Da reunião de 2h40 entre Vladimir Putin e o enviado especial Steve Witkoff no palácio do Kremlin saíram poucas informações, se alguma, concretas. Horas mais tarde, depois de já ter celebrado “grandes progressos”, Donald Trump fez saber a alguns líderes europeus, entre os quais Volodymyr Zelensky, que pretende reunir-se o quanto antes - na próxima semana - com o líder russo para depois se organizar uma cimeira com estes e o presidente ucraniano. Em paralelo, segundo uma fonte da administração, as sanções secundárias aos países que compram petróleo russo são para avançar. As indicações sobre como o encontro entre o homem que governa a Rússia com mão de ferro há um quarto de século e um empresário imobiliário inexperiente em diplomacia foram pouco claras. O secretário de Estado Marco Rubio afirmou que “os resultados talvez sejam positivos, talvez não” e deixou para mais tarde notícias sobre o tema. Já o assessor do Kremlin Yuri Ushakov e o presidente norte-americano coincidiram, com o primeiro a classificar a conversa entre Putin e Witkoff - a quinta - “muito útil e construtiva” e Trump a dizer que foi “muito produtiva”. Mais pormenores foram dados a conhecer nas horas seguintes: “Os russos manifestaram o desejo de se reunir com o presidente Trump, e o presidente está aberto a reunir-se tanto com o presidente Putin como com o presidente Zelensky”, disse a porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt. Numa chamada realizada com Zelensky, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, o chanceler alemão Friedrich Merz e o secretário-geral da NATO, o neerlandês Mark Rutte, Trump revelou-lhes os seus planos, contou o The New York Times, mas não ficou claro que Putin tenha aceitado uma reunião a três.Depois do telefonema, o líder ucraniano disse nas redes sociais: “Parece que a Rússia está mais empenhada num cessar-fogo. A pressão sobre eles está a funcionar. Mas o mais importante é que eles não nos enganem nem aos Estados Unidos nos detalhes.” Da sua parte garantiu que vai lutar pela soberania do país e pelo fim da guerra. "A Ucrânia defenderá sem dúvida a sua independência. Todos nós precisamos de uma paz duradoura e fiável. A Rússia deve pôr fim à guerra que ela própria iniciou."O prazo dado por Trump para que a Rússia chegasse a acordo com a Ucrânia ou sofresse consequências económicas termina na sexta-feira. A aplicação de sanções secundárias à Índia, porém, não dependeu do expirar do ultimato: através de uma ordem executiva, o presidente dos EUA ordenou a aplicação de taxas aduaneiras suplementares de 25% “em resposta à compra contínua de petróleo russo”. Esta tarifa, a entrar em vigor no prazo de três semanas, acumula com a outra decidida recentemente, também de 25%, a entrar em vigor na sexta-feira. Acordo Baku-IerevanSe Trump não consegue obter (para já, pelo menos) um acordo de paz russo-ucraniano, pode estar à vista um outro, e igualmente decorrente da dissolução da União Soviética: fontes da Casa Branca disseram ao The Washington Post ser possível que os presidentes da Arménia e do Azerbaijão alcancem um acordo de paz selado junto do líder norte-americano durante a visita de ambos a Washington nesta sexta-feira. O azerbaijano Ilham Aliyev e o arménio Nikol Pashinyan mantiveram negociações de paz nos Emirados Árabes Unidos, em julho, mas não se chegou a um acordo. Depois de um reacender do conflito devido ao enclave de Nagorno-Karabakh, o Azerbaijão tomou a região em 2023, levando à fuga dos seus habitantes arménios. Em junho, os líderes do Ruanda e da República Democrática do Congo assinaram um acordo de paz na Sala Oval. Na semana passada, os primeiros-ministros do Camboja e da Tailândia acordaram um cessar-fogo na Malásia, mas agradeceram os esforços do presidente dos EUA. Líder ucraniano popular nos EUAO presidente ucraniano deu um tombo nas sondagens na Ucrânia, mas nos Estados Unidos é a segunda personalidade mundial mais popular, só atrás do papa Leão XIV. O estudo de opinião realizado pelo Instituto Internacional de Sociologia de Kiev (KIIS) na sequência da promulgação de uma lei - entretanto revogada - que retirava a independência às agências anticorrupção mostra que 58% dos ucranianos confiam em Volodymyr Zelensky, quando em maio eram 74%. Nos Estados Unidos, uma sondagem Gallup que perguntou aos norte-americanos se tinha uma opinião positiva ou negativa de 14 figuras nacionais e internacionais revelou que o ucraniano é o único, além do pontífice, a ter uma maioria de impressões favoráveis (52%) e, com Bernie Sanders, com saldo positivo entre avaliações favoráveis e desfavoráveis. Donald Trump, que acusou Zelensky de ter 4% de aprovação na Ucrânia, tem um saldo negativo de 16%, tendo perdido 14 pontos desde janeiro.