A líder da JSD recebe neste sábado, no Fundão, no II Congresso da Coesão Territorial, os três candidatos à liderança do PSD. Margarida Balseiro Lopes abre as portas a Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz, para que digam aos jotas ao que vêm nestas eleições diretas do partido. Mas para mobilizar e reconquistar os jovens que andam por aí sem qualquer interesse pela política, como apelou Pinto Luz no seu discurso de candidatura, basta pregar aos que já estão convencidos? "O nosso partido perde influência eleitoral porque tem perdido influência na sociedade. Deixou de ser uma força apelativa para muitos jovens que vivem e que pertencem a geração com melhor formação de sempre. Precisamos de atrair estes jovens", afirmou o mais jovem candidato à liderança do PSD. O politólogo José Adelino Maltez concorda com a primeira frase do discurso de Pinto Luz. "O problema do PSD é mesmo de perda de influência na sociedade portuguesa. Era um partido que tinha muita junto dos grupos orgânicos e inorgânicos que surgiram fora da esfera do poder político e tem perdido isso." Entre estes grupos orgânicos, claro, incluem-se, por exemplo, as organizações estudantis que não se identificam com a esquerda..Margarida Balseiro Lopes, que também é uma das jovens deputadas do PSD, trilha o caminho da mesma ideia. "Um partido com a vocação do PSD deve ser um partido de todas as gerações, somos muito melhores quando temos a capacidade de as agregar todas.".Mas, mesmo sendo líder de uma organização de juventude, entende que o seu papel para mobilizar este eleitorado não é o de falar e propor só temas que atravessam a vida dos jovens, como a educação, o desemprego, a habitação. O tema da corrupção, em que se tem empenhado, "é fundamental para a minha geração, até porque, embora não tenhamos contribuído para a degradação da imagem dos partidos e dos políticos, acabamos por ser prejudicados por isso", frisa..A "credibilização" da atividade política também é uma das peças-chave para cativar as camadas mais jovens, na opinião da vice-presidente da JSD, Sofia Matos. "Cabe-nos a nós fazer mais por essa credibilização", diz a jovem deputada social-democrata, que apoia Rui Rio nesta corrida à liderança. Sofia Matos sublinha que os primeiros passos estão dados com a nova geração de políticos que têm uma vida profissional e não vivem de e para a política. "É por isso que acho que esta atividade deve ser temporária", defende..O ex-eurodeputado Carlos Coelho, que tem organizado a Universidade de Verão do PSD, também entende que os maus exemplos levam muitas vezes os jovens a afastar-se da política. "Quando era pequeno vendiam-se heróis. Acabámos com isso, mas é preciso "vender" os bons exemplos, as boas práticas", nomeadamente as do poder autárquico..Redes sociais e contacto direto.Alexandre Poço, também vice-presidente da JSD, diz que é preciso sobretudo um contacto direto com os jovens nas escolas, nas universidades, nas empresas. Só assim, diz o também jovem deputado social-democrata, que está ao lado de Miguel Pinto Luz, se consegue captar mais pessoas para a participação cívica e política..Margarida Balseiro Lopes exemplifica. "Faço imensas sessões nas escolas", garante. Na semana passada tinha estado na Escola Secundária Filipa de Lencastre a falar sobre política para 200 jovens, e no Instituto Superior de Contabilidade de Matosinhos a fazer o mesmo. E as redes sociais? "Claro, são importantes para chegar às camadas mais jovens, mas depois temos de estar junto das pessoas", defende a líder da JSD..Carlos Coelho prefere analisar o modo como os jovens interagem nas redes para perceber por que motivo não aderem à participação política. "Estão nas redes, podem partilhar publicamente a sua opinião apenas ao carregar num botão. É uma interação fácil e dinâmica. Na política é o inverso, não incentivamos a participação das pessoas, nem que possam intervir nas decisões.".Lembra a sua experiência na Universidade de Verão, que reúne todos os anos dezenas de jovens para formação política, e que lhe permite dizer que o trabalho que mais é valorizado pelos alunos é o de grupo, em que definem estratégias. "Os jovens afastam-se porque não veem a atividade política como sendo deles. Hoje a malta está mais virada para o que pode fazer e não são espetadores passivos.".A deputada Sofia Matos entende que o problema do alheamento das novas gerações, em particular o distanciamento relativamente ao PSD, "só se resolve quando os jovens perceberem que o seu voto vale para alguma coisa". E insiste na ideia de que os políticos devem ter uma vida profissional, como ela, que é advogada, e passar pelos mesmos problemas da sua geração para que tenham sensibilidade para os tratar. "Estar dependente do sistema político, como aconteceu durante muito tempo, só alheia dos problemas reais..Tanto Sofia Matos como Alexandre Poço sentem que há abertura no grupo parlamentar do PSD, que foi muito renovado nesta legislatura, para dar voz e protagonismo aos jovens deputados. Mas Alexandre diz que é um trabalho mútuo. "Quem chega de novo tem de procurar espaço, ser proativo, procurar os temas por que se quer bater.".As comissões parlamentares, que no seu caso são três - Educação, Finanças e Cultura -, são espaços, afirma, de participação ativa dos deputados e onde podem marcar território. E há temas a que os mais jovens são sensíveis? O deputado elege três: a falta de residências universitárias; as alterações climáticas; e os novos desafios da economia digital..Nas últimas eleições legislativas, de 6 de outubro, o PSD teve um dos seus piores resultados, não conseguindo atingir os 28%. Ainda assim, analisados os dados eleitorais por estratos etários, os jovens eleitores, com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos, confiaram mais no partido liderado por Rui Rio do que nos outros, com 30% dos votos conseguidos, seguido do PS, com 25%, e do BE, com 13%.