A uma semana de irem às urnas escolher o novo Parlamento e que partido querem ver a liderar o futuro governo do país, os alemães assistiram no domingo à noite a duas horas de debate entre os principais candidatos a chanceler, com Friedrich Merz (CDU), Olaf Scholz (SPD), Robert Habeck (Verdes) e Alice Weidel (AfD) a discutirem a imigração ilegal ou a extrema-direita, tema que colocou lado a lado os candidatos dos dois maiores partidos. No final, uma sondagem mostrou que Merz recolheu o apoio de 32% dos eleitores neste debate, o que vai em linha com os estudos de opinião, que apontam o líder da conservadora União Democrata-Cristã como o favorito a ser chanceler.Olaf Scholz voltou a criticar Friedrich Merz por ter conseguido aprovar no Parlamento uma moção com o apoio da Alternativa para a Alemanha, a primeira vez que tal acontece e que levou a protestos dos partidos políticos, incluindo dentro da CDU, e dos alemães nas ruas, por esta quebra ao cordão sanitário à extrema-direita. Em resposta, o líder dos conservadores garantiu que vai “manter afastada” a “víbora” da AfD, que classificou como sendo um “partido radical de direita, em grande parte extremista de direita”. Ataques com os quais Scholz concordou, afirmando que “não haverá colaboração com a extrema-direita”. Apesar de liderar as sondagens, Merz sabe que não conseguirá formar governo apenas com a CDU, por isso aproveitou o debate a quatro para esclarecer que está aberto a negociar uma coligação com o SPD ou os Verdes, mas nunca com a AfD. Scholz e Merz concordaram também nas críticas ao discurso do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, na sexta-feira na Conferência de Segurança de Munique, durante o qual argumentou que a liberdade de expressão está sob ameaça na Europa e que “vozes alternativas” não devem ser excluídas, pedindo ainda a quebra dos “cordões sanitários” à extrema-direita, como acontece na Alemanha. O chanceler social-democrata voltou a classificar como “inaceitável” a atitude do número dois de Donald Trump, enquanto que o democrata-cristão garantiu que não permite que “um vice-presidente americano me diga com quem tenho de falar aqui na Alemanha”.Um dos temas fortes desta campanha eleitoral tem sido a imigração, depois de três ataques com vítimas mortais levados a cabo em menos de três meses por imigrantes ou requerentes de asilo - o mais recente foi alegadamente cometido por um afegão de 24 anos na quinta-feira de manhã em Munique, tendo 37 pessoas ficado feridas, duas das quais morreram entretanto na sequência dos ferimentos. Logo depois deste ataque, o líder da CDU afirmou que o governo da Alemanha é o único na Europa que ainda aceita refugiados do Afeganistão, algo que o chanceler social-democrata rebateu, dizendo que já houve um voo de deportação para Cabul e que haverá outro no futuro. Esta foi das poucas questões durante o debate em que Robert Habeck, atualmente vice-chanceler, mostrou alguma firmeza, recordando a Friedrich Merz que os talibãs são um “regime de terror” e que os “pequenos contigentes” de refugiados que chegam são pessoas que ajudaram a Alemanha no passado. Já Alice Weidel, da AfD, prometeu “travar a imigração ilegal” através de controlos constantes nas fronteiras, mas sem explicar como pretendem proteger os cerca de 4000 quilómetros de fronteiras, e da deportação também constante de “criminosos e ilegais neste país”.