Amílcar foi treinador de futebol do Quarteirense, Carla também inspirou muitos jovens mas como professora, Hélder venceu os enjoos e fez-se ao mar, Odília vendia os melhores cachorros-quentes da região, Miguel foi bombeiro, Artur fundou o Club Basket de Quarteira. Ao todo, são 15 os Heróis que vão ter o seu retrato e a sua história numa parede de Quarteira. A exposição com fotografias de Mike Correia deverá ser inaugurada no próximo dia 11 como uma espécie de apetite para o festival Sou Quarteira que ocorre nos dias 16 e 17 de agosto, com nomes como Mundo Segundo & Sam the Kid, Allen Halloween, Branko & Mayra Andrade..E o que é, afinal, o Sou Quarteira? Tudo começou, há mais de dois anos, com as conversas entre dois amigos de terra: o músico Dino d'Santiago e o consultor Miguel Jacinto. "Saímos de lá mas continuamos a voltar e a encontrar-nos", conta Miguel, que atualmente mora em Londres. "Falávamos do que é isto de ser quarteirense e de como a cidade tem mudado, e o Dino fez uma música chamada Sou Quarteira, que teve uma boa reação nas redes sociais. Foi assim que começou. Queríamos fazer alguma coisa pela nossa terra.".O Movimento Sou Quarteira foi apresentado oficialmente num concerto há um ano, com a participação de Carlão. "O ano passado foi o nosso ano zero, em que estivemos a preparar tudo", explica Miguel Jacinto. Foi criada uma associação e acertaram-se parcerias, nomeadamente com a Junta de Freguesia de Quarteira e o Município de Loulé. O movimento tem uma componente cultural mas também uma preocupação social..Um documentário para mostrar Quarteira.Miguel Jacinto explica que, desde o início, estabeleceram três missões. A primeira é "dar a conhecer a verdadeira identidade de Quarteira". "As pessoas só vêm cá no verão e só conhecem a praia, mas a cidade tem uma enorme diversidade e uma vivência muito rica, pois juntam-se aqui pessoas muito diferentes", diz. "Há os turistas, há os pescadores, mas é também um pouco a cidade dormitório das muitas pessoas que trabalham na construção e no turismo na região, tem uma grande comunidade cabo-verdiana e guineense que se instalou aqui nos anos 1970. E essa mistura faz que tenha uma grande diversidade cultural. Teve um importante movimento punk, tem o hip-hop e a cultura do skate e da arte urbana.".Para dar a conhecer toda essa "Quarteira desconhecida" está a ser feito um documentário para o qual foram entrevistados mais de 30 locais. Uma primeira versão do filme será mostrada durante o festival..Dois dias de música.Sabendo que Quarteira é muito mais do que praia, o movimento quer também criar novas experiências não só nos que estão de passagem mas sobretudo nos jovens que crescem ali. "Quando eu e o Dino andávamos no liceu havia umas quatro ou cinco turmas de artes. Muita gente seguiu carreiras na área da música, da moda, do cinema, da fotografia, das artes. Agora não há nenhuma turma de artes", constata Miguel. O que o Sou Quarteira quer dizer aos jovens é que devem sonhar e lutar pelos sonhos, que nem toda a gente tem de trabalhar em hotéis ou no casino. "Queremos servir de inspiração.".E isso conduz-nos à terceira missão, que é "dinamizar os locais". É claro que algumas das pessoas que fazem parte deste movimento já não moram em Quarteira e também há outros que vêm de fora, mas procuram sempre ligar-se à comunidade e trabalhar com as pessoas da terra. Isso é visível nas equipas que estão a fazer o documentário e a produzir o festival, que integram jovens dali e que estão a receber formação, mas também na exposição Heróis e até no cartaz do festival de música, em que encontramos o rapper algarvio Sacik Brow assim como o músico Fragas e o MC Perigo Público.."Existe uma mistura entre o hip-hop, a eletrónica e a música africana. Essa mistura soa a nós, soa a Quarteira", diz entusiasmado Miguel Jacinto. Além de proporcionar um palco para os músicos se encontrarem e divulgarem o seu trabalho, esta edição do Sou Quarteira vai ter um "hino oficial", um tema original intitulado Dengue, que será divulgado em breve, criado