Agência nuclear da ONU terá a missão "mais difícil" em Zaporíjia, diz Kiev
A Ucrânia defendeu esta segunda-feira que a missão da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) à central nuclear ucraniana de Zaporíjia será a mais difícil da organização devido aos combates em curso na zona.
"Esta missão será a mais difícil da história da AIEA devido à atividade de combate levada a cabo pela Rússia no terreno, mas também devido à forma óbvia como a Rússia está a tentar legitimar a sua presença no terreno", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, durante uma visita a Estocolmo.
O diretor-geral da AIEA (agência de vigilância nuclear que integra o sistema da ONU), Rafael Grossi, anunciou hoje de manhã que estava a caminho da central de Zaporíjia, no sudeste da Ucrânia, alvo de ataques nas últimas semanas que suscitaram receios de um acidente nuclear grave.
"Esperamos que a missão faça declarações claras sobre as violações de todos os protocolos de segurança nuclear", disse Kuleba numa conferência de imprensa com a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, citado pela agência francesa AFP.
Kuleba repetiu o apelo do Governo de Kiev para que o exército russo deixe a área, acusando Moscovo de "colocar a Ucrânia e o mundo inteiro em risco de um acidente nuclear".
"A Rússia deve partir. E a AIEA e outros países devem obrigá-los a partir", disse o chefe da diplomacia ucraniana.
Um apelo que Kuleba já tinha feito no domingo numa mensagem que publicou na rede social Twitter.
A missão da AIEA deverá chegar à central no final desta semana, de acordo com Rafael Grossi.
Os países do G7, "profundamente preocupados" com o risco de um acidente nuclear em Zaporíjia, apelaram hoje para que fosse garantido o acesso da missão da AIEA à central "sem obstáculos".
"Sublinhamos que todas as tentativas da Rússia para desligar a central ucraniana são inaceitáveis", disse também a organização que reúne os sete países mais industrializados do mundo.
A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, controla a central de Zaporíjia desde o início de março.
As forças ucranianas e russas acusam-se mutuamente de ataques que podem provocar um desastre nuclear.
A Ucrânia tem quatro centrais nucleares em funcionamento, com um total de 15 reatores, seis dos quais na de Zaporíjia, a maior do género na Europa.
O acidente nuclear mais grave de sempre ocorreu em solo ucraniano, em 1986, na central de Chernobyl, quando a Ucrânia fazia parte da antiga União Soviética.
Após mais de seis meses de guerra na Ucrânia, desconhece-se o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.