TAP sobe salários a administradores. Sindicato chocado

Governo diz que custos salariais até caíram. TAP prevê cortes de 25% para trabalhadores e despedimentos de mais de mil pessoas. Frasquilho abdicou de aumento.
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"Faz o que eu digo, não faças o que eu faço." É a reação do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) à notícia de aumentos salariais na Administração da TAP enquanto os trabalhadores que não forem despedidos no âmbito da reestruturação terão cortes salariais de 25%. "Não é possível despedir milhares de trabalhadores, reduzir ordenados dos colaboradores em 25% e o mesmo conselho de administração atribuir-se a si próprio um aumento", sublinham os representantes do pessoal, que questionam "a moral" de administradores que aplicam "cortes por si propostos, empurrando milhares para o desemprego, ao mesmo tempo que veem a sua conta bancária aumentar" e do governo que o legitima, contra "toda a lógica de solidariedade e dos princípios que deveriam servir de exemplo na gestão de uma empresa em reestruturação".

Os aumentos "contabilizam as novas funções" assumidas pelos administradores e "não implicam acréscimo de massa salarial" total, justifica o ministério liderado por Pedro Nuno Santos, que tutela a TAP e lidera a reestruturação da transportadora.

O plano enviado pelo governo para Bruxelas inclui o despedimento de 750 tripulantes, além dos 800 cujos contratos não foram renovados desde março e cortes salariais de 25% para todos os trabalhadores que ganham acima de 900 euros. Às acusações de falta de solidariedade e moral, o ministério de Pedro Nuno Santos contrapõe com números, garantindo que na comparação entre março e dezembro os encargos com a administração da TAP, desmantelada aquando da renacionalização deste ano, até se "reduziram em 33%".

A TAP assumiu nesta semana a subida de salários do CEO interino, Ramiro Sequeira (que quase duplica para 35 mil euros brutos), e da nova administradora executiva Alexandra Reis (de 14 para 25 mil), retroativos a setembro. Também o chairman, Miguel Frasquilho, teria uma atualização salarial de 1500 euros desde a saída de Humberto Pedrosa, cujas funções passou a acumular, mas abdicou dela para "participar nas conversações e negociações que serão fundamentais para o futuro da TAP de forma absolutamente tranquila e sem qualquer mediatismo que possa prejudicar a nossa companhia".

(Notícia corrigida para retificar o nome do sindicato)

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