por Dino d'Santiago, produzido pelo músico Pedro e que conta com as participações de vários músicos..Os verdadeiros heróis.O fotógrafo quarteirense Mike Correia, de 35 anos, é o responsável pela exposição Heróis. A ideia era homenagear algumas pessoas da terra mas fugindo àquelas homenagens mais institucionais. "Queríamos lembrar aquelas pessoas que foram ou são importantes para os jovens, que fazem que esta terra seja um sítio bom para se crescer", explica. Antevendo que a escolha dos herói" poderia tornar-se polémica, o movimento abriu uma sondagem nas redes sociais através da qual as pessoas poderiam sugerir os heróis a fotografar. Da lista inicial de 150 nomes foram selecionados os 30 mais referidos pela população e, desses, apenas 15 aceitaram participar na exposição..Para Mike, foi como regressar à adolescência. "Não fui eu que fiz a seleção, mas acabou por ser muito bom poder dizer àquelas pessoas que foram importantes para nós. Fosse o treinador de basquetebol ou o senhor do quiosque onde íamos ver, à socapa, aquelas revistas mais picantes, ou a senhora que tinha a barraquinha dos cachorros-quentes na rotunda e que era quase uma instituição, era o nosso ponto de encontro", recorda o fotógrafo..O trabalho foi feito em parceria com o jornalista Alexandre Ribeiro, do site Rimas e Batidas, que entrevistou os 15 heróis e escreveu um pequeno texto sobre cada um deles. Em vez de fotografar as pessoas na cidade, Mike Correia optou por fazer retratos a preto e branco, em estúdio. Serão esses retratos que vão estar colocados em alguns edifícios na zona velha da cidade. "Não vão estar na zona da beira-mar", explica Miguel Jacinto. "Vão estar na parte velha, em sítios menos conhecidos, inclusivamente em bairros sociais. Queremos que as pessoas descubram outras zonas de Quarteira.".Festival Sou Quarteira Dias 16 e 17 de agosto Passeio das Dunas, Quarteira Bilhete diário: 10 euros (8 euros para os residentes em Quarteira) Passe para os dois dias: 15 euros (13 euros para residentes)
Amílcar foi treinador de futebol do Quarteirense, Carla também inspirou muitos jovens mas como professora, Hélder venceu os enjoos e fez-se ao mar, Odília vendia os melhores cachorros-quentes da região, Miguel foi bombeiro, Artur fundou o Club Basket de Quarteira. Ao todo, são 15 os Heróis que vão ter o seu retrato e a sua história numa parede de Quarteira. A exposição com fotografias de Mike Correia deverá ser inaugurada no próximo dia 11 como uma espécie de apetite para o festival Sou Quarteira que ocorre nos dias 16 e 17 de agosto, com nomes como Mundo Segundo & Sam the Kid, Allen Halloween, Branko & Mayra Andrade..E o que é, afinal, o Sou Quarteira? Tudo começou, há mais de dois anos, com as conversas entre dois amigos de terra: o músico Dino d'Santiago e o consultor Miguel Jacinto. "Saímos de lá mas continuamos a voltar e a encontrar-nos", conta Miguel, que atualmente mora em Londres. "Falávamos do que é isto de ser quarteirense e de como a cidade tem mudado, e o Dino fez uma música chamada Sou Quarteira, que teve uma boa reação nas redes sociais. Foi assim que começou. Queríamos fazer alguma coisa pela nossa terra.".O Movimento Sou Quarteira foi apresentado oficialmente num concerto há um ano, com a participação de Carlão. "O ano passado foi o nosso ano zero, em que estivemos a preparar tudo", explica Miguel Jacinto. Foi criada uma associação e acertaram-se parcerias, nomeadamente com a Junta de Freguesia de Quarteira e o Município de Loulé. O movimento tem uma componente cultural mas também uma preocupação social..Um documentário para mostrar Quarteira.Miguel Jacinto explica que, desde o início, estabeleceram três missões. A primeira é "dar a conhecer a verdadeira identidade de Quarteira". "As pessoas só vêm cá no verão e só conhecem a praia, mas a cidade tem uma enorme diversidade e uma vivência muito rica, pois juntam-se aqui pessoas muito diferentes", diz. "Há os turistas, há os pescadores, mas é também um pouco a cidade dormitório das muitas pessoas que trabalham na