Baixa esta terça-feira, dia 7 de julho, à especialidade, na Comissão de Infraestruturas, Mobilidade e Habitação, o projeto de resolução da IL que tem como objetivo que o Governo se comprometa com a “alienação da totalidade da participação social do Estado na TAP - Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, S. A. e de quaisquer outras empresas que com ela se encontrem em relação de domínio ou de grupo”, com o argumento de que a transportadora “nunca deveria ter sido renacionalizada, exatamente para evitar aquilo que acabou por acontecer: os contribuintes a terem de salvar a empresa, sem receber o dinheiro de volta”.Sem força legislativa, apenas como recomendação ao Governo, esta iniciativa por parte da bancada liberal está votada ao insucesso, tendo em conta que o Governo já adiou a ideia de privatizar na totalidade a companhia aérea, optando pela venda de 49%, para ir ao encontro das posições do Chega e do PS.Sem qualquer tipo de surpresa, o deputado da IL Mário Amorim Lopes, em declarações ao DN, critica as posições do Chega e do PS , nos mesmos termos.Em relação à bancada socialista, afirma que “anda aos ziguezagues” neste processo.“Nacionalizou-a [a TAP]. Depois, já a queria privatizar”, aponta. Neste capítulo, o documento da IL que é esta terça-feira discutido refere que “o anterior primeiro-ministro [António Costa] teve seis posições diferentes quanto ao tema, demonstrando que nem ele conseguia consensualizar uma posição”. Em relação ao atual Governo, liderado por Luís Montenegro, a IL defende que “apesar de, aparentemente, ter uma posição mais clara em favor da privatização da companhia aérea, não tem ainda como claros os moldes e os limites que impõe na negociação”.Ao DN, fonte socialista garante que o partido “tem uma posição sobre o tema há muito. Deve o Governo tratar estes temas com sentido de Estado, consultando o PS, como por exemplo o Governo do PS fez com o PSD no caso do aeroporto.”No entanto, o PS, agora liderado por José Luís Carneiro, não esclarece se mantém exatamente a posição do líder anterior, Pedro Nuno Santos, que defendia que o Estado deveria “ter a maioria do capital da TAP”, ainda que tivesse assumido que deveria haver uma abertura do “capital a investimento estrangeiro, nomeadamente de outros grupos da indústria”.Apesar disto, Pedro Nuno Santos também admitiu ser apologista de o Estado “ter controlo da companhia”.Como o DN já noticiou, o Governo, tendo uma maioria relativa, não quer arriscar avançar com uma privatização total da TAP, sendo que esta poderia ser revertida pelo PS ou pelo Chega, porque esta mera possibilidade implicaria uma maior complexidade nos processos, tendo em conta os potenciais interessados na transportadora portuguesa - a Lufthansa, a IAG (Iberia e British Airways) e a Air France-KLM.Perante os pruridos que o Chega tende a assumir à privatização total da TAP, ainda que esteja disponível a negociar uma alienação minoritária, Mário Amorim Lopes acusa o partido liderado por André Ventura de andar “sem saber o que pensar. Não tem uma posição. Não justifica porque é que o Estado deverá continuar a manter uma participação na companhia aérea”, sustenta o deputado da IL.Questionado sobre a perspetiva dos consórcios que estarão interessados na compra da TAP e que agora estarão confrontados com uma alienação parcial do capital da empresa, Mário Amorim Lopes diz que, nestas circunstâncias “não estaria interessado, porque os investidores têm bastante bem presente o que aconteceu recentemente com o consórcio da Azul [fundado por David Neeleman] e com a renacionalização da TAP”.“Portanto, eu percebo que os consórcios possam ter menos interesse numa companhia que ainda depende maioritariamente do Estado”, insiste o deputado liberal, explicando que essa é “mais uma razão para que a privatização seja total”. até para tornar a “oferta mais atrativa, para que haja mais consórcios. Se apenas houver um consórcio a concorrer, o valor à oferta que poderá fazer será muito inferior a uma situação concorrencial em que haja vários a querer ficar com a TAP”, para com isso “aumentar o valor comercial” da empresa..Governo adia privatização total da TAP devido à oposição do Chega e do PS.Programa do Governo inclui capítulo com 10 prioridades, entre a privatização da TAP e regulação da imigração