A Rússia usou mais de 440 drones e 32 mísseis no ataque da noite de segunda para terça-feira contra a Ucrânia, matando pelo menos 15 pessoas e deixando mais de centena e meia feridas. O bombardeamento teve como alvo principal Kiev, onde um edifício residencial de nove andares ficou destruído, com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a falar de “um dos mais terríveis ataques” contra a capital - o mais grave este ano. “Estes ataques são terrorismo puro. E todo o mundo, os EUA e a Europa devem finalmente reagir da forma como uma sociedade civilizada reage a terroristas”, indicou Zelensky numa mensagem no Telegram. Disse ainda que o presidente russo, Vladimir Putin, está a fazer isto “apenas porque pode dar-se ao luxo de continuar a guerra”, lamentando que “os poderosos deste mundo fechem os olhos a isso”. O bombardeamento russo surgiu antes da chegada de Zelensky ao Canadá, para participar na cimeira do G7 - reduzida a seis com a saída antecipada do presidente norte-americano, Donald Trump, focado na situação no Médio Oriente. A ausência de Trump é um revés para Zelensky - que esperava pedir-lhe pessoalmente mais ajuda militar. Os EUA ficaram representados pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent.O presidente ucraniano acabou por receber o apoio apenas das outras seis maiores economias mundiais presentes. O primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, anunciou mais dois mil milhões de dólares de ajuda militar a Kiev, além de 2,3 mil milhões de dólares em empréstimos. “Realçamos a importância de usar a máxima pressão contra a Rússia, que se recusou a sentar-se à mesa”, disse Carney.O Canadá, tal como o Reino Unido, anunciaram também novas sanções contra a Rússia - nomeadamente contra a “frota fantasma” de navios, que é usada para contornar as sanções relativas à exportação de petróleo. “Estas sanções atingem o coração da máquina de guerra de Putin, sufocando a sua capacidade de continuar a sua guerra bárbara na Ucrânia”, disse o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em comunicado. Do lado dos EUA, Trump (que defende até o regresso da Rússia a estas cimeiras, retomando o formato do G8) não parece disposto a mais sanções contra Moscovo.“Estamos preparados para negociações de paz. Um cessar-fogo incondicional. Mas para isso precisamos de pressão”, disse Zelensky já no Canadá. As negociações entre Moscovo e Kiev estão suspensas, com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a dizer que não é claro quando haverá outra ronda de diálogo como as que já aconteceram na Turquia e permitiram a troca de prisioneiros de guerra.