A Nexperia é uma das tecnológicas no centro das atenções, em todo o mundo.
A Nexperia é uma das tecnológicas no centro das atenções, em todo o mundo.Imagem: REUTERS

Pequim insta Países Baixos a tomarem "medidas concretas" para resolver questão da Nexperia

China disposta a dialogar "de forma racional e responsável", mas espera que Haia "revogue o mais rapidamente possível" as decisões em relação à empresa e "corrija práticas incorretas".
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O ministro do Comércio chinês instou a que sejam tomadas "medidas concretas" para resolver o conflito em torno da tecnológica Nexperia durante uma reunião em Pequim com o ministro da Economia espanhol, noticiou esta sexta-feira, 14, o jornal Global Times.

Wang Wentao acusou o Governo holandês de "interferência administrativa indevida" no caso da empresa tecnológica Nexperia - propriedade chinesa -, que classificou como violação do "espírito do contrato" e origem da atual "instabilidade" na cadeia global de semicondutores, informou o jornal chinês em língua inglesa, próximo do Governo.

O ministério do Comércio chinês divulgou um comunicado na noite de quinta-feira em que manifestou a intenção de continuar a dialogar com os Países Baixos "de forma racional e responsável", mas disse também esperar que Haia "revogue o mais rapidamente possível" as decisões em relação à empresa e "corrija práticas incorretas".

O ministro da Economia, Comércio e Empresa espanhol, Carlos Cuerpo, que acompanhou a visita de Estado do rei de Espanha Filipe VI esta semana à China, sublinhou na reunião, que decorreu na passada terça-feira, que a Espanha "dá grande importância" à relação económica com a China e garantiu que Madrid está disposta a falar com os Países Baixos sobre o caso, uma vez que a estabilidade da cadeia de abastecimento de 'chips' "beneficia todas as partes".

O Governo neerlandês desencadeou uma intervenção com base em alegadas razões de segurança nacional e risco de transferência tecnológica, emitindo em 30 de setembro uma ordem administrativa que levou a uma intervenção judicial na Nexperia e à destituição do diretor executivo, Zhang Xuezheng, fundador da Wingtech Technology, da qual a tecnológica dos Países Baixos é filial.

Em 26 de outubro, segundo Pequim, a Nexperia suspendeu o envio de 'chips' de silício para a unidade de montagem em Dongguan, sul da China, onde os 'chips' são concluídos para depois serem comercializados em vários setores e mercados, o que impossibilitou a "manutenção da produção normal".

A Nexperia nos Países Baixos alegou que a unidade chinesa tinha passado a exigir que os seus produtos fossem transacionados em yuan, em vez de dólares ou euros, violando disposições contratuais e que a suspensão foi decidida depois de esgotado "o tempo comercialmente viável". A Nexperia é financeiramente independente da holding Wingtech.

A Nexperia, fundada na cidade holandesa de Nimega e adquirida pela Wingtech em 2019, produz semicondutores de uso comum em automóveis e aparelhos eletrónicos.

A fábrica em Dongguan, no sul da China, mantém operações limitadas desde a imposição das proibições de exportação.

O impacto do conflito sobre a Nexperia já começou a afetar a indústria automóvel, tendo afetado, em outubro, a também japonesa Honda, que parou a produção numa fábrica no México e teve de ajustar a produção nas fábricas dos Estados Unidos da América e Canadá devido à falta de componentes, e finalmente, a Nissan, que anunciou no início do mês a redução da produção em duas fábricas no Japão devido à escassez de peças que utilizam semicondutores da Nexperia.

Desde o início do diferendo, fabricantes como a Volkswagen ou a Mercedes-Benz alertaram para possíveis paralisações nas linhas de montagem dada a falta de ‘chips’.

No início do mês, a Casa Branca anunciou que Pequim permitirá à Nexperia retomar a exportação de 'chips' produzidos na China, no âmbito do acordo comercial alcançado entre os dois países, sem que até agora fossem conhecidos quaisquer consequências práticas desse entendimento.

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Pequim classifica de “errada” decisão neerlandesa que retirou controlo da Nexperia

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