Taz-onde designer de propaganda?

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O desenho é a mais elementar forma de comunicação que possuímos. Não, não é o Excel e o PowerPoint, mas isso fica para outro texto.

Então se forem adultos a desenhar, é mesmo estranho.

E se os adultos desenharem e com os desenhos ganharem dinheiro, isso então ainda mais estranho é.

Estes são os designers e os ilustradores.

E aonde andam os designers e os ilustradores? Esses profissionais do design gráfico, do desenho, da cor, dos riscos, da cultura, da crítica e da sátira?

Sei que há poucos. Há mesmo? Culpa nossa. Dos pais... pois convenhamos que a matemática e o português são bem mais importantes! Não são? Não. Claro que não. Adiante...

Aonde andam os novos Stuart de Carvalhais, os novos Bordallo Pinheiro, os novos Barradas? E os novos Vilhenas? Aonde andam?

Aonde andam os cartazistas que fizeram do PREC uma época tão visual, tão crítica e tão viva? Aqueles que juntaram cor na discussão, que melhoraram a informação.

Não quero com isto incitar à revolução, visual claro, à proliferação de ideais extremistas ou até mesmo propor um golpe militar. Não. Nada disso. Isso foi em 1974! Quero sim perguntar aonde estão as novas linguagens, as que possam entrar numa história do design gráfico, ou melhor ainda, numa história da política. Sim, leram bem: História da Política. A imagem ao serviço da política, da nação e da sociedade. Por isso repito: aonde estão os posters, os cartazes e as imagens, as linguagens e as narrativas visuais que entretêm, comunicam e informam, com humor, com graça, com sátira, com cor, com desenhos? Culpa nossa. Dos que foram pais há muito, muito tempo, e dos que são filhos desses pais. Culpa de quem não alimenta o poder da imagem, culpa de quem decide que os desenhos são muito menos importantes do que a matemática...

Olhando para o que aí vem, as eleições, nada de novo. Os candidatos do costume, mesmo os novos, são os do costume. Os mesmos. Todos iguais. Na pose, na fotografia. Na imagem, na cor, no texto, na letra...iguais aos anteriores e muito piores do que os antecessores. Sem desenho, não há imagem, sem imagem não há identidade.

Não sei de quem é a culpa. Talvez de todos. É de quem encomenda porque tem falta de sentido crítico, e é de quem cria porque tem receio do que virá a seguir. Pois se sabemos que infelizmente Carrilhos não há muitos, sabemos também que as contas destes desaparecidos são pagas pelos desenhos.

Portanto... enfim, façam vocês as contas.

Designer e diretor do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia

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