A Câmara de Comércio da União Europeia na China acusou hoje Pequim de manter o yuan artificialmente desvalorizado face ao euro, favorecendo as exportações chinesas e aumentando o risco de retaliação comercial por parte dos parceiros.Num relatório divulgado esta quarta-feira, 10, a organização refere que a moeda chinesa desvalorizou 7,5% face ao euro desde o início do ano, atingindo o nível mais baixo no período de uma década, apesar dos sucessivos excedentes comerciais da China, que deverão ultrapassar um bilião de dólares (860 mil milhões de euros) em 2025."A subvalorização do renminbi funciona como um subsídio às exportações", afirmou Jens Eskelund, presidente da câmara europeia, advertindo que esta perceção pode facilitar a imposição de tarifas ou investigações 'antidumping' por parte de outros países.De acordo com economistas citados no relatório, a taxa de câmbio efetiva real da moeda chinesa – ponderada por um cabaz de moedas – caiu 18% desde março de 2022. Esta tendência reflete a fraca procura interna e o excesso de capacidade industrial, que têm mantido os preços sob pressão.Os dados oficiais divulgados hoje confirmam esta dinâmica, com os preços na produção a recuarem 2,2% em novembro, no 38º mês consecutivo de contração. O índice de preços no consumidor subiu 0,7% – o valor mais elevado desde fevereiro de 2024 –, mas permanece moderado.Pequim nega qualquer manipulação cambial, sublinhando que segue princípios de mercado. No entanto, o Banco Popular da China continua a exercer um controlo apertado sobre o câmbio.Apesar do forte desempenho externo, a China tem apostado no reforço da indústria de alta tecnologia em vez de estimular o consumo interno, aprofundando as pressões deflacionárias.O relatório da câmara europeia surge num momento em que outras associações empresariais estrangeiras alertam para as dificuldades operacionais no mercado chinês, embora algumas empresas estejam a encontrar oportunidades em parcerias com grupos chineses em processo de internacionalização..China situa yuan abaixo do esperado depois de atingir máximos no ano face ao dólar