construção e no turismo na região, tem uma grande comunidade cabo-verdiana e guineense que se instalou aqui nos anos 1970. E essa mistura faz que tenha uma grande diversidade cultural. Teve um importante movimento punk, tem o hip-hop e a cultura do skate e da arte urbana.".Para dar a conhecer toda essa "Quarteira desconhecida" está a ser feito um documentário para o qual foram entrevistados mais de 30 locais. Uma primeira versão do filme será mostrada durante o festival..Dois dias de música.Sabendo que Quarteira é muito mais do que praia, o movimento quer também criar novas experiências não só nos que estão de passagem mas sobretudo nos jovens que crescem ali. "Quando eu e o Dino andávamos no liceu havia umas quatro ou cinco turmas de artes. Muita gente seguiu carreiras na área da música, da moda, do cinema, da fotografia, das artes. Agora não há nenhuma turma de artes", constata Miguel. O que o Sou Quarteira quer dizer aos jovens é que devem sonhar e lutar pelos sonhos, que nem toda a gente tem de trabalhar em hotéis ou no casino. "Queremos servir de inspiração.".E isso conduz-nos à terceira missão, que é "dinamizar os locais". É claro que algumas das pessoas que fazem parte deste movimento já não moram em Quarteira e também há outros que vêm de fora, mas procuram sempre ligar-se à comunidade e trabalhar com as pessoas da terra. Isso é visível nas equipas que estão a fazer o documentário e a produzir o festival, que integram jovens dali e que estão a receber formação, mas também na exposição Heróis e até no cartaz do festival de música, em que encontramos o rapper algarvio Sacik Brow assim como o músico Fragas e o MC Perigo Público.."Existe uma mistura entre o hip-hop, a eletrónica e a música africana. Essa mistura soa a nós, soa a Quarteira", diz entusiasmado Miguel Jacinto. Além de proporcionar um palco para os músicos se encontrarem e divulgarem o seu trabalho, esta edição do Sou Quarteira vai ter um "hino oficial", um tema original intitulado Dengue, que será divulgado em breve, criado por Dino d'Santiago, produzido pelo músico Pedro e que conta com as participações de vários músicos..Os verdadeiros heróis.O fotógrafo quarteirense Mike Correia, de 35 anos, é o responsável pela exposição Heróis. A ideia era homenagear algumas pessoas da terra mas fugindo àquelas homenagens mais institucionais. "Queríamos lembrar aquelas pessoas que foram ou são importantes para os jovens, que fazem que esta terra seja um sítio bom para se crescer", explica. Antevendo que a escolha dos herói" poderia tornar-se polémica, o movimento abriu uma sondagem nas redes sociais através da qual as pessoas poderiam sugerir os heróis a fotografar. Da lista inicial de 150 nomes foram selecionados os 30 mais referidos pela população e, desses, apenas 15 aceitaram participar na exposição..Para Mike, foi como regressar à adolescência. "Não fui eu que fiz a seleção, mas acabou por ser muito bom poder dizer àquelas pessoas que foram importantes para nós. Fosse o treinador de basquetebol ou o senhor do quiosque onde íamos ver, à socapa, aquelas revistas mais picantes, ou a senhora que tinha a barraquinha dos cachorros-quentes na rotunda e que era quase uma instituição, era o nosso ponto de encontro", recorda o fotógrafo..O trabalho foi feito em parceria com o jornalista Alexandre Ribeiro, do site Rimas e Batidas, que entrevistou os 15 heróis e escreveu um pequeno texto sobre cada um deles. Em vez de fotografar as pessoas na cidade, Mike Correia optou por fazer retratos a preto e branco, em estúdio. Serão esses retratos que vão estar colocados em alguns edifícios na zona velha da cidade. "Não vão estar na zona da beira-mar", explica Miguel Jacinto. "Vão estar na parte velha, em sítios menos conhecidos, inclusivamente em bairros sociais. Queremos que as pessoas descubram outras zonas de Quarteira.".Festival Sou Quarteira Dias 16 e 17 de agosto Passeio das Dunas, Quarteira Bilhete diário: 10 euros (8 euros para os residentes em Quarteira) Passe para os dois dias: 15 euros (13 euros para residentes)