8647: a críptica mensagem do ex-diretor do FBI que Trump acusa de estar a apelar ao seu assassinato
O presidente dos EUA, Donald Trump, acusou o ex-diretor do FBI, James Comey, que demitiu em 2017, de apelar à sua morte nas redes sociais. Em causa está uma foto que este publicou no Instagram, tirada no seu "passeio pela praia", onde surge o número 8647 desenhado com conchas.
"Ele sabia exatamente o que significava. Uma criança sabe o que significava. És o diretor do FBI e não sabes o que isso significava? Significava assassinato. Alto e claro", disse Trump numa entrevista à Fox News antes de deixar Abu Dhabi, após uma viagem de quatro dias pelo Médio Oriente. "Ele estava a pedir o assassinato do presidente", acrescentou.
O dicionário Merriam-Webster diz que o número 86, quando usado como verbo de forma informal, significa recusar servir um cliente ou expulsar alguém de um bar por estar embriagado ou a ser desordeiro. Também pode significar "livrar-se de" algo ou alguém e, numa leitura mais recente, "matar". O número 47 pode referir-se ao facto de Trump ser o 47.º presidente dos EUA (também foi o 45.º).
A publicação, prontamente criticada pelos apoiantes de Trump - entre eles o seu filho, Donald Trump Jr. - já foi apagada por Comey.
"Publiquei mais cedo uma fotografia de algumas conchas que vi hoje num passeio na praia, o que presumi ser uma mensagem política. Não percebi que algumas pessoas associassem estes números à violência. Nunca me ocorreu, mas sou contra qualquer tipo de violência, por isso retirei a publicação", escreveu depois o antigo diretor do FBI.
A diretora da Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, apelidou de "absurda" a explicação de Comey, lembrando que o slogan "8647" tem sido usado por ativistas anti-Trump.
A Casa Branca já indicou que a "ameaça" está a ser investigada pelo diretor dos Serviços Secretos dos EUA, Sean Curran.
Comey foi demitido por Trump em 2017, a menos de metade do seu mandato como diretor do FBI, por causa da forma como lidou com o inquérito aos emails de Hillary Clinton (acusada de usar o email privado para questões oficiais quando era secretária de Estado) e porque, alegadamente, não queria terminar com a investigação à alegada intervenção russa na campanha para as presidenciais de 2016.