a considerá-las necessárias", afirmou..Scholz referiu ainda a situação nos lares e disse que o que aconteceu no inverno de 2020 não se pode repetir, assim, será imposta a obrigatoriedade de testes diários não só para os trabalhadores, mas também para os visitantes..No local de trabalho, de acordo com a nova lei, será obrigatório estar vacinado ou apresentar teste negativo diário..No projeto de lei, segundo Scholz, são atribuídos poderes aos Estados federais para imporem determinadas medidas de acordo com a conjuntura regional.."Alguns Estados federais querem que apenas os vacinados tenham permissão para entrar em restaurantes ou cinemas. Parece-me uma boa ideia", disse..A intervenção de Scholz foi a primeira em relação à crise de saúde desde a sua vitória nas eleições gerais de 26 de setembro..O responsável pela resposta a Scholz foi o chefe do grupo parlamentar da União Democrata-Cristã (CDU), Ralph Brinkhaus, que criticou o facto de não ter sido pensado o prolongamento do estado de alerta epidemiológico a nível federal, que expira a 24 de novembro..Diante disso, a copresidente do grupo parlamentar dos Verdes, Katrin Göring-Eckhardt, respondeu que a nova lei é necessária porque o Governo anterior, ainda em funções, não tomou medidas para quando aquela situação jurídica terminasse.."Dizer outra coisa é mentir e é rasteiro", retrucou Göring-Ekchardt a Brinkhaus.