Exclusivo Heróis do Ar: os primeiros recrutas da Força Aérea que festejam duas vezes o 25 de Abril
Há 60 anos, um grupo de 500 rapazes de todo o país chegava a Monte Real (Leiria) na primeira recruta da Força Aérea Portuguesa. A maioria tinha 17 anos e não imaginava que iria parar à guerra. O DN juntou alguns deles, na véspera da festa em que celebram dois 25 de abril: o de 1959 e o de 1974.
Aquele 25 de abril de 1959 foi premonitório. Eram 523 rapazes alinhados no juramento de bandeira, que davam corpo à primeira recruta da Força Aérea Portuguesa. A instrução fizera-se na Serra da Carregueira (num aquartelamento onde hoje está o Estabelecimento Prisional), e daí seguiram, a 4 de outubro, para inaugurar a Base Aérea nº 5 de Monte Real. Nesta manhã, 60 anos depois, muitos deles vão juntar-se para festejar esse tempo. Virão de todos os pontos do país e do estrangeiro, numa comemoração sem precedentes. O DN juntou três deles (que fazem parte da comissão organizadora) para recordar o tempo em que o céu era o limite. Olegário Silva, Silvino Damásio e João Marques da Silva (a que se juntam João Botas, José Gouveia e Jacinto Lopes) têm agora entre os 77 e os 80 anos e foram incansáveis na organização. Descobriram, por conta própria, que 113 já faleceram. Mas contactaram as famílias, descobriram a dramática ordem natural da vida, quando perceberam que muitos já estão acamados ou incapacitados, de alguma forma.
Desde que a recruta comemorou 50 anos, em 2009, que andam a planear esta festa em grande, mas já antes se juntavam. Na verdade, nunca deixaram de fazer convívios. "Nós olhamos uns para os outros como se ainda tivéssemos 17 anos", dizem.