O líder do PSD acredita que 2021 tem potencial para que se desencadeie uma crise política. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e recandidato a Belém, diz que essa hipótese nem lhe passa pela cabeça. Mas se Rui Rio acredita mesmo que pode acontecer, então que desafios enfrenta no próximo ano? "Autárquicas, autárquicas, autárquicas", como diz Pedro Marques Lopes, mas há mais para que o partido se mantenha na crista da onda da oposição..As eleições presidenciais e as dinâmicas que se gerarem em torno dos candidatos, nomeadamente o que vier a acontecer a André Ventura, mas também a evolução da pandemia e do orçamento de Estado para 2022 vão condicionar muito mais um ano de mandato de Rui Rio. Que se confronta sempre com a sombra de críticos que vão surgindo, aqui e ali, a sugerir alternativas à sua liderança. O nome de Passos Coelho é um dos que voltou a ser desejado..Eleições presidenciais A expectável vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais não dará às forças que o apoiam, com o PSD à cabeça, margem para cantar vitória. Apesar de ter liderado o partido e todos os reconhecerem como social-democrata, o recandidato a Belém tem um capital tão próprio que é difícil seja quem for de se associar ao seu sucesso eleitoral. Ainda assim, se as sondagens se confirmarem, é um bom começo de ano para Rui Rio, que terá razões para festejar no dia 24 de janeiro, dia das eleições..Bem... festejar a mais que provável eleição de Marcelo, mas pode ficar com o coração nas mãos se outro dos candidatos às presidenciais acabar por ter um resultado acima do de Ana Gomes. André Ventura, o líder do Chega, está a fazer tudo para ficar em segundo nas eleições presidenciais, mas mesmo que fique em terceiro, como também apontam as sondagens, tem um novo fôlego para se afirmar politicamente até às legislativas, sejam elas antecipadas ou as regulares de 2023. A experiência do que aconteceu nos Açores - em que o Chega se entendeu com a "geringonça" de centro-direita, liderada pelo PSD, para formar governo - já mostrou que Ventura torna a vida de Rio complexa. Quanto mais se reforçar eleitoralmente mais o líder do PSD será questionado sobre futuras alianças com o Chega, um partido de extrema-direita que dificilmente se conseguirá "moderado"..O início do ano arranca também com todos os holofotes sobre o governo, já que Portugal inicia a presidência portuguesa da União Europeia e que se prolonga até junho. É um momento em que os maiores partidos por tradição alinham posições, até porque elas já o estão à partida sobre as grandes matérias europeias. Serão, por isso, seis meses em que Rui Rio ficará novamente mais condicionado na oposição e terá de encontrar os temas internos capazes de deslocar o foco para o PSD..Autárquicas Como o próprio Rui Rio já assumiu, as autárquicas são o grande teste eleitoral do PSD no próximo ano e também podem ser um seguro de vida para o líder do PSD. Pior do que o partido conseguiu em 2017 seria um descalabro total e acabaria por colocar o PSD em convulsão interna, Mesmo que não ganhe um maior número de municípios, o líder social-democrata tem de garantir que consegue mais votos e mais mandatos, quer nas câmaras municipais quer nas juntas de freguesia. Para que isto aconteça, Rio tem de mobilizar as bases e convencer alguns quadros sociais-democratas a darem a cara nas eleições de outubro. Além disso, conseguir um bom acordo autárquico com o CDS para tentar reforçar votações em que os socialistas estejam mais no fio da navalha. As eventuais convulsões internas no partido de Francisco Rodrigues dos Santos, que não descola nas sondagens, pode atrapalhar a dinâmica de uma coligação de centro-direita..Pandemia e Orçamento do Estado para 2022 Mesmo que não haja nenhuma crise política, a tal que Marcelo não acredita que venha a acontecer, a crise económica e social gerada pela pandemia vai refletir-se muito no Orçamento do Estado para 2022. Um orçamento que os partidos de esquerda podem não querer assumir - o de 2021 já foi difícil de digerir pelo PCP e foi intragável para o BE - pelo que o PSD pode ser chamado a ter um papel mais determinante na hora de votar o OE. O que também tornaria a vida do líder do PSD mais difícil internamente, já que sempre o acusaram de não se ter distanciado o suficiente de António Costa..No PSD é um clássico os líderes, com a exceção de Cavaco Silva que esteve dez anos no poder para contentar as hostes sociais-democratas, se confrontarem com a ânsia de outros para tomar o leme do partido. Rui Rio já experimentou a sua dose, em confronto com Luís Montenegro, e demonstrou que o partido estava com ele. Mas se os resultados eleitorais não forem robustos, é provável que a agitação interna regresse e os potenciais adversários se perfilem. Nos últimos tempos há um nome, o de Pedro Passos Coelho, que voltou a ser falado com alguma insistência e que mostra que o partido vai cobrar se não existir o sonho do regresso ao poder.
