A proposta do presidente norte-americano para a Faixa de Gaza passa por assumir o controlo do enclave, enviar os dois milhões de palestinianos que lá vivem para outros países e desenvolver a “Riviera do Médio Oriente”. A ideia foi aplaudida por Israel, mas causou alvoroço internacional, estando o Egito - um dos países que Donald Trump queria que acolhesse os palestinianos - a preparar as bases do plano árabe para a reconstrução. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, viaja esta quinta-feira para Riade para discutir o plano com a Arábia Saudita, a Jordânia (o outro país que deveria receber os palestinianos, segundo Trump), o Qatar e os Emirados Árabes Unidos. Depois de este ser discutido e revisto, o plano deverá ser oficialmente apresentado na cimeira de emergência dos países árabes a 4 de março (inicialmente prevista para 27 de fevereiro). O chefe da diplomacia egípcia, Badr Abdelatty, explicou que o Cairo está “ativamente a desenvolver um plano abrangente e multifásico para a rápida recuperação e reconstrução de Gaza”. Segundo o jornal estatal egípcio Al-Ahram, a proposta passa pela criação de “áreas seguras” dentro da Faixa de Gaza onde os palestinianos podem viver enquanto as empresas de construção egípcias e estrangeiras reconstroem as infraestruturas. A ajuda humanitária seria encaminhada para essas áreas, com a reconstrução a providenciar uma oportunidade de trabalho para os palestinianos.Segundo a Reuters, a proposta árabe (baseada no plano egípcio) passa por formar uma comissão nacional palestiniana para governar Gaza sem o envolvimento do Hamas. A AP, que cita oficiais egípcios, fala numa administração não alinhada nem com o grupo terrorista nem com a Autoridade Palestiniana (que gere a Cisjordânia ocupada).Antigos polícias da Autoridade Palestiniana que ficaram em Gaza depois de o Hamas ter assumido o controlo, em 2007, seriam a base de uma nova polícia, que contaria com reforços egípcios e forças treinadas no Ocidente. Os países árabes só aceitariam enviar uma força para o enclave se houver “um caminho claro” para a criação de um Estado palestiniano independente, indicaram as fontes à agência AP. O plano prevê ainda 20 mil milhões de dólares de contribuições dos países árabes e do Golfo para os trabalhos de reconstrução, refere a Reuters, com especialistas a dizer que esse poderá ser um valor suficiente para “comprar”a luz verde de Trump. O Al-Ahram escreveu que a proposta visa “refutar a lógica de Trump”, assim como “qualquer outra visão ou plano que tenha como objetivo mudar a estrutura geográfica e demográfica da Faixa de Gaza”. O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, mostrou-se disponível a ouvir alternativas. “Se os países árabes têm um plano melhor, então isso é ótimo”, disse numa entrevista na semana passada. Já o chefe da diplomacia israelita, Gideon Saar, disse estar à espera da proposta, avisando que Israel não aceitará qualquer proposta que mantenha o Hamas na Faixa de Gaza. Ainda do lado israelita, o líder da oposição disse à Rádio do Exército que vai irá a Washington apresentar o seu próprio plano para o “dia depois”. Yair Lapid acusa Netanyahu de não ter um plano para o futuro. “O meu papel é dizer que existe uma alternativa para gerir o país de uma forma melhor”, afirmou, falando numa “proposta para o futuro de Gaza como parte da sua visão estratégica para um Médio Oriente pacífico e próspero”. .Hamas confirma a libertação de seis reféns no próximo sábado