Adeus café ao postigo, olá escolas fechadas. E o início da era Biden

A semana que terminou com o terceiro adiamento da estreia do novo James Bond e viu Joe Biden tornar-se presidente dos EUA começou com a CDU de Angela Merkel a escolher o novo líder: Armin Laschet.
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No dia em que os portugueses se confrontavam com imagens das filas de ambulâncias à porta das urgências dos hospitais - sinal de que estavam a chegar ao limite na luta contra a covid -, os alemães ficavam a saber que a CDU escolhera Armin Laschet como novo líder. Formado em Direito, ex-jornalista, o ministro-presidente do estado da Renânia do Norte-Vestefália é visto como um centrista pragmático, muito na linha da chanceler Angela Merkel. Mas nem por isso é o favorito a suceder-lhe nas eleições de 29 de setembro, com Markus Söder, o líder da CSU, a irmã bávara da CDU, a perfilar-se como candidato a chanceler.

Em tempos de pandemia, o voto antecipado tornou-se uma opção para muitos portugueses que quiseram evitar as filas no dia 24, data das eleições presidenciais. Mas foram filas que encontraram quando chegaram aos locais de voto estabelecidos em cada concelho. O distanciamento exigido pela covid-19 ajudava à sensação de multidões, calmamente à espera para exercerem os seu dever cívico. Foram perto de 198 mil os eleitores que votaram antecipadamente - 80% dos inscritos. Os restantes, tal como o resto dos eleitores, têm nova oportunidade amanhã.

Feito o balanço dos três primeiros dias do novo confinamento, o primeiro-ministro António Costa voltou às conferências de imprensa e a novas medidas para travar a pandemia. A primeira vítima das novas regras foi o café ao postigo: o governo proibiu as vendas ao postigo nas lojas do ramo não alimentar e de bebidas, incluindo café, nos estabelecimentos do ramo alimentar. A proibição de usar os bancos de jardins ou a de frequentar parques infantis foram outras das 11 novas medidas.

O boletim da DGS deste dia trouxe pela primeira vez a notícia de que Portugal ultrapassava os 200 mortos por covid-19 em 24 horas. 218. O número impressiona, mas seria batido nos dias seguintes: 219 na quarta, 221 na quinta, 234 na sexta. Mas até onde vamos chegar? Os modelos matemáticos não são animadores. De acordo com a modelação da doença feita pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, até meados de março vão morrer dez mil portugueses. Tantos (mais até) quantos até agora.

Eram 11h48 quando, com a mão sobre a Bíblia que está na sua família desde 1893, Joe Biden se tornou no 46.º presidente dos EUA. "A democracia prevaleceu", afirmou o chefe de Estado americano num discurso que coroou uma cerimónia única: diante de um Mall vazio de gente, rodeada de fortíssimas medidas de segurança e sem a presença do antecessor. Mas nem por isso com menos momentos marcantes: do hino cantado por uma poderosa Lady Gaga ao casaco púrpura (símbolo de união entre o azul democrata e o vermelho republicano) de Kamala Harris: a primeira mulher, primeira afro-americana e primeira asiática vice-presidente dos EUA.

Os sinais estavam todos aí. Apesar de três dias antes ter garantido que "não se justifica alterar a decisão sobre as escolas" - mas dizendo logo que tudo dependeria de a variante britânica do vírus se tornar dominante em Portugal -, António Costa voltou atrás e fechou as escolas durante 15 dias. Umas férias forçadas que serão "compensadas no calendário escolar". A exceção, claro, mantém-se para os filhos até 12 anos de profissionais de setores essenciais e os alunos que beneficiam da Ação Social Escolar, que continuarão com refeições nas escolas. A angústia, essa, é para todos - dos pais às empresas.

Era para se ter estreado nos cinemas em abril de 2020, mas foi adiado para novembro por causa da pandemia. No Time to Die, o último filme de 007 com Daniel Craig no papel de James Bond, acabou por não chegar às salas também nessa altura. E agora sofre o terceiro adiamento - para 8 de outubro. E não é o único, os estúdios de Hollywood continuam a empurrar as suas grandes apostas - da sequela de Ghostbusters a Cinderella com Camila Cabello - à espera de tempos mais propícios, quando os cinemas, agora fechados na maioria dos países, voltarem a abrir.

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