O líder do PSD acredita que 2021 tem potencial para que se desencadeie uma crise política. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República e recandidato a Belém, diz que essa hipótese nem lhe passa pela cabeça. Mas se Rui Rio acredita mesmo que pode acontecer, então que desafios enfrenta no próximo ano? "Autárquicas, autárquicas, autárquicas", como diz Pedro Marques Lopes, mas há mais para que o partido se mantenha na crista da onda da oposição..As eleições presidenciais e as dinâmicas que se gerarem em torno dos candidatos, nomeadamente o que vier a acontecer a André Ventura, mas também a evolução da pandemia e do orçamento de Estado para 2022 vão condicionar muito mais um ano de mandato de Rui Rio. Que se confronta sempre com a sombra de críticos que vão surgindo, aqui e ali, a sugerir alternativas à sua liderança. O nome de Passos Coelho é um dos que voltou a ser desejado..Eleições presidenciais A expectável vitória de Marcelo Rebelo de Sousa nas presidenciais não dará às forças que o apoiam, com o PSD à cabeça, margem para cantar vitória. Apesar de ter liderado o partido e todos os reconhecerem como social-democrata, o recandidato a Belém tem um capital tão próprio que é difícil seja quem for de se associar ao seu sucesso eleitoral. Ainda assim, se as sondagens se confirmarem, é um bom começo de ano para Rui Rio, que terá razões para festejar no dia 24 de janeiro, dia das eleições..Bem... festejar a mais que provável eleição de Marcelo, mas pode ficar com o coração nas mãos se outro dos candidatos às presidenciais acabar por ter um resultado acima do de Ana Gomes. André Ventura, o líder do Chega, está a fazer tudo para ficar em segundo nas eleições presidenciais, mas mesmo que fique em terceiro, como também apontam as sondagens, tem um novo fôlego para se afirmar politicamente até às legislativas, sejam elas antecipadas ou as regulares de 2023. A experiência do que aconteceu nos Açores - em que o Chega se entendeu com a "geringonça" de centro-direita, liderada pelo PSD, para formar governo - já mostrou que Ventura torna a vida de Rio complexa. Quanto mais se reforçar eleitoralmente mais o líder do PSD será questionado sobre futuras alianças com o Chega, um partido de extrema-direita que dificilmente se conseguirá "moderado"..O início do ano arranca também com todos os holofotes sobre o governo, já que Portugal inicia a presidência portuguesa da União Europeia e que se prolonga até junho. É um momento em que os maiores partidos por tradição alinham posições, até porque elas já o estão à partida sobre as grandes matérias europeias. Serão, por isso, seis meses em que Rui Rio ficará novamente mais condicionado na oposição e terá de encontrar os temas internos capazes de deslocar o foco para o PSD..Autárquicas Como o próprio Rui Rio já assumiu, as autárquicas são o grande teste eleitoral do PSD no próximo ano e também podem ser um seguro de vida para o líder do PSD. Pior do que o partido conseguiu em 2017 seria um descalabro total e acabaria por colocar o PSD em convulsão interna, Mesmo que não ganhe um maior número de municípios, o líder social-democrata tem de garantir que consegue mais votos e mais mandatos, quer nas câmaras municipais quer nas juntas de freguesia. Para que isto aconteça, Rio tem de mobilizar as bases e convencer alguns quadros sociais-democratas a darem a cara nas eleições de outubro. Além disso, conseguir um bom acordo autárquico com o CDS para tentar reforçar votações em que os socialistas estejam mais no fio da navalha. As eventuais convulsões internas no partido de Francisco Rodrigues dos Santos, que não descola nas sondagens, pode atrapalhar a dinâmica de uma coligação de centro-direita..Pandemia e Orçamento do Estado para 2022 Mesmo que não haja nenhuma crise política, a tal que Marcelo não acredita que venha a acontecer, a crise económica e social gerada pela pandemia vai refletir-se muito no Orçamento do Estado para 2022. Um orçamento que os partidos de esquerda podem não querer assumir - o de 2021 já foi difícil de digerir pelo PCP e foi intragável para o BE - pelo que o PSD pode ser chamado a ter um papel mais determinante na hora de votar o OE. O que também tornaria a vida do líder do PSD mais difícil internamente, já que sempre o acusaram de não se ter distanciado o suficiente de António Costa..No PSD é um clássico os líderes, com a exceção de Cavaco Silva que esteve dez anos no poder para contentar as hostes sociais-democratas, se confrontarem com a ânsia de outros para tomar o leme do partido. Rui Rio já experimentou a sua dose, em confronto com Luís Montenegro, e demonstrou que o partido estava com ele. Mas se os resultados eleitorais não forem robustos, é provável que a agitação interna regresse e os potenciais adversários se perfilem. Nos últimos tempos há um nome, o de Pedro Passos Coelho, que voltou a ser falado com alguma insistência e que mostra que o partido vai cobrar se não existir o sonho do regresso ao poder.